Capítulo 23

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Tudo o que eu mais desejo é viver em paz ao lado do homem que escolhi, mas a incerteza se agita em meu peito como uma fera faminta. Sinto que o perigo ainda ronda, que a batalha pela segurança e pela tranquilidade está longe de terminar.

A simples ideia de que meu ex-marido, com sua violência e crueldade, pode retornar para me atormentar já é o suficiente para fazer meu sangue gelar e meu coração tremer de pavor.

No entanto, mesmo diante desse medo avassalador, uma chama de esperança queima em meu peito. Lucien é minha rocha, minha fonte de coragem e determinação. Com ele ao meu lado, eu sei que posso enfrentar qualquer desafio, superar qualquer obstáculo. Seu amor é meu escudo contra as trevas do passado, uma luz que me guia para fora das sombras e em direção à paz que eu tanto almejo.

Sentada no sofá, a preocupação me assola. Lucien segura minhas mãos acima dos meus joelhos. Ainda é manhã de sábado, e ele acaba de me contar o que o detetive descobriu. Eu não sei o que mais me amedronta, se é o João conseguir me encontrar, ou ele estar envolvido nos negócios escusos do primo de Lucien e tentar prejudicá-lo de alguma maneira.

— Érica, eu decidi te contar tudo, mas não queria que ficasse apreensiva. — Sua voz soa rouca e preocupada.

Um suspiro escapa de meus lábios, meu olhar se volta para Lucien, e uma sensação de aperto toma conta do meu peito. É como se meu coração estivesse sendo comprimido por uma força invisível, uma mistura de sentimentos que me deixam sem fôlego.

— Até quando o João ficará impune? E se estiver mesmo envolvido no caso de pornografia infantil, ele é ainda pior do que eu imaginava. Ele é podre, Lucien — lamento.

Lucien acaricia meu rosto e me olha com carinho.

— Mas se ele estiver envolvido, dessa vez será pego, Érica.

Olho em seus olhos, e ali encontro conforto e confiança. Mas também há uma angústia que eles não conseguem esconder.

— Eu juro que se ele tentar te prejudicar, vou fazer o que eu não fiz no Brasil. Vou gritar para o mundo o covarde violento que ele é! — desfiro, com raiva.

Eu não aguento mais viver com a sombra do João Alberto me rondando, e agora cercando também o Lucien.

— Érica, não faça nada, devemos ter confiança de que tudo vai se resolver.

O meu celular toca e eu o pego para ver quem é.

— É o meu irmão, vou atender — digo, e Lucien sorri, acenando. — Silas?! — digo em voz baixa.

— Pelo seu tom, vejo que o Lucien contou sobre o cafajeste. — É possível não perceber a irritação de Silas.

Deixo escapar um suspiro.

— Sim, que ele está aqui na França — confirmo com desânimo.

Eu consegui uma licença, veio bem a calhar, pois eu deveria ter tirado essa licença no ano passado, mas não vou esperar mais. Estou com a minha viagem marcada para Paris — avisa de uma só vez.

Sinto minha boca ficar seca e lanço um olhar de apreensão para Lucien, que me encara com curiosidade.

— Silas, não há necessidade...

— Eu não vou apenas para tentar encontrar aquele escroto, vou aproveitar para apresentar Paris à Júlia — esclarece.

Eu tento segurar minhas lágrimas.

— Será que eu nunca vou me ver livre daquele homem? — murmuro.

Lucien me abraça e beija meus cabelos.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora