XXI. UM CONSELHO DE ASALOOM

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  Asaloom estava imóvel. Qualquer um que usasse a visão periférica teria me notado parada na entrada do chalé. Mas ele ignorava isso ou fingia.
 

  — Se perdeu? — Eu disse quebrando o silêncio e chamando a atenção dele.
 

  Asaloom desviou o olhar lentamente da copa das árvores, como se estivesse vendo algo importante lá no alto. E então me olhou com os seus olhos negros* finalmente.
 

  — Belo chalé! — Ele olhou para trás sem descruzar os braços — Não sabia que havia chalés bonitos por essa parte de Sundale.
 

  Eu segui o olhar dele em direção à minha casa.
 

  — A escola que alugou. Também gosto desse chalé. E Violet, está bem?
 

  Asaloom ainda analisava a fachada da minha casa.
 

  — Com o remédio ela fica bem sim. Sem o Valproato de sódio as crises de ausência se instalam.
 

  — Fico feliz por saber. Algum motivo para ter vindo parar em frente ao meu chalé?
 

  Talvez eu tenha sido direta demais, mas com toda certeza ele ter estacionado seu carro em frente a minha casa sem ser convidado soava muito pior.
 

  — Preciso fazer umas perguntas.
 

  — Perguntas sobre o quê?
 

  — Sobre você. Sobre quem é. De onde veio, coisas do tipo.
 

  Eu ri com certo nervoso.
 

  — E por que eu daria informações pessoais a um desconhecido?
 

  — Não sou um desconhecido. Sou Asaloom Youssef.
 

  Claro, um homem rico e pretensioso. Essas atitudes altivas deviam ser comuns a maioria das pessoas ricas, principalmente homens feitos Asaloom.
 

  — E eu sou Mahana Cooler — Disse de maneira irônica.
 

  Os seus braços estavam tencionados, cruzados um no outro. Eu conseguia notar o tecido de algodão se esticando por cima da musculatura tensa dos bíceps. Asaloom me fitou com um olhar familiar. Fumegante, como pupilas acesas. Era o mesmo olhar do sonho lúcido que eu tive.
 

  — Sundale não é lugar pra você, menina — Disse ele finalmente.
 

  — Está mesmo falando sério? Nós não nos conhecemos o suficiente para vir me falar coisas desse tipo. Eu sei exatamente que lugar é certo ou não para mim.
 

  — Eu estou dizendo que você não ficará bem aqui. Sundale também não será a mesma se você permanecer. Escute o meu conselho, será melhor.
 

  Outro riso de escárnio meu. Ou era isso, ou eu o mandaria para o quinto dos infernos*.
 

  — Olha, Asaloom Youssef — frisei o nome dele com ironia pelo que ele dissera no início da conversa ao destacar o próprio nome — eu me sinto muito lisonjeada, mas acredito que não sou lá muita coisa para mudar destino de cidade alguma, muito menos de Sundale. Eu não sou tão importante quanto você.
 

  Para sinalizar que queria terminar a conversa, eu puxei a bolsa que trazia no ombro e peguei o molho de chaves. Ia em direção a varandinha do chalé.
 

  Asaloom me acompanhou com os olhos. A sua tranquilidade pareceu dissipar-se por alguns segundos e ele me seguiu correndo os mini degraus até a varanda, logo atrás de mim.
 

AsaloomOnde histórias criam vida. Descubra agora