Capítulo 13

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Eu saio do carro apressada, preciso fugir dele, deixar que João se acalme. Ele se aborreceu com o pai, e agora eu corro grande risco que desconte sua ira em mim.

Entro na casa iluminada, já passa da meia-noite, logo, não há nenhum funcionário pelos arredores. Consigo me aproximar das escadarias, quando ouço a porta da sala bater estrondosamente.

— Érica, aonde pensa que vai? — João vocifera. Eu paro no mesmo instante, com o coração acelerado.

Levo ar aos meus pulmões e me viro, tentando sorrir.

— É que esses sapatos estão me matando, preciso tirá-los — minto.

Ele se aproxima devagar, olhando-me com rancor.

— Eu vi meu pai conversando com você esta noite, sobre o que vocês falaram?

— Nada de mais. Seu pai perguntou como anda o nosso casamento, e eu respondi que está tudo bem. — Eu não conto que seu pai, um homem tão nojento quanto o filho, praticamente me cantou.

João segura o meu pulso e me puxa com força, fazendo com que eu caia de joelhos à sua frente. O medo me domina.

Sua mão me segura pelo queixo, ele me força a olhar para cima.

— Meu pai chamou a minha atenção por sua causa, e eu não vou admitir isso! — diz entredentes enquanto aperta as minhas bochechas.

— Eu não falei nada para ele, eu juro — respondo, esforçando-me para não chorar.

João dá um sorriso sinistro e aproxima o rosto do meu. Com a outra mão, agarra meus cabelos e puxa a minha cabeça ainda mais para trás.

— Você é uma vadia, Érica! E até o meu pai percebeu que eu me casei com uma mulher inadequada e miserável para um homem da minha índole — desfere as palavras odiosas.

Eu o encaro.

— Então, é só se separar. Prometo que farei como quiser — sussurro, num último resquício de esperança.

João abaixa o olhar e faz uma careta.

— Não fale merda, sua escrota. — Então, cospe em meu rosto, empurrando-me para trás.

Eu bato as costas no último degrau da escadaria e sinto uma dor latejante, de perder o ar.

E como se não fosse humilhação suficiente, João chuta a minha perna e segue em direção ao escritório.

Eu fico parada por um tempo, no chão, sem poder me mover. Seria tão mais fácil se ele me matasse de uma vez por todas...

Dias atuais...

Depois de jantarmos, Lucien sugere que façamos um passeio aos arredores da Champs-Élysées, sugestão que eu aceito na mesma hora. No passado, sempre fazíamos passeios a pé por Paris, pois assim é possível apreciar as lojas e a movimentação.

Está sendo uma noite divertida. O clima está um pouco frio, porém, muito agradável. Vemos várias pessoas na rua, e vez ou outra podemos observar grupos andando de bicicleta ao longo da avenida.

— Eu senti muita falta disso — comento, melancólica.

Lucien tem o braço por cima dos meus ombros, e sinto sua mão apertar meu braço.

— Eu trabalhei tanto nesses últimos anos que não me sobrava tempo para fazer passeios simples como este.

Enquanto caminhamos, eu olho para ele e sorrio.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora