Capítulo 29

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No instante em que eu coloquei os pés no terraço, ela capturou minha atenção. Eu não fazia ideia de que se tratava da mais recente amiga de Justine, a brasileira que estava hospedada na casa de Noemia. A tia de Justine costumava abrigar estudantes estrangeiros em sua casa para intercâmbio, então não era incomum ver minha amiga sempre acompanhada por alguém de fora. No entanto, foi a primeira vez que eu realmente me interessei por uma de suas amigas.

Érica prende meus olhos aos seus imediatamente quando nos encaramos. Quando Justine se aproxima e a apresenta, seguro sua mão na minha por um tempo mais longo do que o necessário.

Ela é deslumbrante, e uma vontade avassaladora de permanecer ao seu lado me invade.

— Seu intercâmbio será por quanto tempo? — pergunto.

Ela sorri para mim.

— Um ano — responde.

Justine passa o braço por seus ombros.

— Espero que, como Amai, ela queira ficar permanentemente — acentua e dá uma piscadinha.

Eu olho para Érica.

— Vou torcer para que a vontade de Justine se realize. — Minhas palavras saem em tom baixo, eu falo para somente ela ouvir.

Percebo que Érica se arrepia. Ela olha em meus olhos, e eu fico fascinado.

— Não é impossível, eu não sei o dia de amanhã. De repente, pode acontecer alguma coisa que me faça querer ficar.

Eu levo o copo com meu drink até a boca, sem deixar de segurar seus olhos nos meus. Bebo o líquido adocicado, então, afastando o copo dos lábios, sorrio.

— De repente, não seja algo, e sim alguém que poderá fazê-la mudar de ideia e estabelecer residência aqui em Paris — declaro.

Nós nos olhamos fixamente. Tudo em volta deixa de existir, Érica é a única capaz de captar o meu interesse.

Eu acabei de conhecê-la, mas a nossa conexão é tão intensa que sinto a emoção atravessar todo o meu ser.

E eu sinto como se, a partir de hoje, tudo em minha vida fosse mudar.

Dias atuais...

O som do tiro é ouvido. Meu coração trava uma batida, e a mulher que está com João solta um gemido sofrido, pois o corpo de seu parceiro cai ao chão. Por um mísero segundo, pensei que ele me acertaria, mas vejo que Silas o acertou primeiro.

Uma grande comoção começa, eu não espero por mais nada e corro até Érica. Passo por cima de seu ex-marido e, assim que me aproximo, ela chora, abalada.

Um dos policiais avança para me ajudar a desamarrá-la. Vejo que ele tem mais sucesso do que eu, então seguro o rosto de Érica entre as mãos e olho em seus olhos.

— Acabou, meu amor — sussurro e beijo levemente seus lábios.

— Ele está vivo — diz um dos policiais.

— Eu não atirei para matar. — Escuto Silas falando.

Quando Érica é finalmente desamarrada, eu consigo tirá-la de perto de João, que começa a gemer. Nós nos afastamos, e a loira, cúmplice de João, é algemada. Eu volto a olhar para Érica.

— Meu amor, você está gelada — comento.

Ela me olha e me abraça forte.

— Eu pensei que ele fosse te matar — diz e chora.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora