A mulher refletida no espelho não é, nem de longe, o que eu sonhava para mim.
Hoje, estou quebrada, sem forças para acreditar ou seguir em frente. O meu mundo foi destruído, e sei que a maior culpada por tudo isso sou eu, afinal, eu fui covarde e permiti que a minha vida fosse conduzida de acordo com o que esperavam de mim.
Ouço uma batida à porta e meu corpo estremece, então percebo que não preciso mais ter medo. Tento fazer minha mente acreditar que estou segura, mas é difícil, pois cada barulho, cada ruído de passos me levam de volta ao inferno que vivi por dois anos.
— Minha filha, você está bem? — A voz de minha mãe soa incerta.
Eu continuo encarando a minha imagem no espelho.
— Será que um dia ficarei bem? — Sinto um nó se formar em minha garganta.
Mamãe se aproxima, eu a encaro pelo espelho. Seu olhar de pena me deixa mais angustiada.
Vejo que ela levanta a mão, a fim de me tocar, mas ao perceber como eu me contraio, ela a recolhe.
— Érica, minha filha... — Minha mãe tem lágrimas nos olhos, e eu sei que quer demonstrar força. — Se eu soubesse...
Eu me viro para ela, meu corpo ainda está dolorido, mas o que mais me aflige é a dor em minha alma. Aquele homem conseguiu me destruir de tal maneira que eu acredito não ter mais volta.
Respiro fundo.
— O pior de tudo isso, mãe, é que eu nunca gostei dele. Na verdade, eu o odiava, mas me obrigava a fingir que estava tudo bem, sabe por quê? — Ela chora e balança a cabeça. — Porque ouvi a minha vida toda que eu deveria ser uma dama, que jamais poderia demonstrar perante as pessoas os meus fracassos, afinal, uma vida de boa aparência é o que mais importa.
Minha mãe abaixa a cabeça e se põe a chorar. Eu não digo isso para deixá-la mal ou por vingança. Guardei tantas coisas dentro de mim por tanto tempo que, agora, eu simplesmente quero colocar tudo para fora.
— Eu queria ter o poder de voltar no tempo... — lamenta minha mãe.
Tento esboçar um sorriso, mas meu rosto machucado não permite.
— Nós não temos esse poder, mãe. E nem você, nem o papai são culpados de nada. A única culpada sou eu...
Ela levanta o rosto, parecendo zangada, então finalmente coloca uma mão em meu ombro.
— Não diga isso, Érica. Você é a única que não tem culpa de nada. Jamais pense uma coisa dessas.
Eu me afasto de seu toque e me sento em minha antiga cama, olhando ao redor do quarto que um dia foi meu. Eu não consigo me sentir confortável. Se eu pudesse, sumiria para sempre, iria para longe de todos, eu me esconderia de toda essa vergonha. Mas nem isso eu posso. E pensar que um dia eu sonhei ser uma mulher independente e dona do meu destino... Este foi o meu maior erro: sonhar.
— Só me deixe sozinha, mãe, por favor — peço olhando em direção à janela.
Eu a escuto respirar fundo. Ela dá alguns passos e para à minha frente. Eu não me movo. Sinto sua mão acariciando meu cabelo e aperto o colchão.
Ela é sua mãe, não vai machucá-la.
— Vou respeitar a sua vontade, filha. Sei que agora você está muito vulnerável, mas isso vai passar. Nós estamos do seu lado, Érica, e juntos iremos superar o que aquele desgraçado fez.
Quando minha mãe deixa o quarto, eu finalmente volto a ficar sozinha.
Eu não consigo controlar as lágrimas, que caem e deslizam por meu rosto. Neste momento, eu me odeio por tantas coisas que até penso que mereço passar por tudo isso.
Como eu pude fazer isso com a minha vida? Por que não insistir com o meu pai para não me casar com aquele infeliz? Jogo meu corpo para trás e me deito no colchão. Faço uma careta, devido à dor.
Por que eu não fiquei ao lado do único homem que amei na vida?
Por quê? Por quê?
Suspiro, chegando à única resposta que convém:
Eu fui criada para ser uma dama! Uma princesa! Eu não poderia decepcionar os meus pais, eles haviam depositado em mim toda a confiança de que eu levaria o nome de nossa família com honra.
O que eu não sabia era que ser uma princesa poderia ser tão cruel.
Como viram, é um capítulo bem emocionante, de quando o Silas a resgatou... Preparem-se para fortes emoções...
Amanhã, venho com o capítulo 01 e 02.
Beijos!!!
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Destinados a Amar Novamente
عاطفيةÉrica sempre foi a personificação da elegância e da etiqueta, uma jovem criada na alta sociedade, onde sua vida era ditada pelas vontades dos pais, inclusive, a escolha de seu marido. Porém, por trás da fachada impecável, escondia-se uma realidade s...