Capítulo 30

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Eu fiz alguns exames, e o médico acredita que eu esteja apenas muito estressada, porém, pede que aguardemos a chegada dos resultados.

Mal posso acreditar em tudo o que me aconteceu no dia de hoje. Já é tarde da noite e eu me sinto muito cansada. Eu já liguei para Justine para tranquilizá-la, pois minha amiga estava muito preocupada. Também consegui falar com a Júlia e prometi que, antes de ela ir embora, eu a levarei para conhecer o Louvre.

Lucien segura a minha mão, e vejo por sua aparência que ele também está cansado. Só de pensar que ele poderia levar um tiro, meu coração volta a bater descompassado. Não é por menos que eu quase atirei em João. Eu não sei o que se passou pela minha cabeça, mas a raiva que sinto daquele homem quase estragou a minha vida.

Eu nem sei como seria se eu tirasse a sua vida. João é um homem perverso, além de um criminoso frio, pelo que entendi. Mas não sei como ficaria a minha cabeça se eu carregasse o peso de sua morte em minhas mãos.

— Esse resultado está demorando — avalia Lucien.

Seu telefone toca, e Lucien diz que é seu pai. Ele beija o meu rosto e se levanta, indo até a janela para atender. Eu o observo de longe e sinto meu peito se encher de prazer. É absurdo o modo como eu amo esse homem.

E agora, sentada aqui esperando o retorno do médico, eu me lembro de toda a minha trajetória. Tudo o que passei nas mãos do João, o que sofri, em como eu pensava em desistir nos instantes mais pesados durante o casamento. Porém, bastava eu me lembrar de Lucien, deixar que a recordação dos momentos em que estivemos juntos invadisse meus pensamentos, para eu aguentar mais um dia casada com aquele verme.

No fundo, bem lá dentro do meu coração, eu sabia que um dia voltaria para os braços de Lucien. Porque eu sinto que ele está no meu destino. É assim que funciona o amor, ele nos dá confiança, e é um sentimento tão sublime e intenso que é capaz de transformar medo em esperança e agonia em paciência.

Estou absorta em meus pensamentos quando o médico adentra a sala. Neste momento, Lucien se volta para o médico, troca algumas palavras com o pai ao telefone e depois desliga, retornando para perto de mim. Ele se senta ao meu lado, demonstrando a sua atenção.

— Está tudo bem com ela? — pergunta, aflito.

O médico, um senhor careca e de grades olhos verdes, olha para nós dois e sorri.

— Creio que sim. Acredito que a senhora tenha desfalecido por conta do estresse do dia — afirma e recosta em sua cadeira. — Porém, não é somente isso.

Eu estreito o olhar.

— Como assim? — Fico intrigada com suas palavras.

— Por favor, o senhor pode ser mais específico? — Logicamente, Lucien, assim como eu, não entendeu o que o médico acabou de dizer.

Sinto meu coração retomar suas batidas enquanto eu encaro o médico, que me observa com um olhar perspicaz. Lucien segura minha mão, e eu aperto a sua com força. Uma leve suspeita começa a surgir em minha mente. Lembro-me de ter considerado essa possibilidade no início da semana, quando me senti mal com o perfume que Justine estava usando, mas rapidamente afastei esse pensamento.

Minha boca fica seca e eu praticamente esmago a mão de Lucien enquanto meus lábios se curvam em um leve sorriso.

O médico dá um sorriso.

— Talvez... a senhora Érica saiba o motivo — conclui e acena com leveza. — Pode contar a ele?

Sinto Lucien me olhar, mas permaneço olhando para o médico.

Destinados a Amar NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora