22 - A tempestade

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𝐀𝐬 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐞𝐬𝐭𝐚𝐝𝐞𝐬 𝐧𝐨𝐬 𝐥𝐢𝐯𝐫𝐨𝐬 𝐬𝐚̃𝐨 𝐮𝐦 𝐦𝐚𝐮 𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬𝐚́𝐠𝐢𝐨.

𝐏𝐨𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐚́ 𝐛𝐨𝐦 𝐦𝐚𝐬 𝐞𝐬𝐭𝐚́ 𝐥𝐨𝐧𝐠𝐞 𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐦. 𝐄́ 𝐩𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐥𝐠𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐚́ 𝐞𝐫𝐫𝐚𝐝𝐨.

𝑬 𝒔𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝒕𝒆𝒎 𝒂𝒍𝒈𝒐 𝒓𝒖𝒊𝒎 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒕𝒆𝒔 𝒂 𝒂𝒓𝒓𝒖𝒊𝒏𝒂𝒓 𝒕𝒖𝒅𝒐.

- 𝑏𝑒𝑚 𝑣𝑖𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑜 𝑖𝑛𝑖́𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑜, 𝒂𝒏𝒋𝒊𝒏𝒉𝒐𝒔.

*parte Emma*

Quando o metrô chega a próxima estação eu e Kai vamos até uma cafeteria próxima, o centro já está quase vazio e a lua preenche cada vez mais o céu.

O tempo é nublado como se a qualquer momento a penumbra fosse desabar em uma tempestade.

Mostrando que algo tenebroso se aproxima.

Olho o tempo ameaçador pela janela do estabelecimento, enquanto Kai paga pelo café.

Eu não gosto dessa sensação.

Quero que seja só um palpite meu e não os resquícios do pânico que senti naquele metrô.

Sinto o aroma coado e amargo pelo ar, assim como páginas de livros novos sendo explorados nas mesas ao redor.

Observo o pacífico das outras pessoas, elas não parecem ligar se vai ou não chover, ou se o céu vai ou não cair sobre nós. São abençoadas pela ignorância de não ter uma vida condenada.

Eu estaria em uma cafeteria como essa pela manhã, esperando dar o horário de entrar no hospital e depois iria pra faculdade.

Enfermagem era o meu sonho.

Salvar pessoas era o meu sonho.

Quando foi que eu decidi me tornar isso o que sou agora?

A vingança cobrou um preço alto no fim das contas.

Quanto mais eu terei que perder pelas minhas escolhas?

Sou distraída da morbidade quando sinto algo quente tocar meus dedos.

Kai está apoiando o copo no meu anelar e está segurando seu próprio café em um outro recipiente plástico que está fumegante.

Aceito seja o que ele pediu pra mim e quando levo até perto do meu rosto vejo que se trata de chocolate quente, dou um gole singelo. Sentindo todo o meu interior aquecer.

Isso melhora tudo.

Acalma tudo.

Minha mãe fazia chocolate quente em dias de tempestade ou frio.

Sempre me acalmava e me aquecia.

E agora ele está repetindo isso comigo.

Revivendo essas lembranças gentis que eu havia enterrado dentro de mim a anos.

Eu já havia me esquecido de que já fui uma adolescente animada com seu primeiro encontro.

Me esqueci de que gostava de tomar chocolate quente em duas nublados.

Me perdi de tudo isso.

Mas para Kai parece diferente, ele não parece estar revivendo desejos antigos.

Obsessão perigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora