Um ano depois...
Termino de fazer o check-in e despacho minhas malas. A atendente devolve o meu passaporte, junto ao meu bilhete, assim, eu retorno até meus pais.
Ainda inconformada com a minha partida, minha mãe me abraça. Eu até já perdi as contas de quantas vezes ela me abraçou só no dia de hoje.
— Eu acho essa sua viagem tão precipitada... — queixa-se.
Eu sorrio, balançando a cabeça.
— Precipitada, mãe? Estou planejando esta viagem faz mais de seis meses — respondo.
Meu pai ri.
— Sua mãe exagera — comenta.
Olho para a frente e noto meu irmão, Silas, e sua esposa, Júlia, aproximando-se. Estou muito ansiosa, e contemplar o sorriso caloroso do meu irmão me deixa menos nervosa.
Eu vou ao seu encontro, e ele abre os braços para me abraçar, beijando a minha cabeça. Meu irmão não tem ideia, mas eu o considero o meu grande herói. Ele, antes de todo mundo, percebeu que havia algo errado em meu casamento e, de uma maneira tão sutil, conseguiu com que eu tomasse coragem para sair daquele inferno.
— Estou tão orgulhoso de você, Érica — murmura em meu ouvido.
Respiro fundo e me afasto, olhando em seu rosto.
— Eu devo tudo isso a você, meu irmão.
Ele dá um sorriso e alisa o meu cabelo.
— Não. Se você superou seus medos, foi mérito seu! — declara.
— Eu ainda tenho muito o que superar, Silas — confesso, com certa melancolia. Então, olho para a minha cunhada, que nos observa com um sorriso. — Júlia?! Que bom ver você!
Ela dá um passo à frente e beija meu rosto.
— Você está linda, Érica! — elogia.
Júlia é uma pessoa muito amorosa, eu jamais imaginaria o meu irmão, um delegado tão austero, totalmente tomado por uma mulher tão doce.
Eu olho para ela e sorrio, então toco em seu braço.
— Obrigada por todo o seu apoio, Júlia, e pela sua compreensão quando eu precisava do meu irmão.
Ela fica séria, mas o seu olhar é de total carinho e compreensão.
— Você não tem nada o que agradecer, Érica.
Suspiro e olho para a minha família. Nesse último ano, eu recebi todo o apoio deles, que não desistiram de mim mesmo nos momentos mais difíceis. Eu sei que meus pais ainda sentem um pouco de remorso, afinal, o homem com quem me casei foi escolhido por eles. Por outro lado, quando descobriram quem é o João de verdade, deram-se conta de que viver apenas de aparência pode ser muito perigoso.
— Eu quero aproveitar esta oportunidade para agradecer a vocês por estarem ao meu lado e suportarem as minhas alterações de humor — declaro, olhando cada um nos olhos.
Meu pai acena, e eu reparo em seu olhar, que ainda tem refletido um lampejo de culpa. Durante o tempo que passamos juntos, eu deixei claro para os meus pais que eles não eram culpados de nada. Eu mesma, no início, culpava-me muito. Mas a terapia me ajudou bastante, e agora eu percebo que só existe um culpado em toda essa história.
É claro, eu não estou totalmente curada de todo esse trauma, algumas vezes me pego pensando em tudo o que ocorreu em meu casamento com o João e sei que tenho a minha parcela de responsabilidade. Eu nunca senti nada pelo meu ex-marido, e poderia ter dito não na época em que retornei da França.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinados a Amar Novamente
RomanceÉrica sempre foi a personificação da elegância e da etiqueta, uma jovem criada na alta sociedade, onde sua vida era ditada pelas vontades dos pais, inclusive, a escolha de seu marido. Porém, por trás da fachada impecável, escondia-se uma realidade s...