Destinados a Amar Novamente

Capítulo 8

A tarde realmente está bastante agradável, como Lucien comentou. Ele me perguntou se eu queria ir a algum lugar específico, mas deixei por sua escolha.

Enquanto dirige, Lucien conta sobre a aposentadoria de seu pai e que agora ele vive em Nice com a esposa, madrasta de Lucien. Eu tenho boas lembranças do senhor Darlan De La Fontaine, que me recebeu bem em sua casa quando ainda vivia em Paris. Sua esposa, Amélie, também me passou uma ótima impressão e me deixou muito à vontade na ocasião.

Lucien estaciona o carro, e vejo que estamos próximos ao Rio Sena, onde costumávamos passear quando estávamos juntos.

— Hoje, vou cumprir algo que prometi a você — diz, desligando o motor.

Eu olho para ele com curiosidade.

— O quê?

Ele sorri e me encara.

— Vamos ao La Caféothéque de Paris — declara, fazendo meu coração bater com força, de tanta alegria.

— Você ainda se lembra...

Lucien passa a ponta dos dedos em minha bochecha. Sinto um arrepio de prazer.

— Eu não me esqueço de nada. Tudo o que vivemos, as promessas que fiz... eu nunca esqueci — murmura com voz rouca.

Seguro seu pulso, viro o rosto e beijo a palma de sua mão.

— Eu também não fui capaz de esquecer nada do que vivemos — confesso.

O clima dentro do carro fica abrasador, e a sensação de deleite é tão intensa que eu posso a sentir em cada poro de meu corpo.

Ouço sua respiração forte e olho para Lucien, que tem o olhar compenetrado em meu rosto.

— Érica, eu te quero muito! Esse desejo ficou adormecido por três anos, mas agora está muito difícil de controlar. Acontece que eu não sei como devo agir com você, pois algo mudou. Em alguns momentos, tenho a sensação de que há uma barreira entre nós — declara com a voz grave, porém baixa.

Encarando Lucien, eu anuo com um gesto de cabeça.

— Eu sei o que quer dizer.

Lucien segura o meu rosto e encosta sua testa na minha. Eu entrelaço os dedos em seus pulsos e, fechando os olhos, respiro fundo, com o coração martelando dentro do peito.

— Nós encontraremos um caminho para derrubar essa barreira — sussurra.

— Sim, eu sei que encontraremos — respondo num fio de voz.

Ele se afasta e abre a porta. Quando desce do carro, eu aproveito para me recompor. Por um momento, pensei que ele fosse me beijar, mas, infelizmente, não aconteceu. A minha porta se abre e Lucien me ajuda a sair. Em seguida, tranca o veículo e atravessamos a rua de mãos dadas.

— Vamos ver se o café daqui é tão bom quanto o seu — brinca, com um lindo sorriso no rosto.

Eu rio.

— Você está louco de comparar o meu humilde café com um dos cafés mais famosos da França — observo, e Lucien dá uma gargalhada.

Nós nos sentamos a uma das mesas do lado de fora. Fecho os olhos e inspiro a mistura de aromas do lugar. Um atendente muito cordial anota os nossos pedidos e se retira. Lucien me olha e pega a minha mão por cima da mesa.

— É muito bom estar aqui com você, Érica — acentua, e eu olho para as nossas mãos unidas sobre a mesa.

— Você não imagina quantas vezes eu sonhei em estar com você novamente, não importava o lugar — confidencio e olho para ele. Sinto dentro de mim uma grande paz por ao menos ter a oportunidade de recomeçar com uma amizade. — Obrigada por não me odiar.

Luicen tem um olhar intenso que me fascina.

— É impossível te odiar, Érica.

Nossos pedidos chegam. Lucien dá um aperto em minha mão, e assim tomamos o nosso café, à margem do Rio Sena. Sinto como se eu nunca tivesse saído do seu lado. Depois de muito tempo, eu me sinto descontraída e leve. Lucien tem essa capacidade de me deixar feliz.

As horas se passam e conversamos sobre tudo, com exceção do meu casamento. A conversa gira mais em torno de sua produtora e em como ele conseguiu contornar a situação difícil que passou devido ao grande escândalo.

Lucien é um homem admirável, além de bom caráter e muito lindo. Eu não tive escapatória, acabar apaixonada por ele foi muito fácil.

A noite cai, e como Lucien viajará a negócios logo cedo amanhã, ele me leva de volta para casa. É uma pena, pois eu passaria muito mais tempo com Lucien.

Depois de estacionar, ele sai do carro e abre a porta para mim.

— Vou te deixar no seu prédio — avisa.

Eu não contesto, e como a rua onde moro não entra carro, posso aproveitar a sua companhia até o loft. Andamos sem trocar uma palavra, cada um com os seus pensamentos. Algumas pessoas passam por nós, e podemos ouvir o som do funcionamento de alguns estabelecimentos, que já se preparam para receber seus clientes para o jantar.

Quando chegamos em frente à porta do meu prédio, eu pego as chaves na bolsa e olho para ele, que está com as mãos nos bolsos.

— Obrigada, eu adorei a minha tarde de domingo — declaro.

Lucien move a cabeça positivamente.

— Foi uma tarde muito agradável — comenta.

— Então... é melhor você ir, precisa acordar cedo amanhã — aponto, não querendo me despedir dele.

— Sendo assim... até a próxima! — diz, dando um passo para trás.

Com o coração apertado, eu abro a porta do prédio e entro. Quando estou para fechá-la, Lucien me chama. Volto a abrir a porta e olho para ele.

— Sim?

Lucien se aproxima com rapidez e para embaixo do portal.

— Esqueci uma coisa muito importante — sussurra, olhando para a minha boca.

Meu coração pula, eufórico.

— O-o quê? — indago num fio de voz.

— Isto...

Lucien inclina a cabeça e me beija de modo apaixonado. Eu abro meus lábios, permitindo que sua língua toque o céu de minha boca. Ele me segura pela cintura, sinto seu corpo grudar ao meu, causando um frenesi por toda a minha carne.

Agarro sua nuca, e o nosso beijo, num misto de desejo e saudade, tira-nos do eixo. É um beijo de dois amantes que sofreram com a distância. É um beijo de promessa. E, principalmente... é um beijo carregado de sentimento, de muito amor.

Eagora, com toda a certeza que há no mundo, eu percebo: a vida pode te levarpara uma direção diferente, ela pode te tornar uma pessoa dura e cheia de medosinexplicáveis, mas o amor verdadeiro nunca morrerá, e esse mesmo amor tem opoder de te curar.

Uau... Esse beijo tão esperado, três anos de espera.

Gostaram do capítulo, espero que sim... Semana que vem tem mais.

Beijos!