.•*:。✩✩。:*•.III. NOVOS PROBLEMAS..•*:。✩✩。:*•.

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Talvez eu estivesse com certo receio de ficar sozinha em uma cidade desconhecida. Apesar de solitária quando Robert e eu nos divorciamos, a casa já era familiar e ajudou muito a diminuir os meus medos.

Mas aquele chalé era um lugar novo e tudo me assustava.

As sombras na parede (minhas ou dos objetos) causavam desconforto. Espaços vazios em algum canto. Eu jurava que havia algo invisível me observando, o que me deixava atenta. Mas era apenas a minha imaginação, óbvio.

Havia dormido pouco na noite anterior, o sono ruim pode ser uma boa justificativa para atiçar a minha imaginação. Sem contar o cansaço da viagem e a hora avançada.

Era preciso tomar banho e me deitar o mais depressa.

Mesmo tendo verificado se todas as janelas estavam fechadas, ainda assim esperava ouvir algum corvo gorjear ao pé da janela do quarto. Cobri a cabeça com o edredom, porem vez e outra olhava para a janela esperando enxergar a silhueta de um pássaro negro*.

Mas não houve nada e finalmente peguei no sono.

~*~

O dia seguinte seria o primeiro dia de trabalho e isto foi uma injeção de ânimo. Acho que fazia dias que não acordava e não pensava em Robert. A nova rotina serviria para mudar o foco dos meus pensamentos. Eu ainda o estava superando.

Meu celular vibrou. Olhei por cima da tela e era mamãe.

— Oi, mãe.

— Oi, filha. Preparada para seu primeiro dia?

— Acho que sim. Mas devia ter revisto a minha aula.

— Qual o assunto?

— Mitose e meiose. Coisas de divisão celular.

Ela suspirou.

— Não acho que seja um tema que fará os adolescentes do ensino médio gostarem muito da nova professora de biologia.

Eu ri enchendo um copo com água. Como ainda não havia feito mercado, compraria algum café pelo caminho. Então apenas um copo com água seria o suficiente para despertar.

— Já estava no conteúdo programático. E não é um assunto tão chato quanto as pessoas pensam que é. Apenas é preciso didática. — Me defendia.

— Esqueça isso, Mahana. Pega a sua turma e os deixe vendo qualquer filme. Você será amada, filha!

— Aham! Amada e desempregada. Mas obrigada pelo conselho.

— Por nada, mocinha. De todo modo, te desejo sorte. Vai se sair muito bem.

— Obrigada. A noite eu te ligo para contar como foi, mãe.

— Eu vou esperar, então. Beijos.

— Beijos. Até mais.

Eu estava quase certa que a minha saia mídi bege não combinaria com o meu coturno preto, mas era o que tinha. Peguei meu casaco de crochê e ele ainda permanecia com cheiro de amaciante. Isso significava que era reutilizável mesmo sem lavar. Ótimo!

Como estava frio, vesti uma segunda pele por baixo e me mantive suficientemente aquecida. O GPS me guiou até a escola. Era muito perto de onde eu estava e me senti idiota* por ter usado um veículo quando facilmente daria para ter chegado andando. Eu faria isso no dia seguinte (e me exercitar faria bem).

Havia me esquecido do café. Que perfeito. Era torcer para haver uma garrafa com café na sala dos professores. E se tivesse mais sorte, talvez alguns biscoitos. O meu estômago roncava de fome.

AsaloomOnde histórias criam vida. Descubra agora