Capítulo 12

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"Eu aposto um beijo
Que você vai gostar do
gosto do meu beijo"
Nosso Primeiro Beijo, Gloria Groove

Hoje a noite estava linda e eu como sempre atrasado. Optei por usar uma roupa mais simples.
Eu estava usando uma camisa de manga curta azul bebê, uma calça social levemente mais escura que a camisa e botas masculinas de cor marrom - meu cabelo estava uma bagunça. Joguei meu cabelo de um lado para o outro até que, em um determinado momento, ele ficou decente.
Saí correndo do meu quarto para pegar o telefone. Eu já estava atrasado por dezesseis minutos.

O céu estava divino. Eu sempre quis que meu primeiro encontro e primeiro beijo acontecessem em uma noite como essa.
Meu nariz sensível conseguiu sentir o cheiro de álcool de longe, já sei que vai ter algumas bebidas que eu não vou poder nem chegar perto. Eu não sou uma pessoa com uma boa relação com bebidas.
Meu pai logo me ofereceu um suco de laranja que ele tinha pegado para mim, tanto eu quanto ele não poderíamos beber porque precisamos dirigir até chegarmos em casa - não confio de deixar meu carro com o meu pai. Da última vez ele pegou o meu carro e não me devolveu.
No fundo um pagode suave deixava o clima mais fresco, leve e animado. Fui até o bar e peguei um suco de limão gelado, Félix estava bem perto então pensei em levar alguma coisa para ele beber.

Parei atrás dele vendo as fotos que ele estava tirando, e era de se esperar que os resultados fossem ser perfeitos. Igual ele.
Fiquei mordendo o canudo do meu copo com um sorriso, queria muito que ele deixasse de me ver apenas como um garoto mimado - eu posso mimar ele e deixá-lo mimado também. Mas não acho que isso seja possível.
Tinham diversas fotos de todos os funcionários e participantes da festa. A única pessoa que ele não tinha fotografado era eu, me pergunto se ele vai tirar ao menos uma foto dele.

-Trabalhando bastante, descansa um pouco- Félix me olhou e voltou a trabalhar -Sei que você não gosta de mim, mas descansa um pouquinho! Eu trouxe suco pra você- estendi o copo para ele.

-Eu estou trabalhando e... você está me atrapalhando...- ele falava devagar e com a respiração pesada.

-Mesmo que você esteja trabalhando, é uma festa. Descansa um pouco.

Observei a maneira como a respiração do Félix estava pesada e irregular. Em certos momentos ele puxava muito ar e em outros ele nem fazia isso, sussurrei no ouvido dele se ele estava bem e ele apenas assentiu com a cabeça.
Era um comportamento muito estranho, vindo dele é claro. O rosto pálido e suado dele me deixaram em alerta e com medo - ele parecia estar assustado. E eu também fiquei.
Vários minutos se passaram e eu perdi o Félix de vista. Segundo as vozes da minha cabeça, ele está em algum lugar que ele possa estar sozinho e o único lugar que tem na empresa que é desse jeito, é o terraço.

Enquanto subia as escadas eu bati o meu joelho em um dos degraus, senti minha alma gritar e meu corpo chorar, meu joelho ficaria inchado depois disso.
O terraço também estava decorado mas não me lembro de momento algum de decorar esse lugar. Próximo a uma parede mal iluminada uma pessoa encolhida segurava uma câmera, me aproximei o mais devagar possível e me sentei ao lado da pessoa.

Esperei que a pessoa percebesse a minha presença para que eu começasse a falar, a pessoa tinha uma respiração pesada e ofegante. Por um momento fiquei preocupado que alguma coisa pudesse acontecer, eu não sei muito bem como ajudar pessoas nesse tipo de situação.
De maneira repentina a pessoa levantou a cabeça e me encarou. O foco do olhar dele oscilava entre muitas coisas incluindo eu, mas o olhar tinha um sentimento de aflição.
Segurei o rosto dele com a minha mão para fazer ele olhar apenas para mim e acariciei a bochecha dele.

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