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— Andy já é meia noite, calma, respira, senão você surta. — Tyler segura os ombros da garota que não esconde o desespero em seus olhos.

— Eu preciso desse manuscrito, você não entende.

— Com seu currículo e sua inteligência você consegue emprego em qualquer lugar. Não se desgaste por causa de uma velha maluca e infeliz.

— Você não fale assim da Miranda, tá louco garoto? — A consternação é palpável na voz da garota.

— Estamos na rua até essa hora por causa de capricho dela. Você pode até perder o emprego e você ainda defende ela, qual é?

— É por isso que a gente não namora. Você é insuportável, me deixa. — Andreah caminha rápido em direção à rua do seu apartamento. Ela olha para trás na certeza de que ele está vindo atrás dela. — Você não vai dormir lá em casa.

— Eu sei, só estou te acompanhando, está tarde.

Andreah respira fundo e sorrir achando o gesto do rapaz gentil, ela diminui os passos para que andem lado a lado na calçada. Andreah resolve contar que esse comportamento da Miranda é por causa de uma ação muita errônea da parte dela. Claro que ela não conta o que realmente aconteceu, mas deixa claro que tem uma grande parcela de culpa.

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Era 8h da manhã e Andreah se encontrava aceitando o seu destino de deixar a Runway. Ela sequer teve tempo para pensar sobre as pesquisas da Miranda, mas sempre que vem vagamente na mente, ela sorrir. E então a luz no fim do túnel surge para ela que sorrir pegando o telefone para ligar para Christian Thompson.

Contrapartida, do outro lado há uma Miranda altamente exalando irritação. Ela passou a noite incomodada com o fato de ter tido sua privacidade invadida. Não que Andreah já não tivesse presenciado algumas situações pessoais da mulher, mas isso que ela viu, vai além de qualquer discussão com o marido que ela já presenciou.

Miranda se olha no espelho e sabe que está impecável do jeito que ela exige sempre ser. No fundo, mesmo não querendo admitir ela tem receio que a garota não consiga, ela não quer perder a Andreah. Sabe do potencial da jovem para crescer do lado dela na revista.

Ela chega pontualmente às 9h na Runway, um pouco mais tarde que seu habitual. Seu coração apertou quando ela viu a mesa vazia da jovem. Mas ela não pergunta por Andreah, ela sabe que foi uma tarefa praticamente impossível com a intenção de ela sair da Runway. Ela joga o casaco e bolsa em cima da mesa da Emily. Caminha para sua sala pensando na garota idiota que invadiu mais uma vez sua privacidade, Andreah estava virando craque em fazer isso.

Miranda se senta e para sua surpresa, em cima da mesa, de capa amarela o exemplar do Harry Potter está. Miranda arquear uma das sobrancelhas e morde o interior da boca para conter um sorriso de alivio.

— Ela já chegou? — Miranda escuta os passos afoitos da garota, mas ela finge não perceber. — O seu café, Miranda. — Andreah adentra a sala colocando o copo na mesa.

— O que minhas filhas vão fazer com isso? — Ela olha para o manuscrito. — Dividir? — Desdenha.

— Oh, não, esse aí é uma copia por segurança, mandei imprimir e encadernar em capa dura, para ficar com cara de livro e já estão com suas filhas na casa do pai.

Miranda não consegue disfarçar a surpresa. Não havia uma missão até hoje que a Andreah não tenha conseguido cumprir, mesmo aquelas por retaliação. É fascinante o desempenho e destreza da jovem.

— Feche a porta, precisamos conversar. — Miranda fala séria trocando de assunto.

Miranda encara profundamente a jovem, ela sabe que seu olhar penetrante acanha e deixa insegura a garota. E ela faz isso de propósito, Andreah não pode nesse momento saber que Miranda está em uma situação inferior a ela. Afinal, é um segredo o que Andreah viu.

Andreah olha para Emily como se tivesse pedindo socorro e fecha lentamente a porta. Emily demonstra surpresa, são poucas as vezes que Miranda manda fechar a porta.

