Capítulo 20

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Eu pego a última mala de Érica e a levo para o carro, que está estacionado no final da rua. Justine nos ajuda. Por sorte, o loft foi alugado mobiliado, então só há mesmo roupas, sapatos e alguns produtos de higiene para levar.

— Está tudo aí — informa Justine, passando a mão na testa.

Caminhamos os três de volta ao prédio e paramos.

Érica ergue os olhos na direção do antigo edifício que até pouco tempo era o seu lar, embora tenha morado ali por cerca de quatro meses. Seu olhar reflete uma profunda contemplação, como se estivesse perdida em pensamentos.

— Está triste? — pergunto, parado ao seu lado.

Ela sorri.

— Não... Mas apesar do pouco tempo, eu me apeguei a esse lugar.

— É um lindo loft. Se eu não tivesse o meu próprio apartamento, poderia viver aqui. Embora seja pequeno demais para mim — acentua Justine.

Passo o braço por cima dos ombros de Érica.

— A hora que quiser, podemos ir — digo a ela. Em seguida, olho para Justine. — E agora que a Érica está morando comigo, você vai economizar, afinal, pode visitar dois amigos de uma só vez — brinco, e as duas riem.

— Não podemos nos esquecer da Amai e do Pierre — completa Érica.

— É claro que não, esses dois fazem parte do nosso grupo tão seleto — respondo.

Érica se vira para Justine e, envolvendo-a num abraço caloroso, expressa sua gratidão.

— Querida amiga, eu não tenho palavras para agradecer tudo o que fez por mim.

Justine corresponde ao abraço com afeto, deixando transparecer sua emoção; é nítido como gosta de Érica.

— Ah, você sabe que estarei sempre aqui para você. Sinto muito que não seremos mais vizinhas — lamenta Justine, seus lábios formando um leve bico de descontentamento.

— Mas vocês vão se ver quase todos os dias na loja — lembro.

— Não é a mesma coisa — justifica Justine.

— Lá, nós não temos muito tempo para jogar conversa fora — complementa Érica.

Eu reviro os olhos e rio.

— Vamos, Érica? Ainda temos que arrumar suas roupas — lembro, voltando-me para Justine. — Você pode vir conosco. Ou, se preferir, apareça lá no apartamento mais tarde.

Justine sorri.

— Eu tenho um compromisso com o Heron — conta, muito animada.

— Agora ela só pensa e fala no Heron — caçoa Érica.

Justine olha para a amiga e estreita o olhar.

— Olha quem fala... Não sou eu que fico com o olhar sonhador e suspirando pela loja pensando nesse aí — devolve, apontando para mim com o queixo.

Eu abraço Érica.

— Isso é para você ver como a sua amiga tem bom gosto — falo, piscando um olho. Justine resmunga.

Logo em seguida, nós nos despedimos, então Érica e eu caminhamos até o meu carro. Enquanto seguimos, eu não consigo evitar olhar para ela, sentindo um imenso alívio por ter concordado em morar comigo. Se ela tivesse recusado, eu não sei como conseguiria dormir em paz novamente.

Sinto que Érica também está muito feliz com a mudança, e tudo foi providenciado em menos de uma semana. E desde o dia em que a chamei para viver comigo, Érica já não voltou para o seu apartamento.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora