Capítulo 13

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"Alguém por favor
venha e me salve"
Help Me, OR3O

Avisei a Erick que não poderia trabalhar com ele hoje, eu estava surtando por dentro, deixar ele me ver nesse estado deplorável iria destruir minha pose de pessoa "marrenta".
Olhei para as tatuagens no meu braço, todas elas seguiam um padrão. Preto e branco. Eu não gostava de tatuagens coloridas.
O estúdio de tatuagem abriu mais cedo hoje e eu queria muito fugir dos meus pensamentos. Assim que entrei no estúdio todos os outros tatuadores olharam para mim com uma expressão curiosa.

Fui direto para uma sala que eu costumava usar para poder criar as minhas referências de tatuagem, sempre que eu desenhava alguma coisa eu acabava tatuando ela.
O tempo passou bem rápido e eu desenhei muito pouco, larguei o meu sketchbook e me deitei no sofá desconfortável que estava sentado. Fiquei balançando as pernas e cantarolando uma música aleatória.

Uma batida à porta me fez levantar do sofá, era o meu chefe do estúdio de tatuagem. Giovvani. O cabelo curto e loiro desbotado acompanhavam os olhos de cores diferentes, um olho castanho e outro parcialmente azul. Giovvani tinha uma expressão cansada e preocupada, na mão ele carregava um buquê de flores variadas — eu conseguia sentir todos os aromas delas.
Apontei para o buquê e Giovvani o estendeu para mim, olhei o buquê confuso. Pensei que conseguiria flores de alguém quando estivesse morto.

—Alguém te mandou flores— Giovvani tentou esconder um sorriso malicioso e logo depois continuou a falar —E um bilhete. Eu diria que a pessoa que escreveu isso tem sentimentos nutridos por você há bastante tempo! Chega a ser... poético o que está escrito nesse bilhete— confessou.

—Eu não sou muito fã de flores— o cheiro me incomodava e deixava meu nariz vermelho.

—Por quê?

Apontei para o meu nariz que, provavelmente já estava vermelho. Giovvani ficou parado na porta de olhos fechados, eu caminhei até o meu sketchbook e deixei as flores ao lado dele — aquela bomba mortal cheirosa.
Olhei meu telefone por impulso e uma mensagem de um número desconhecido era a única coisa na tela, olhei o que era e bloqueei o número. Encarei o chão, pois sabia que eu estava prestes a começar a chorar e eu me sentia ridículo fazendo isso.
Não cheguei a perceber quando Giovvani se sentou ao meu lado, mas quando percebi ele já estava me abraçando.
Desfiz o abraço e avisei que estava bem. Claramente Giovvani não acreditou e continuou sentado do meu lado.

Posso dizer que hoje foi a primeira vez em meses desde que conversei decentemente com o Giovanni. Decidi ir embora para não atrapalhar, mas Giovvani implorou para que eu ficasse, mas disse que eu não iria trabalhar.
Passei a tarde inteira sentado no escritório dele escutando música, organizei alguns papéis dele. Enquanto organizava alguns papéis do Giovvani, eu encontrei algumas referências antigas de tatuagens minhas, meu traço mudou bastante.
Folheei os papéis e encontrei uma referência que nunca tatuei em mim mesmo. Era um coração com um curativo.

Amassei o papel e o joguei na lixeira.
Fui para casa sem ninguém perceber, queria passar um tempo sozinho — eu sempre passava a maior parte do meu tempo sozinho.
Tomei um banho e passei correndo para a cozinha para poder comer alguma coisa, eu precisava fazer compras e urgente.
Optei por comer um sanduíche pequeno, Edward me mataria se eu dormisse de barriga vazia.
Quando terminei de comer me lembrei do bilhete que estava junto com o buquê, peguei o papel em mãos e comecei a ler.

"Nem o Sol é capaz de superar

o brilho que os seus olhos têm"

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