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Ana Flávia's point of view
Eu escutava o alarme de longe mas me recusava a abrir os olhos. Gustavo já havia saído para trabalhar a um tempo então eu estava sozinha na cama.
Hoje teria que ir a mais uma consulta. E claro que eu não estava tão tranquila. Eu temia saber o que aconteceria lá e tentava arrumar uma desculpa para não ir ao consultório.
Tentando tomar um pouco de coragem, eu me levanto indo ao banheiro tomar um banho relaxante
Coloco uma roupa qualquer e saio de casa indo em direção ao consultório
Chegando lá eu me sento e respondo algumas mensagens do grupo que era composto por mim e minhas amigas. Elas marcavam de sair para almoçar juntas para colocar as fofocas em dia. Eu sentia falta disso. Não porque eu havia casado, porque eu não me afastei delas depois do casamento mas sim por causa da doença.
Eu não aguentava andar um pouco que já sentia minha respiração descompassada, as mãos suando e as pernas enfraquecem. Era terrível. E eu sei como elas amavam sair, andar, se divertir, afinal nós tínhamos entre 22 a 26 anos então, ainda não éramos tão velhas assim.
Mas eu sei também que a vida dos outros não pode parar porque eu simplesmente tenho insuficiência cardíaca. Assim como a minha vida também não.
O trabalho vem ficando pesado para mim. O estúdio está cada vez mais cheio e eu com um cargo importante, não posso e não consigo ficar parada. Eu já começava a entrar nos fins dos semestres da faculdade e agradecia por ter Gustavo em mimha vida, que me auxiliava mais que qualquer um.
"Ana Flávia Mioto"
Meu nome é chamado na televisão pendurada no painel da recepção e eu me dirigia até a sala da Dra.Cecília
Eu estava um pouco apreensiva. Teria que fazer exames que demorariam. Exames que são importantes para saber como anda esse coração falho. Mas eu não queria saber o resultado deles.
Bato de leve na porta e espero a doutora permitir que eu entre.
Comprimento a mesma e me sento esperando que ela preencha os dados da minha ficha e me direcione até a sala de exames que seria feito por enfermeiras especializadas naquilo.
Eu não entendia nada de medicina, mas depois que descobri a minha doença, passei a olhar em sites, assistir reportagens e ler artigos sobre a insuficiência cardíaca. Era algo que me assombrava todos os dias com medo do futuro, mas que eu tentava permanecer firme e vencê-la um dia após o outro.
