Capítulo 6

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"Quando o amor chega,
o melhor de nós
vem à superfície"
Platão.

Os pássaros estavam cantando, o som do vento levemente movendo as folhas das árvores e a minha animação apenas aumentava. Hoje eu finalmente iria trabalhar com o Félix e eu me arrumei o máximo possível, passei o meu melhor perfume e fui cedo para a empresa — o que normalmente eu não faço.

Quando cheguei na empresa, meu pai ficou bastante surpreso. Se eu fosse ele, eu também estaria.

No caminho para a empresa eu comprei milkshake para mim e para o Félix. E por estar ansioso demais eu tomei o meu em dois minutos.
Eu não deveria estar tão animado assim, mas acho que é inevitável.

Depois de pedir a opinião do meu pai sobre como agir com o Félix e sobre como o Félix possivelmente me enxergava, eu tomei uma decisão. Se ele me enxerga como um rival, eu vou agir como um rival até que que alguma coisa mude, isto é, se ele não me matar primeiro.

—Não precisa ficar nervoso Erick, ele deve chegar em alguns minutos— não ironicamente, o Félix passou pela porta da empresa logo depois do meu pai dizer isso —Viu? E eu sugiro que você tenha cautela

—Eu entendi pai— abracei o meu pai e caminhei até o Félix —Bom dia Félix

—Olha, eu não estou em um dia bom— o rosto do Félix parecia estar bem pálido —Vamos apenas terminar logo com isso

—Tudo bem, mas eu comprei isso aqui pra você!

Balancei o copo que eu estava segurando.
Félix encarou o copo com as sobrancelhas franzidas e ao que me parece, ele murmurou alguma coisa bem baixinho.

—Pode ficar com isso, eu não gosto de coisas doces— Félix sutilmente empurrou minha mão para longe.

—Mas por que?— eu mantinha um sorriso de canto enquanto observava Félix ranger os dentes de raiva.

—Se você não quiser que eu pegue esse copo e enfie ele em algum buraco do seu corpo, é melhor você fazer ele desaparecer...

—Você não faria isso

Félix se aproximou e tentou tomar o copo da minha mão, mas por sorte eu fui mais rápido.

O caminho até a minha casa foi silencioso. Até um certo momento. Eu coloquei uma música para tocar e pela reação que o Félix teve de cobrir as orelhas, ele não gostou. E por essa razão desliguei a música e o silêncio se tornou presente de novo.
O silêncio não era incômodo, mas para uma pessoa como eu que vive falando o dia inteiro, era estranho e diferente. Resolvi ficar calado, foi difícil manter minha boca fechada durante o caminho até a minha casa. Eu estava parecendo uma criança querendo conversar com os próprios pais sobre alguma coisa certamente estúpida.

Por ficar preocupado que Félix não conseguisse se entrosar com as pessoas que trabalham na minha casa, eu pedi para que todos ficassem em casa mas que eu pagaria eles como se estivessem trabalhando normalmente.

—Posso saber por que estamos na sua casa?— Félix perguntou mantendo a visão dele focada na câmera.

—Porque vamos trabalhar aqui hoje— dei um sorriso amarelo.

—Que ótimo...

Como pode uma pessoa ser tão rígida consigo mesma e com os outros?
Eu duvido que ele tenha amigos agindo desse jeito. Ou talvez tenha.

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