Em meio às sombras do poderoso clube de striptease Vênus, Mia, uma jovem talentosa, ergue-se como a principal atração, hipnotizando todos com sua dança e presença. Mas tudo muda quando Billie O'Connell, filha do poderoso contrabandista Patrick, cruz...
* Gente esse capítulo contém gatilhos e pensamentos relacionados a suicídio. Se você é sensível, recomendo que não leia. :)
Boa leitura! 💋
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Mia.
Encarei o filme clássico de 1987, Dirty Dancing, que passava na TV. Apesar de estar deitada há quase três horas sem fazer nada, ainda me sentia fraca e extremamente cansada.
Eva estava comigo no quarto, parada ao lado da porta. Mas eu não queria falar com ninguém, não queria fazer nada; só queria ficar ali, assistindo TV e mergulhando em uma história que, sem dúvida, parecia ser muito melhor que a minha.
O dia estava frio e nublado, e a única visão que eu tinha pela janela era de uma paisagem cinza e escura.
Meu corpo se encontrava em transe. Na verdade, desde quando saí do hospital parece que não tenho vivido a realidade normal. Acho que devo estar presa em algum lugar distante dentro de mim gritando por socorro.
Desde nova meu sonho sempre foi ser mãe, ter filhos e construir uma família. E agora que tudo isso iria se tornar real, essa oportunidade foi literalmente arrancada de mim. E o que mais me dói é o fato de que eu não pude fazer nada para impedir isso.
Não consegui reagir, não consegui me defender e muito menos consegui abrir a boca para pedir socorro.
Fazem quatro dias que voltei do hospital, e desde então, não vivo mais. Tenho estado presa na cama todos os dias, e o pior de tudo é que é porque eu quero. De repente, perdi o gosto pela vida, pelas coisas, por tudo. Não sinto nada além de dor, uma dor imensa física e emocional que parece me rasgar ao meio.
E nem me pergunte por Billie, não sei onde ela anda. Sei que tenho estado insuportável nesses últimos dias, mas o mínimo que eu queria era a presença dela ao meu lado, me fazendo companhia e me consolando. Ela não para em casa, só fala de vingança e mais vingança. E, para ser sincera, eu não ligo. Eu não ligo para mais nada. Eu não consigo ligar para mais nada além dessa dor.
Sinto como se estivesse num buraco escuro. Me sinto desesperada e não consigo expressar isso, como se algo me consumisse brutalmente por dentro.
Eu não tenho forças... não consigo me levantar, tomar um banho, nem sequer escovar os dentes.
Isso nunca aconteceu comigo, sempre fui uma pessoa ativa, alegre e de bem com a vida. E agora, não tenho o mínimo de vontade de continuar viva todos os dias.
- A senhora quer alguma coisa para comer? Ainda não comeu nada... — Eva perguntou, tirando minha atenção da TV.
- Não, Eva. Obrigada, estou sem fome. — Falei simples. — Se não se incomoda, poderia sair e me deixar um pouco sozinha, por favor? — Pedi, e ela assentiu, saindo do quarto em seguida.
