13- 🍎

2K 283 59
                                    

— Boa noite, Miranda! — Andreah fala parada na porta da mansão.

— Entre, Andreah! — Miranda ordena depois de limpar a garganta.

O olhar da jovem é de preocupado, Miranda falou o nome verdadeiro da garota. Andreah olha por cima do ombro da editora em busca do Stephen e não o ver... "Bem, talvez ele esteja preparando as bebidas." Pensa a jovem adentrando a casa.

Andreah tira seu casaco e Miranda olha para o corpo da garota que dessa vez veste uma saia lápis em couro preto e um corselet marrom e nos pés, scarpin. Miranda dá meio sorriso em aprovação e elas estariam vestidas iguais se Andreah optasse por uma blusa social branca. Elas caminham para a sala de estar. O silêncio parece ensurdecedor. Elas estão constrangidas.

— Stephen vai se atrasar alguns minutos. — Miranda puxa o ar com força esfregando a palma das mãos na saia. Como se estivesse alinhando ela.

— Aconteceu alguma coisa? — Andreah questiona desconfortável.

— Não, ele estava em Boston desde segunda. — Miranda aponta o sofá para Andreah se sentar.

Andreah senta com a coluna perfeitamente ereta e os pés juntos com as pernas pendidas para o lado. Miranda observa atentamente o jeito da garota. Sabe que ela está nervosa. Mas, Miranda também está nervosa e sem saber como agir.

Miranda sai um pouco das vista da garota e alguns minutos volta com dois copos de bebida. Andreah não ousa dizer não. Álcool era tudo o que ela precisava para tentar não se sentir tão nervosa. Miranda se senta ao lado dela e as duas começam a beber em silêncio. Um grande e desconfortável silêncio por um longo período de tempo.

— Aquela matéria da mulher na primeira corte estava muito boa. — Andreah fala tentando puxar assunto.

Miranda até tinha estranhado o silêncio da jovem, já que mesmo sabendo que ela aprecia o silêncio a jovem sempre acabava tagarelando pelos cotovelos.

— Acredito que Jocelyn poderia ter feito melhor. — Miranda dá o último gole da sua bebida.

— Por anos ela foi à única mulher a fazer parte da primeira corte, concordo que poderiam ter aprofundado mais. Talvez ir um pouco pela linha do que limita tanto a mulher a chegar até lá, se são bloqueios partido do machismo, afinal, por décadas isso era só para homens, ou se há intrínseco na dificuldade de algumas mulheres se reconhecerem capazes de ocupar certos espaços profissionais. — Andreah também toma sua última dose sentindo-se desconfiada. Ela não se sente tão segura quando o assunto é matérias jornalísticas, ainda mais falando disso para a Miranda.

Contrapartida Miranda havia ouvido com atenção as falas da garota e gostou muito do que ouviu. Ela sabe que Andreah é boa o bastante, só precisa ter mais segurança ao falar e buscar alavancar sua carreira.

— Escreva algo sobre bloqueio profissional nas mulheres, se eu aprovar, será publicado. — Miranda fala realmente interessada.

— Sério? — Os olhos surpresos da jovem faz Miranda dá um sutil sorriso. — Eu poderia abordar também sobre as mulheres que já ocupam alguns espaços profissionais e ainda assim tem muita descrença de que pertence a eles. — Ela fala entusiasmada. — Eu tenho muitas ideias. — A jovem balança a cabeça em negação achando que falou demais.

— E qual é o seu pensamento sobre algumas mulheres se sentirem assim mesmo estando em uma posição profissional boa? — Miranda se vira de lado para observar com mais conforto a garota que também se vira para ficarem cara a cara aparentemente mais confortáveis.

— Eu acho que o machismo estrutural é o grande algoz. As mulheres são educadas acreditando que para ser feliz, tem que ter uma família, filhos, marido, e talvez cachorros ou gatos, e que tem que está disposta para a família sempre. Isso desde cedo é enraizado, primeiro a família, depois o profissional se quiser.

— Um momento. — Miranda faz a garota parar de falar.

Miranda se levanta e caminha em direção que foi a primeira vez e logo volta com a garrafa de bebida. Ela serve a garota que agradece com um sorriso. Ela se serve, coloca a garrafa no chão perto delas e se senta novamente na mesma posição.

— Continue! — Miranda ordena.

— A mulher é influenciada a ser do lar desde sempre, quando ela entra na adolescência ela automaticamente tem que se portar como mulher. Ela não pode mais brincar, diferente dos homens que são livres para explorar a nova fase e voltar a brincar com videogame, bola, e tudo que sempre esteve disponível desde criança, já a mulher é condicionada a ser madura, a parar de brincar, a sempre ceder para o bem da família e sociedade, e para obedecer. Quando ela chega à posição profissional de um espaço que era para homens, há aquele conflito, aquela cobrança da sociedade e delas mesmas. Os homens não são cobrados sobre os filhos, as mulheres são, os homens não precisam se policiar para não falar nenhuma bobagem e mesmo que falem, segue levado a sério, a mulher se falar, já vem o comentário de "deveria tá em casa cuidado da família e não aqui". Há muito motivos que nos leva a pensar que olhar para o profissional primeiro, seja errado. — Andreah sorrir amarelo achando que falou bobagem. Ela está nervosa.

Miranda toma lentamente um longo gole da sua bebida e balança a cabeça em concordância.

O silêncio voltou a se instalar no local e Andreah se sente arrependida de ter dado sua opinião sem fundo de artigo científico. Miranda é uma profissional que sabe o que é bom e Andreah se sente despreparada para dá uma opinião de um assunto que Miranda quer uma matéria.

— Por que você disse sim? — Miranda quebra o longo silêncio pegando Andreah de surpresa. A garota deglute.

— Meu emprego estará em risco se eu for sincera? — Andreah dá um sorriso amarelo. Miranda sorrir balançando a cabeça negativamente. — Bem, não é todo dia que a gente tem a chance que ficar com alguém como você. — Andreah morde o lábio inferior e as bochechas ficam vermelhas.

Miranda arruma sua postura sentindo seu pescoço esquentar.

— Ninguém imaginaria que Miranda Priestly, editora da Runway, maior revista do país, buscaria essas coisas. — Miranda revira os olhos.

— Mas, eu não estou falando da editora. — A garota sorrir tímida. — Estou falando sobre você, suas curvas, seu rosto, seu olhar, seu trejeitos. — A confissão da garota sai como um sussurro.

— Então você só aceitou para ficar comigo, quer dizer, você já tinha interesse em mim? — Miranda a olha surpresa.

— A primeira vez sim. — Andreah esvazia o copo.

O silêncio volta a reinar no local.

Cair em tentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora