Polaroid

Capítulo 16

"Eu penso sobre
todo o tempo perdido
que passei
Eu quero ser
Desobediente"
Desobediente, Steven Universe

No dia anterior, eu passei várias horas procurando a data do aniversário do Félix.
Foi um trabalho difícil porque minha curiosidade me impedia de olhar e a preguiça me impedia de continuar.

Meu pai avisou com dois minutos de antecedência que a minha mãe estaria visitando a empresa novamente, gritei ao escutar aquelas palavras. Da última vez que ela visitou a empresa, ela irritou tanto meu pai quanto eu.
Esperei por vários minutos até que Felix chegasse, ele parecia muito mais "energético". Pedi a ele que saíssemos rápido da empresa, mas minha mãe apareceu e empurrou o Félix para o lado.

Félix fitou a minha mãe de cima a baixo e ficou calado, ele se manteve quieto porque minha mãe disse a palavra "filho". Apresentei o Félix para minha mãe e nenhum dos dois se cumprimentaram - os dois pareciam querer se matar na verdade.
Tentei quebrar o clima horrível que estava, mas nenhum dos dois queria acompanhar a energia que eu estava tentando passar.
O olhar raivoso e hostil que os dois tinham me deixavam preocupado.

-Então essa coisinha se chama Félix?- minha mãe olhava para as unhas dela e depois para o Félix.

-Mãe, a senhora pode se comportar ao menos uma vez?- perguntei.

Antes de responder, minha mãe gargalhou e com um sorriso malicioso disse:

-Eu estou me comportando. Não posso dizer o mesmo dessa coisinha...

-Pelo menos eu não traí o meu marido- Félix disse isso em alto e bom som. Tenho certeza que todos que estavam próximos escutaram.

-O que você disse?- o rosto da minha mãe estava pálido.

-Além de velha, traidora e controladora, agora ela é surda- Félix resmungou para si.

Antes que minha mãe pudesse fazer alguma coisa com o Félix, meu pai interveio a situação. Ele, em baixo tom, disse que eu deveria conversar com Félix pessoalmente.
Félix entrou no carro depois de mim e parecia estar muito calmo para alguém que tinha acabado de ser ofendido.

Não deixei nenhuma palavra sair da minha boca, tenho certeza que ele ainda estava irritado e eu não queria ser o próximo.
Como eu estava dirigindo e eu queria conversar com o Félix sem ser interrompido, eu pensei em levá-lo até uma padaria.
Desliguei o carro e entrei na padaria seguido por Félix, nos sentamos em uma mesa isolada e pequena.
Procurei e analisei todas as possibilidades de começar uma conversa com ele, porém a garçonete do lugar se aproximou para anotar os nossos pedidos. Félix pediu apenas um café, eu insisti que ele pedisse mais alguma coisa mas não funcionou, então pedi por ele.

Assim que a garçonete foi embora, eu percebi um semblante tristonho no Félix, tentei fazer uma piada para ele. Mas ele me chamou de idiota.

-Aquela mulher era a sua mãe?- Félix perguntou-me com a voz desanimada.

-Sim. Eu sei que...

Félix ergueu o seu dedo indicador, logo pensei que ele queria que eu ficasse calado e assim fiquei.

-Sua mãe é um porre- Félix mordia o lábio inferior enquanto passava a mão na área das sardas dele.

-Ao menos concordamos em alguma coisa- gargalhei.

Logo nossos pedidos chegaram, a primeira coisa que fiz foi enfiar um pão de queijo na minha boca, Félix aos poucos bebia o café dele - não pense que eu estava olhando os lábios dele.
Percebi que Félix estava me observando indiretamente, senti minhas bochechas queimarem e meus pensamentos desaparecerem. Félix repentinamente largou o telefone e começou a murmurar algumas palavras.
Quando perguntei o que aconteceu, ele apenas me mostrou uma notícia que tinha uma imagem de nós dois juntos e a seguinte manchete "Parece que alguém, finalmente, conseguiu capturar o coração do nosso principezinho" - não que isso seja mentira.