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Andreah passa o dia trancado no quarto dela "amuada", ela tinha outros planos quando estava dentro do avião, e agora se ver recalculando a rota. O medo de se sentir fracassada por decidir voltar para casa dos pais por ter falhado profissionalmente ainda era menor que a dor de ter percebido que Miranda jamais validaria a relação delas. As lágrimas voltam a cair dos seus olhos inchados. Ela gostava tanto do que estava vivendo com Miranda.

— Você poderia vir ao escritório? — Anália convida querendo conversar com a jovem.

Andreah respira fundo, balança a cabeça em concordância enquanto sua mãe volta a fechar a porta e ir para o escritório. A garota limpa os olhos, ela sabe que sua mãe vai jogar na cara dela que jornalismo não era futuro para ninguém e que por isso não dava ajuda financeira e que queria que ela sentisse na pele como era difícil viver de sonho que o retorno financeiro era muito difícil. O enredo da Sra. Sachs era o mesmo desde quando a Andreah resolver largar direito para cursar jornalismo.

Como se arrastasse correntes, a jovem caminha para o escritório, ela abre a porta e a advogada está sentada no sofá no canto da parede. Andreah pega uma cadeira e arrasta para sentar de frente para mulher.

— Ela é uma pessoa difícil de lidar. — Anália comenta e dá um sutil sorriso tentando mostrar que não quer discutir e está compadecida.

Andreah franze o sobrolho semicerrando os olhos completamente confusa.

— Mas, ela está certa. — Anália suspira — Eu e seu pai com ânsia de termos substitutos do nosso laço sanguíneo não percebemos a filha corajosa que ajudamos a moldar. Ela está certa quando disse que é fácil ter sucesso debaixo do comodismo de quando se tem tudo pronto, só esperando por nós. Eu e seu pai, eu principalmente, gostaria de pedir desculpas por ter menosprezado suas escolhas, pela falta de apoio e encorajamento. As falas da Miranda nos fez pensar muito.

— Tudo bem, mãe, vocês só queriam o que era melhor para mim. — Andreah não consegue conter o choro. — No final vocês estavam certos. Eu fracassei.

— Mas não chegou ao final querida, você mal se formou, teve o primeiro e único emprego, não desista do seu sonho, você nunca quis advocacia. Não desista do seu sonho, volte para lá, lá é o seu lugar, jornalismo é o que você sempre desejou, mostre que você é uma Sachs e crie o seu legado, talvez meus netos saiam com o desejo de serem advogados. — A mulher brinca com os olhos em lágrimas. — A Cassidy disse que queria ser advogada. — A mulher sorrir.

— Eu e Miranda não existe mais. — Andreah é honesta com sua mãe. — O que ela quer me dar é pouco para o que meu coração precisa para ser feliz.

— É difícil para uma mulher como ela lidar com isso. De tempo ao tempo.

— Você e meu pai realmente não se incomodaram?

— O nosso problema com a Miranda era a maneira absurda que ela enviava e-mails de madrugada a trabalho, mas, agora a gente sabe que era só uma desculpa para saber onde você estava.

Andreah abaixa a cabeça desconfiada, ela balança a cabeça em negação, mas não conta que era realmente apenas trabalho abusivo fora do expediente. A Miranda já tem uma péssima imagem com todo mundo, ela não quer piorar nada.

— Mas, eu já decidi. Não quero me machucar em algo que ela não pretende dá passos a frente. — Andreah sorrir triste. — Eu sou muito nova para ela, segundo ela.

— Tudo bem, querida, mas, não desista do seu sonho, principalmente por causa de um desamor. — A mulher faz um afago na filha. — Tenho certeza que ela vai se arrepender.

Andreah senta no sofá e abraça sua mãe, ela sempre quis o apoio dela e agora está tendo. Ela que sempre recusava a entender porque a jovem não queria ser advogada, está ali insistindo para ela não voltar a estudar para ser como ela. É impressionante como às vezes basta um olhar de fora para fazer o outro enxergar o quanto intransigente se é.

Já Miranda na solidão do seu quarto, se abraça ao travesseiro pensando em Andreah. Se ela soubesse que indo para lá iria acarretar no termino delas, ela apenas teria mandado trazerem suas filhas. Ela recalcula o que poderia ter feito para evitar tudo. Ela não quer perder a Andreah, ela gosta da sua garota atrevida.

"Eu gostaria que você convidasse Andreah Sachs para ser a nova colunista da Runway, ela fez um trabalho ótimo, os críticos elogiaram com aproveitamento de 99%, é um jovem talento." Miranda fala ao telefone com o responsável pela equipe de redação. "Certo, Miranda, enviaremos o convite a ela." O homem responde positivamente.

(...)

— O que vocês sentem vendo mais um pai ir embora? — Um dos paparazzi consegue aproximar das gêmeas na grande do portão.

— Que eu saiba, nosso pai é o mesmo desde a concepção. — O olhar da Cassidy é debochado.

— Vocês gostavam do Stephen como pai? — Outro insiste. — Por que eles se separaram?

— Porque quando não está indo bem, é melhor separar do que viver de aparecias para manter curiosos sem vida como vocês longe. — Ela dá as costas e corre para dentro de casa.

Não passou muito tempo e Miranda ver na chamada da matéria as fotos da sua filha, a mulher sente seu coração disparar, a tensão em sua face faz seu corpo enrijecer. Ela ler a matéria e já com o coração mais calmo, ela sorrir mais aliviada. Entretanto, não deixa de ligar para a mansão para alertar os seguranças de não deixar as garotas saírem do lado de fora da casa, ou voltar a falar com imprensa.

Ao final do expediente Miranda retorna para sua casa, ela tira os sapatos e descalça procura suas filhas que estão na sala de leitura. Miranda faz gesto para a preceptora se retirar, ela beija cada uma de suas filhas na testa e senta perto delas.

— Posso saber quem instruiu vocês a falar daquela maneira com os abutres? — Miranda sorrir relembrando o quanto achou interessante a fala filha.

— O tio Richard, ele disse que os paparazzi sempre iam tentar dá um jeito de nos perturbar e se a gente corresse, aí que eles iam correr mais ainda, então era mais fácil falar algo.

Miranda olha para o teto e balança a cabeça em negação. Ela suspira percebendo o quão bem os pais da Andreah fizeram para as meninas. Ali ela percebe como crescida suas filhas estão, e que talvez por também por já ter passado pelo inferno, não esqueceram o caminho da saída.

Ela se levanta, toca a cabeça das duas e informa que vai para seu quarto tomar banho. Dentro do seu quarto, ao invés de tirar suas roupas e ir para o banheiro, ela se senta e pensa em tudo que a mídia fala sobre ela. É notório para ela que agora, o que ela ler, volta a doer como doía antes, é perceptivo para ela que não estava doendo desde quando tudo começou, porque ela tinha Andreah para não deixar ela se afundar nas leituras e nas falas deles sobre ela, tinha Andreah que lhe faz ver o lado leve da vida, tinha Andreah para deixa-la se sentindo viva, e agora não tem mais e agora tudo que a mídia diz parece verdade. Ela chora no banho se perguntando como tudo ficou tão intenso.

Cair em tentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora