O sorriso de Asaloom era satisfatório, como se eu tivesse dito aquelas coisas o reconfortasse.
— Courtney é filha do policial Harry, Mahana. Ele nunca iria acreditar na minha versão. Na verdade, acredito que ele prefere encontrar a filha morta* apenas para ter razão, de que eu fui uma má* decisão de Courtney.
Plim, e esta frase elucidou muitas das minhas dúvidas. Como ninguém naquela cidade me contou essa fofoca antes? Isso, sim, seria uma informação relevante. Saber que Asaloom e policial Harry eram parentes foi mais interessante que especulações a respeito dos credos dos Youssef.
— Acho que agora entendi. Mas você pode alegar conflito de interesses nas investigações e pedir para o caso ser dado a outro chefe de polícia, não?
— Sim, eu também fiz isso. Mas quem você acha que tem mais influência no departamento de investigações do Estado? Eu ou o policial Harry?
Já terminava de picar as cebolas em cubinhos minúsculos quando respondi a contragosto o que era óbvio:
— Policial Harry,é claro.
— Ou seja, não importa se o caso for para Marte. Harry vai influenciar os investigadores a meu respeito. E negativamente.
A água do caldo borbulhava, eu precisaria ser mais ágil com o corte dos legumes.
— Ele nem mesmo parece se importar com o fato da neta estar mal* com tudo o que aconteceu. Courtney desaparece e tudo que Harry faz é me acusar de milhões de coisas. Até boatos de que usei a filha dele em rituais satânicos* acredito que ele tenha espalhado.
— Sério isso?
Separei cenouras, abobrinhas, pimentões amarelos e batatas. Comecei a picá-los.
— Não posso afirmar com todas as letras, mas já que especulam tanto ao meu respeito, eu me sinto no direito de especular algo sobre eles também.
— Justo.
— E não é?
Asaloom deu a volta na bancada e pegou os legumes que eu já havia cortado para colocá-los na água.
— Deixa que eu faço isso, se não pode se queimar, Mahana.
— Eu acho que consigo.
— Sem discussões, sim? Você discute por tudo, Mahana. Aceite uma gentileza. Eu sou o auxiliar técnico aqui.
— Hum... então vá em frente, auxiliar técnico — Frisei com ironia — Obrigada.
Em seguida, Asaloom continuou relatando os fatos, dividindo a sua atenção entre mim e a água fervente.
— Tudo entre mim e Courtney começou errado, para dizer a verdade. O pai dela nunca aceitou o nosso casamento.
— Não vá me dizer que policial Harry era contra o namoro de vocês por você ser Maçom?
Asaloom riu ao jogar um pedaço de cenoura na boca. Parecia uma estupidez o que eu perguntei.
— Pois é. Harry é católico fanático. Quando ele soube do nosso namoro veio falar comigo, pediu para que eu me afastasse de Courtney.
Era um motivo estúpido e real. Inacreditável.
— E acredito que você não tenha atendido o pedido. Que decidiu lutar por Courtney.
— Óbvio que lutei por nós dois. Eu amava Courtney. Faria qualquer coisa por ela naquela época.
A minha vontade nesse momento foi de perguntá-lo se ele sentia que a esposa também o amava, mas acredito que não tinha tanta intimidade* para esse tipo de questionamento. Deveria esperar que ele dissesse algo do tipo por conta própria. Mas se Courtney o amasse, por que razão teria fugido de Sundale?
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Asaloom
RomanceMahana, após uma dura separação de seu marido, é selecionadas para ser professora de Biologia já em um colégio na misteriosa cidade de Sundale, ao Sul do país. Logo que chega a cidade, ela escuta falar do poderoso Ásaloom Youssef, um descendente de...
