maratona - 2/4
Los Angeles, Califórnia | Segunda-feira | 16:16
★ - fix you - ★
coldplayGustavo's point of view
Eu conversava com Murilo e Gabriel, na lanchonete do hospital, quando Gabriela e Duda vieram até nós.
Gabi tinha a feição séria e fora de foco enquanto Duda, os olhos vermelhos. Ela passava a mão no rosto tentando disfarçar que chorava mas era impossível não perceber por ela estar como um pimentão.
Já faziam cinco dias que Ana estava internada.
Minha esposa estava diferente. Acordava apenas para comer e tomar os remédios.
Sentia muito sono e não tinha disposição para quase nada.Ana Flávia sempre foi a pessoa mais sorridente que eu já conheci em toda a minha vida.
A insuficiência tirou isso de minha mulher.
Seu belo sorriso.
O sorriso mais lindo no universo inteiro, não era mais mostrado com frequência.
O sorriso que eu fazia e faço de tudo para ver. Se tem uma coisa que compensa, nessa vida é ver esse sorriso.Ana Flávia tinha os olhos quase vazios. Aqueles que antes, brilhavam ao ver uma simples estrela no céu, agora demonstravam medo. Medo da morte. Eles pediam ajuda, socorro.
Lágrimas já não caiam mais deles. Eu sabia que ela não tinha força nem para permitir que elas saíssem.
Seu rosto, pálido. Branco como um papel sulfite. Eu sabia o quanto minha mulher prezava por estar sempre bronzeada, e sabia também que ela evitava de se olhar no espelho para não ver seu estado físico.Nunca deixei de achá-la linda. Para mim, Ana Flávia poderia ficar careca, que eu sempre acharia ela a mulher mais linda do mundo inteiro. Em todos esses dias ao seu lado, eu fazia questão de dizer isso a ela.
Descobrimos com alguns exames, que infelizmente, minha mulher desenvolveu a hipertensão arterial. Pressão alta. Pelo estresse. Tudo aquilo se juntou dentro dela e não resultou em algo bom.
Eu estava acabado. Em todos os sentidos. Minha alma estava cansada e sobrecarregada. Meu corpo pedia para que eu parasse, pedia descanso, mas eu não conseguia. Ficar parado com Ana Flávia do jeito que estava, não era uma opção.
Algo que me cansava também era não poder fazer nada para Ana Flávia melhorar, vê-la morrer discretamente e lentamente.
Aquilo me corroia, por dentro.Desviei meu olhar do vidro que dava a visão para a estrada movimentada, quando senti uma mão em meu ombro, me tirando do transe.
— Gu, nós vamos embora, mas voltamos amanhã, tá? — Gabriel disse de mãos dadas com Duda que encarava o chão fixamente. Eu assenti com a cabeça e retribui o abraço que Gabriel me deu.
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𝙣𝙖 𝙨𝙖𝙪𝙙𝙚 𝙚 𝙣𝙖 𝙙𝙤𝙚𝙣ç𝙖 | 𝙢𝙞𝙤𝙩𝙚𝙡𝙖
Roman d'amour𝙤𝙣𝙙𝙚 ana flavia descobre estar doente, um pouco antes do seu casamento acontecer.