Capítulo 26

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Saymon consegue localizar o telefone de Érica, e temos esperança de que o aparelho esteja no local em que ela se encontra.

Antes de partir, faço questão de que Justine permaneça ao lado de Jean, para garantir que ele não fique sozinho. Em breve, alguém virá buscá-lo, e tenho plena consciência de que ele precisará de cuidados.

Após acionar a empresa responsável pela nossa segurança para prestar assistência a Jean, Saymon e eu seguimos juntos no meu carro, enquanto Silas é conduzido em outro veículo, acompanhado por um policial.

A localização de Érica nos leva até Saint-Ouen, um bairro situado nos limites do 18º Arrondissement, considerado por muitos como um local perigoso. É evidente que João Alberto possui algum contato na região, pois uma pessoa desconhecida dificilmente se aventuraria por aquelas bandas. No entanto, esse aspecto pode ser estrategicamente planejado para evitar chamar atenção, já que Saint-Ouen é uma área movimentada, com uma grande concentração de imigrantes.

Eu já percorri algumas das ruas desse bairro quando nos propusemos a fazer um documentário sobre o local. Apesar de Saint-Ouen ser conhecido pelas ocorrências criminais, a maioria dos seus habitantes é de trabalhadores e pessoas honestas em busca de uma vida digna.

Devido ao trânsito, levamos 30 minutos até chegarmos às proximidades do endereço indicado. Nós saímos do carro e nos escondemos. Vejo à minha frente uma rua deserta, com lixos espalhados e onde tem um conjunto habitacional, que certamente está inabitável.

Silas se aproxima, e junto a ele, dois policiais uniformizados da Polícia Nacional e mantendo certa distância, reparo em agentes da Interpol.

— O comissário já está enviando mais homens para nos cobrir — informa um dos policiais.

Estou nervoso e muito preocupado com o que pode estar acontecendo à Érica. Eu mal consigo falar.

Silas toca levemente meu ombro, e direciono meu olhar para ele. Neste momento, eu já me encontro sem a gravata e com o terno ligeiramente desalinhado. Resta-me apenas supor sobre a aparência do meu cabelo, uma vez que eu continuo incessantemente a mexer nos fios com as mãos.

— Sei exatamente como se sente. Talvez seja melhor você ficar aqui quando formos em busca da minha irmã — aconselha.

— Por favor, eu não posso simplesmente ficar aqui esperando. A Érica precisa de mim, e você sabe disso — declaro.

— Provavelmente eles não o deixarão nos acompanhar... — Refere-se aos policiais. — Eu, no lugar deles, não poderia permitir.

Eu sacudo a cabeça.

— Eles podem até tentar, mas eu vou entrar! E só sossegarei quando a Érica estiver segura nos meus braços, onde o tempo todo eu prometi que ela estaria — lamento, sentindo-me um incompetente.

Silas aperta o meu obro.

— Você não tem culpa, Lucien. Tem coisas que estão além da nossa capacidade. Até mesmo eu, como delegado, lá na minha cidade, não posso controlar tudo — observa e olha para os agentes. — De qualquer maneirei, irei providenciar um colete, afinal não sabemos o que nos espera — expressa, com voz preocupada.

Mais viaturas policiais se aproximam. Silas pede permissão e se junta aos policiais. Saymon está ao meu lado, auxiliando-nos em todas as frentes possíveis. Percebo que ele, assim como meu cunhado, possui conexões com a Interpol, e questiono se em certos momentos atua como consultor ou até mesmo como informante.

Eu olho para os prédios à frente e penso que Érica pode estar em um desses apartamentos. O que aquele homem está fazendo com ela?

— Está tudo muito quieto. Será que a Érica está mesmo por aqui? — pergunto, desconfiado e com medo de que estejamos perdendo tempo no lugar errado.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora