Capítulo 8

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"Eu posso tentar te esquecer
Mas você sempre será
a onda que me arrasta, que
me leva pro teu mar"
Você Sempre Será, Marjorie Estiano

Uma chuva pesada estava caindo do lado de fora. A janelas do meu quarto estavam foscas e não dava para ver nada. Desci as escadas e fui até a cozinha, eu não estava com fome — mas precisava manter alguma coisa no estômago. Peguei uma maçã, as chaves do meu carro e fui para a empresa. Meu pai me disse que alguém importante estava querendo me ver, não faço ideia de quem seja.

Assim que entrei no escritório do meu pai, uma mulher estava de costas para mim. O cabelo ondulado e castanho claro já me diziam tudo o que eu precisava saber, era a minha mãe. Já fazem anos que não vejo ela. Honestamente eu estava querendo que continuasse exatamente daquele jeito.
Logo que minha mãe me viu ela se aproximou para um abraço, me afastei e ofereci um aperto de mão no lugar. Eu não podia abraçar ela, não depois do que ela fez com o meu pai.
Ela reclamou com o meu pai sobre eu recusar o abraço dela e, as únicas palavras que saíram da boca dele foram "ele já é um adulto, ele sabe o que ele quer e o que ele não quer". Obviamente minha mãe ficou ofendida.

Vai fazer dez anos que meus pais são divorciados. Eles se divorciaram no dia do meu aniversário e eu nunca consegui esquecer isso. No meu aniversário de vinte anos meu pai e minha mãe explicaram o motivo que levou eles ao divórcio — pela maneira com que eles agiam um com o outro, eles estavam fadados a isso.
Eles se divorciaram porque minha mãe estava traindo o meu pai e pegando o dinheiro dele para o amante dela. E quem pediu o divórcio foi a minha mãe com a desculpa de que meu pai era insuficiente para ela.

—O que você quer aqui mãe?— perguntei, me sentando no sofá do escritório.

—Por que a grosseria repentina? Eu sabia que deixar você com o John foi um erro— me levantei bruscamente e a encarei com uma certa hostilidade.

—Você não tem o direito de falar do meu pai assim!

—Pode ficar tranquilo Erick- meu pai segurava minha mão direita, a acariciando —Nada do que ela fala me afeta, não mais...

Nós três ficamos encarando um ao outro em silêncio até minha mãe começar a ser histérica, ela sempre fazia isso — acho que agora sei porque sou mimado desse jeito. Meu pai implorou por várias horas que ela se acalmasse e dissesse o que ela queria, porém minha mãe desferiu um tapa no rosto dele. Ficou a marca da mão e dos anéis dela no rosto dele certinho.

Por força do hábito eu chamei os seguranças, mas pedi que eles apenas observassem as coisas. Não queria deixar meu pai correndo risco e eu não vou discutir com a minha mãe — acredite, é impossível ganhar dela em uma discussão.
Depois de muita insistência da parte do meu pai, minha mãe finalmente confessou o que ela queria e porque ela queria. Em poucas palavras, mídia.

—Já está na hora de você arranjar uma namorada, não acha?— perguntou ela.

—Se eu quisesse namorar agora, eu já teria alguém. Não acha?— fechei meus olhos e respirei fundo. Seria uma longa discussão.

—Eu sei disso! Não obriguei você a se tornar um modelo atoa...

—Se você vai ficar aqui tentando forçar o nosso filho a arrumar alguém, eu vou ter que pedir encarecidamente que você se retire daqui— minha mãe chutou a mesinha de centro que tinha uma foto em que estavam o meu pai, a minha irmã e eu —Marina, por favor, comece a agir igual uma adulta! Você parece uma adolescente fazendo birra!

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