Capítulo 7

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"Na solidão, o solitário devora
a si mesmo; na multidão
devoram-no inúmeros"

Nem em meus sonhos mais sombrios eu pensei que trabalharia com o príncipe da cinderela, mas pela quantidade de dinheiro que ele está me pagando seria burrice recusar.
Novamente, hoje quando eu fui para a empresa ele estava me esperando com um copo na mão, ele disse que era café. Eu queria muito ter aceitado aquele café, mas não estou com ânimo para nada ultimamente — nem levantar da cama.

O principezinho me disse que hoje o trabalho seria, diferente. Não tenho um sentimento muito bom sobre esse "diferente".
Quando o carro dele parou, uma coisa me chamou atenção. Na entrada do prédio tinha letras enormes que juntas formavam a palavra "La mémoire".

Por fora o lugar era bem simples, mas por dentro tinha um monte de esculturas estranhas e bizarras, juntamente de uma passarela e vários lugares para sentar.
Sem perceber eu acabei arranhando bastante a área em que ficam as minhas sardas e começou a sangrar um pouco, surpreendentemente Erick tinha um lenço que ele me emprestou.

—Hoje você vai fotografar os modelos que vão desfilar por aquela passarela— ele apontou para a passarela que estava sendo testada.

—Quantas pessoas vão assistir isso aqui?— meu olhar oscilava do chão para a passarela e para a minha câmera.

—Eu não sei. Por que a pergunta?

Suspirei o encarando e respondi.

—Por nada— eu não estava furioso. Eu estava preocupado em como essas pessoas me encarando iria me afetar.

—Se quiser, você pode apenas assistir...

—Eu não estou aqui pra isso, estou?

—Não exatamente....

—Então eu não vou assistir. E eu estou em horário de trabalho

Cerca de 20 minutos depois muitos modelos tinham chegado e eu estava sentado em um canto sozinho, eu precisava me preparar mentalmente para o que estava prestes a acontecer — estava torcendo para que fosse um defile rápido e que eu pudesse ir para casa cedo.
Nunca gostei de lugares cheios e dessa vez eu não tenho opção a não ser aceitar.
Meu coração estava batendo tão rápido que ele poderia pular do meu peito e me perguntar se eu estava bem.

A organizadora do desfile disse que queria me ver, eu esperava que fosse ser uma mulher irritante e arrogante mas ela era uma pessoa muito calma. Ela conhecia o Erick há bastante tempo e ela ficou curiosa em saber quem eu era — pena que não posso dizer o mesmo dela. Ela não é uma pessoa ruim, mas pessoas como ela me deixam desconfortável.
Era possível escutar um certo falatório da área onde aconteceria o desfile.

Eu estava usando a minha câmera com uma lente que eu poderia usar de longe, o zoom salvaria a minha vida de qualquer tipo de situação vergonhosa que pudesse acontecer. Mas eu precisaria me mover de qualquer maneira para fotografar os modelos de todos os ângulos.
Era um trabalho fácil, o problema mesmo seria a parte em que os convidados ficariam me encarando.

Todos os convidados ficaram quietos quando o desfile começou até o momento em que o Erick apareceu. Ele foi o último modelo a desfilar e o que mais foi ovacionado.
Enquanto eu fotografava ele, tropecei em alguma coisa e fui segurado por alguém.

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