Capítulo 10

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Passo alguns dias em Madri para fechar um contrato de locação para a filmagem de algumas cenas do próximo longa-metragem. Tudo transcorre como o planejado, então aproveito para fechar algumas parcerias na cidade.

Assim que retorno a Paris, a minha primeira atitude é convidar Érica para jantar. Eu não sei o que ela está pensando, pois depois de ter a deixado na porta do seu prédio, logo após o nosso beijo, eu saí sem dizer muita coisa.

Nesses dias em que estive fora, eu não parei de pensar nela. Em uma das reuniões que participei, eu me desliguei tão completamente que até agora não sei o que foi dito, só sei que se referia ao uso de inteligência artificial no meio cinematográfico.

Saio do prédio onde tenho o escritório da produtora, no La Défense, e, para minha surpresa, não tão agradável, encontro minha tia Pauline, mãe de Mathis, o homem que quase afundou a F3K.

Ela não esconde que me aguardava e vem ao meu encontro, abordando-me no meio da calçada.

— Lucien, eu preciso falar com você.

Eu olho para os lados, algumas pessoas circulam ao redor.

— E por que não me ligou? A senhora não precisava ficar aqui na rua me esperando — acentuo.

— Nós estamos proibidos de entrar no edifício — diz, fazendo uma careta.

Solto um bufo. Então, seguro minha tia pelo braço e a conduzo até o meio-fio. O motorista para o carro e nós entramos.

— Para casa, senhor?

Olho para Laurent, o motorista que presta serviços para a produtora desde a época de meu pai.

— Sim, Laurent, por favor — friso. Ele olha para a frente e conduz o veículo até a rua. Eu me viro para a minha tia, cuja expressão não me diz muita coisa. — Por que veio me procurar, tia Pauline?

— Você precisa nos ajudar, Lucien. O Mathis nunca fez nada para o prejudicar.

Eu coço a nuca e me esforço para não soltar uma gargalhada.

— O fato de usar o nome da produtora para produzir filmes pornôs, e ainda enganar mulheres, não é o suficiente para me prejudicar? — indago, sério.

Minha tia balança os ombros.

— Ele nunca fez nada diretamente a você, Lucien. O Mathis cometeu um erro por ter sido enganado pelo homem que se dizia um grande empresário. — Tanto minha tia quanto meu primo insistem nesse argumento.

Quando a bomba estourou e descobrimos quem era o verdadeiro culpado por todo o escândalo, Mathis, como era de se esperar, não assumiu nada. Ele disse ter sido iludido por seu parceiro de negócios da indústria pornô, uma evidente mentira, já que há testemunhas que o reconheceram como sendo o "CEO" da F3K Produções.

— Tia, há indícios fortes contra o , além de testemunhas e até uma gravação no estúdio de filmagem.

Ela me olha com raiva.

— Vocês tratam o meu filho como um bandido! — esbraveja.

— Um homem que alicia menores de idade, que usa o nome de uma empresa que não o pertence, e ainda tenta jogar essa empresa no buraco, é o quê?

— Meu filho tem muito potencial, mas o meu irmão nunca deu uma chance para ele. O Mathis só queria provar o seu valor.

— Provar como, levando o nome da produtora para a lama? — pergunto em tom calmo.

— Você e seu pai não se importam com a família, nunca defenderam o meu filho, que sempre adorou o meu irmão.

Eu olho para o lado. A minha vontade é dizer que o Mathis sempre foi malandro e muitas vezes tentou se aproveitar do meu pai, que o ajudou no início, mas meu primo gostava mesmo era de boa vida, além de viver se metendo em negócios ilícitos.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora