Capítulo 9

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Eu sempre sinto
que alguém está
me observando
Somebody's Watching Me, Rockwell

O calor que estava fazendo hoje fazia a minha cabeça doer, e tive que mudar a minha vestimenta por causa disso — eu estava usando uma blusa que mostrava as tatuagens dos meus braços e uma calça jeans. Ambos eram pretos.

Ontem mesmo estava chovendo e hoje parece que o mundo vai derreter — eu preferia congelar.
Eu caminhava entre as pessoas que passavam por mim com passos arrastados e lentos, eu não estava tão longe assim da empresa então eu poderia caminhar mais lentamente.
Um sentimento estranho de que eu estava sendo observado começou a me cutucar, eu olhava para trás e não tinha nada. Devo estar enlouquecendo.
Passos apressados se aproximavam de mim, mas eu estava ocupado demais pensando em outras coisas.
Uma mão gélida e forte se posicionou em meu ombro, olhei para trás e era um homem com máscara e um conjunto de moletom escuro.

Fomos até um lugar quieto e isolado que ninguém pudesse nos ver. Eu não estava ficando louco, realmente estava sendo observado.
Fiquei evitando contato visual, esperando que a conversa iniciasse rapidamente e terminasse rapidamente. O homem me agarrou pelo pescoço e me ergueu contra a parede.

—Onde tá o meu dinheiro porra!— as unhas dele começaram a arranhar o meu pescoço.

—Eu... eu... tenho cara... de banco cacete?— eu tentava ao máximo soltar a mão que segurava o meu pescoço. Mas era inútil.

—Você se acha muito engraçadinho, não é?

—Você... podia ter mandado mensagem...

—E eu mandei. Mas adivinha quem não me respondeu?

O pouco oxigênio que restava nos meus pulmões também estava indo embora, assim como a minha consciência — e possivelmente a minha vida. O homem continuava me encarando. Mas dessa vez ele me olhava com uma mistura de ódio e pena.
Em um momento ele pegou um estilete com a outra mão que estava livre e passou pelo meu rosto, deixando um corte para trás.

Eu sabia que assim que ele me soltasse, a marca da mão dele ficaria no meu pescoço por um bom tempo.

—Vou dar até o final do próximo mês para você me dar o dinheiro— agora a ponta afiada do estilete estava virada para o meu pescoço —Se até o final do próximo mês eu não tiver o meu dinheiro, você morre. Entendeu?

O máximo que pude fazer foi assentir com a cabeça e ser soltado agressivamente no chão, minha respiração pesada gradualmente voltou ao normal após alguns minutos — esses minutos pareciam eternos. Peguei o meu telefone para ver o horário e eu estava atrasado, pela primeira vez em 3 anos. Atrasado.
Fiquei olhando para o chão com vergonha por não conseguir manter nada na minha vida em equilíbrio. “Mas é a primeira vez que você se atrasa”, pode ser só um atraso para as outras pessoas. Mas não para mim.

Desolado, fui até a empresa, entrei no banheiro e comecei a chorar — não podia deixar que as pessoas me vissem daquele jeito. E eu não queria que elas pensassem que eu era fraco por estar chorando. Por essa razão evito chorar. E me escondo quando vou chorar.

Quando meu momento de fraqueza acabou, eu lavei o meu rosto e saí do banheiro. De longe pude ver o principezinho conversando com uma mulher, ele parecia estar irritado.
Com bastante cuidado me aproximei e observei a situação, esperei que ele fosse perceber a minha presença — eu não estava bem para chamar a atenção de ninguém.
Os olhos dele por um momento se focaram em mim e depois voltaram para a mulher, os olhos dele rapidamente voltaram a me encarar e a expressão furiosa dele foi substituída por um sorriso.

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