Andreah se vira lentamente e a cara de amedrontada não passa despercebida por Miranda, é claro.

— Miranda eu sinto muito, eu achei fofo a maneira como você pesquisou o que era um quase algo, eu quis ver se era um padrão das suas pesquisas ter ponto de interrogação eu juro. — Ela dispara rápida e com medo na voz.

— Senta! — Miranda aponta para a cadeira a sua frente, fingindo tranquilidade.

Ela pega o café e toma o primeiro gole, ela assiste Andreah trêmula se sentar. Miranda acha engraçado o jeito nervoso que a jovem sempre fica quando acha que ela vai chamar sua atenção.

— Até que ponto eu posso confiar em você, Andreah? — A pergunta é séria e direta.

— É-é bem, até o ponto de ajudar em sequestrar a Jacqueline Follet levar para um galpão e pintar aquela mecha platinada dela para ver se ela para de tentar imitar você. — Andreah sorrir nervosa enquanto fala.

Miranda não conseguiu conter a risada sincera que a fala absurda da Andreah lhe causou. É tão fascinante para Andreah assistir Miranda sorrindo genuinamente.

— Eu não lhe devo satisfações. — Miranda passa a língua nos dentes superior voltando a ficar séria. Andreah sabe que é sinal de desconforto. — Mas você já me deu motivos suficientes para confiar em você, então eu não preciso falar que o que você leu não pode chegar a ouvidos de terceiros.

— Claro, Miranda, nem passou pela minha cabeça. — A jovem sorrir desajeitada para a chefe, mas seus olhos expressam confiança.

— Ótimo! — Miranda pigarreia.

— Você precisa apagar o seu histórico, Miranda, se der algum problema e precisar chamar o técnico? — A jovem alerta preocupada e mostrando que Miranda pode contar com ela.

— Como faz isso? — A editora demora a perguntar, mas pergunta mesmo sentindo seu colo começar a esquentar.

Andreah se levanta, dá a volta na mesa e se aproxima da editora. Ela pede licença e abre o laptop. O silêncio da espera para o aparelho ligar é ensurdecedor, mesmo que as duas estejam disfarçando, há o constrangimento de toda a situação. A energia pesada causada pelo nervosismo de ambas.

Andreah acessa o navegador, e quando o histórico aparece na tela, as duas sentem seus rostos queimarem. Andreah sem querer aperta na barra para descer mais e Miranda fecha os olhos balançando a cabeça em negação sentindo vontade de desaparecer.

— Vem aqui! — Andreah movimenta o mouse fingindo que não viu mais nada e guia até "limpar histórico de navegação" — clica em exclui todos. — A jovem pausa um pouco, puxa o ar e cria coragem para falar. — Quando você precisar fazer pesquisas mais pessoais, Miranda, você pode vir aqui em navegar como anônimo, assim você não deixa rastro do que andou estudando.

O que Miranda falaria? Ela sente sua boca seca, o desconforto está em seu rosto vermelho. Mas, ela paralisa ao sentir a mão da garota em cima da sua, Andreah aperta delicadamente como se quisesse passar conforto para a mulher, mesmo que ela mesma estivesse nervosa com essa situação.

— Dizem que dos 40 em diante é a idade em que a mulher se torna loba, Miranda, é natural querer experimentar coisas novas. Para a mulher, depois que a vida sexual começa, não tem idade para parar.

Nessa frase Andreah matou o resto de dignidade e postura que Miranda ainda tentava sustentar.

— Eu não irei me aventurar dessa maneira Andreah, foi uma ideia idiota do Stephen. — Miranda tentando se explicar?

— Essas coisas sempre partem dos homens. — A garota sorrir criando coragem para olhar para o rosto da mulher. Ela se surpreende por ela está com as bochechas vermelhas. — Nate também já me propôs. — Andreah sorrir balançando a cabeça em negação.

— E você aceitou? — A curiosidade da editora saiu pelos seus lábios sem ela conseguir filtrar.

— Estávamos bêbados, ele nunca mais tocou no assunto.


Cair em tentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora