05 - Mudança de planos, Janson.

95 16 0
                                    

Em toda a sua vida, Thomas ouviu das pessoas que seu irmão iria ficar bem, mas ele nunca acreditou.

Então na noite seguinte, ele já havia armado uma enorme confusão no refeitório apenas para poder pegar o cartão de acesso de um dos guardas. Ele e Aris (o garoto que estava há mais tempo no abrigo misterioso e que também suspeitava de muita coisa) seguiram um caminho pelas tubulações e chegaram em um corredor, onde eles haviam visto dois corpos entrarem em uma ala restrita na noite anterior.

Thomas verificou os lados do corredor que faziam uma leve curva e quando viu que o caminho estava livre, passou o cartão furtado no leitor. A porta de metal se abriu e uma leve brisa bateu no rosto dele e de Aris. Os dois entraram cautelosamente na pequena sala repleta de jalecos e com outra porta adiante. Thomas se virou para direita e viu uma vitrine e do outro lado dela havia grandes incubadoras que pareciam conter filhotes de Verdugos submersos na água, mais ou menos oito delas.

Ele fitou aquilo por uns segundos, mas depois, voltou-se para a outra porta com Aris ao seu lado e Thomas não podia esperar algo tão perturbador: dezenas de corpos pendiam nas laterais do longo corredor, todos eles estavam imóveis e a fileira parecia não ter fim. Haviam tubos e máscaras presas a eles, todos suspensos. Quando Thomas se aproximou, percebeu que estavam sendo drenados, algo parecia ser separado do sangue dos corpos e isso pingava em um pequeno recipiente.

Não estavam mortos, pois Thomas podia ouvir a lenta e cansada respiração do corpo que se aproximara, mas também não estavam vivos. Ele olhou ao redor, desesperado, procurando por algum garoto igual seu irmão e torcia fortemente para que isso não acontecesse. Enquanto andava rapidamente e olhava da direita para a esquerda freneticamente, viu uma garota de cabelos negros.

—Teresa? —Ele falou, aproximando-se do corpo e tirando o cabelo da frente de seu rosto.

Por sorte, não era ela e sentiu-se culpada por achar sorte. Poderia ser uma garota desconhecida para ele, mas ainda era um humano sofrendo.

—É a Rachel. —Aris disse, aproximando-se de Thomas. —Levaram-na na primeira noite. E eu disse que ia dar tudo certo.

Um som abafado irrompeu dentro da enorme sala, fazendo os dois garotos olharem para porta. Depois de um clique, indicando o destravamento de algo, a porta se abriu revelando Janson e mais outro homem que examinava seu tablet com atenção.

—Ferrou! —Thomas sussurrou enquanto se escondia atrás de uma coluna grossa e Aris corria para os fundos.

—Não pode mesmo esperar? —Janson perguntou, parecendo impaciente.

—Ela foi bem clara. —O outro homem respondeu, sem encará-lo. —Ela queria falar com o senhor pessoalmente.

—Como se ela não tivesse mais o que fazer. —Janson resmungou enquanto caminhava até o final do corredor.

—É só ter um pouco mais de paciência, há muita interferência da tempestade.

—Chega, já tá bom! Estabeleça a conexão.

Thomas tirou a cabeça de trás da coluna para poder observá-los melhor. Uma grande tela estava sendo ligada na frente dos dois. Rapidamente, uma mulher apareceu, sentada atrás de uma grande mesa. Era Ava Paige. A qualidade média da conexão fazia com que fosse possível perceber que era um holograma, mas mesmo assim, parecia que estava bem ali na frente deles. Ela nem sequer olhou para Janson, parecia irritada e ansiosa e examinava o papel que segurava com cautela.

—Boa noite, Dra. Paige. —Janson cumprimentou calmamente, parecendo que nem estava zangado segundos atrás. A doutora lançou um olhar rápido para ele e voltou a atenção para o papel na sua mão. —É um enorme prazer revê-la, mas devo admitir que não esperava notícias suas tão cedo.

Thomas se agachou com os olhos vidrados no holograma. Ele tinha assistido ao suicídio dela, como poderia estar viva? Quando a palavra C. R. U. E. L. lhe ecoou pela mente, tudo fez sentido.

—Mudança de planos, Janson. —Ava respondeu, a voz levemente modificada pelo meio de comunicação. —Vou chegar um pouco antes do previsto, amanhã de manhã cedo. —Ela se levantou e parou na frente da mesa.

—Pois não, será um prazer recebê-la. Acho que vai ficar satisfeita com o progresso que fizemos. —Janson ergueu a mão para o homem que estava ao seu lado, ele deslizou o dedo pelo tablet e vários exames cerebrais apareceram na lateral da tela. —Como pode ver, os resultados iniciais têm sido bastante promissores. Seja lá o que tem feito com eles lá dentro, funciona.

Havia certa empolgação na voz de Janson, o que deixou Thomas com raiva. Ava arqueou a sobrancelha e balançou a cabeça levemente, mostrando certa decepção.

—Não é o bastante. —Ela respondeu depois de uma pausa. —Recebi a aprovação da diretoria. Quero todos os indivíduos sedados e preparados para a coleta quando eu chegar aí amanhã.

—Dra. Paige, agimos o mais rápido possível. Ainda estamos fazendo exames...

—Tente algo mais rápido. —Ela interrompeu, dando de ombros. —Até eu poder garantir a segurança deles, esse é o melhor plano.

—Segurança, Doutora, é o meu dever. —Thomas pôde perceber a tensão entre os dois naquela discussão. —Estamos trancados vinte e quatro horas aqui, eu lhe garanto que os recursos estão seguros.

—Você achou o Braço Direito? —Ava questionou com um sorriso sarcástico.

—Ainda não. —Janson respondeu com certa vergonha. —Rastreamos eles até as montanhas...

—Então ainda estão por aí. —Ela interrompeu novamente, fazendo um gesto que expressava a sua frustração. —E já atacaram duas instalações nossas. Eles querem as crianças tanto quanto nós e eu não posso me dar ao luxo de outra perda. Não agora, quando estou tão perto da cura. —A Doutora retornou para trás da sua mesa. —Se você não está apto para a tarefa, acho alguém que esteja.

—Não será necessário. —Janson falou rapidamente, antes que ela se sentasse. —Posso sugerir começarmos pelos recém-chegados?

—Como achar melhor, mas não quero que sintam dor alguma. —Ela sentou-se e pegou uma folha junto com uma caneta, sem encarar Janson.

—Com certeza, Doutora.

Janson deu as costas enquanto ela voltava a examinar as folhas na mesa. O homem que o acompanhava apertou alguns botões e o holograma sumiu.

—Por que não contou para ela sobre o garoto? —O homem perguntou.

—Porque ainda precisamos confirmar se ele é realmente a nossa esperança. —Janson respondeu. —E agora que tenho a permissão para sedar os amigos dele, ninguém vai mais nos impedir de conseguimos a cura.

Depois os dois percorreram o corredor e saíram da ala. Thomas começou a ficar ofegante e assustado. Do que será que eles estavam falando? Será que Janson estava se referindo à Peterson? Sem contar o fato de que Janson iria começar a fazer algo com eles. Ele precisava voltar naquele instante.

•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito.

The Hope - The Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora