"Eu quero ser aquele
que está com você"
Just The Two Of Us, Grover Washington Jr
Hoje acordei com uma ligação do meu pai pedindo para que eu o ajudasse a decorar a empresa. Eu acabei caindo da cama ao tentar sair rapidamente dela. Troquei de roupa o mais rápido que pude e fui correndo até a empresa — devo ter deixado meus pulmões em algum lugar.
Me sentei no chão da entrada tentando recuperar o meu fôlego. A empresa estava cheia de caixas com decorações coloridas e escadas espalhadas para todo lugar, a empresa estava uma bagunça.Prontamente comecei a ajudar nas decorações que ficavam em lugares mais altos, minha altura me ajudou bastante nisso — uma das poucas vantagens dela.
Meu pai tinha colocado uma música para tocar (a música no começo do capítulo), alguns dos funcionários estavam dançando entre si, de longe eu pude ver uma pessoa de cabelo alaranjado se escondendo no canto. Me aproximei por trás dessa pessoa e a abracei — péssima ideia. Como resposta ganhei um tapa. Ardido e dolorido. Minha pele sensível ficaria com a marca dessa mão por um tempinho.
Logo eu estava com um sorriso novamente e provocando o Félix, admito que era engraçado ver as reações dele. Mas quando ele revidava a brincadeira ficava mais interessante.Por um momento todos começaram a cantar e dançar por causa da música, eu fiquei admirando e Félix ficou olhando para a parede. Para ele deve ser estranho trabalhar no mesmo ambiente que pessoas tão diferentes da personalidade dele. Andei até ficar de frente com ele, estendi minha mão e sorri.
—O que foi porra?— ele mordia o lábio com força e estava de braços cruzados.
—Você quer dançar?— o não foi imediato —E por que não? Eu danço de maneira decente! E na medida do possível— continuei com a mão estendida.
—Não.
—E por que não?
—Porque eu não quero dançar com VOCÊ.
—Mas é só uma dança. Deixa de ser chato!
Por mais que eu continuasse insistindo, Félix sempre respondia que não. Então eu desisti, ou melhor, pensei em outra maneira de fazer ele dançar comigo.
Olhei ao redor e todos estavam dançando entre si. Apenas Félix e eu que estávamos sentados.
O rosto angelical e irritado do Félix me fazia o encarar ainda mais, e isso me faz parecer obcecado por ele — e não vou mentir, talvez eu realmente esteja obcecado com ele. Tenho certeza que essa "obsessão" existe apenas porque eu sei que não posso pedir o Félix para ninguém.Eu quero muito provar que sou uma boa pessoa para ele se aproximar, mas parece que ele não vai deixar que eu fique próximo dele. Nunca.
Assim que terminamos de decorar a empresa meu pai comprou comida para todos. Porém Félix não quis comer. De novo.
Meu pai insistiu que ele comesse, Félix continuou batendo o pé dizendo que não precisava — a voz dele parecia tão tranquila conversando com o meu pai. Queria que ele conversasse assim comigo.Ninguém trabalharia hoje, então todos tinham permissão para ir embora mais cedo. Félix foi o primeiro a se levantar para ir embora, mas ele deixou o telefone dele para trás.
Procurei ele por todos os lugares possíveis da área da empresa e não o encontrei — me pergunto como aquelas pernas curtas andam tão rápido.
O telefone dele vibrava incessantemente. Obviamente eu estava curioso, mas o telefone não é meu e não quero me envolver nos problemas dele. Não sem o consentimento dele.
A capa do telefone dele era bem única. Os desenhos pareciam tatuagens, iguais as dele.
Quando meu pai percebeu que o telefone que eu estava segurando não era meu, mas sim do Félix, ele imediatamente disse que eu deveria devolver.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Polaroid
RomanceDuas pessoas diferentes, um único sentimento. Um modelo famoso e mimado decide ir até a empresa de fotografia do seu pai em busca de um fotógrafo pessoal. Entretanto uma pessoa conseguiu chamar a atenção dele, tanto pelo talento que ele procurava qu...