19 | 𝘽𝙚𝙣𝙞𝙘𝙞𝙤'𝙨 𝙧𝙤𝙤𝙢

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Los Angeles, Califórnia | Quarta-feira |09:40

Los Angeles, Califórnia | Quarta-feira |09:40

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Ana Flávia's point of view

Hoje eu e Gustavo faríamos nossa mudança.
Iríamos morar em uma casa.
Eu insisti muito para Gustavo aceitar a ideia de moramos em um apartamento porém ele quis a casa dizendo que teria mais espaço para nossos futuros filhos brincarem.

Eu apenas aceitei e preferi não lembrá-lo do que aconteceria comigo em breve, e fiquei quieta.

Viemos embora ontem, terça-feira, da nossa lua de mel.
Segunda-feira eu acabei ficando um pouco melhor e conseguimos conhecer um pouco de Veneza, passeamos por toda a cidade.
Andamos em barcos, admirando a bela cidade.
Fomos em um museu e claro tomamos um belo gelato.

Acontece que ontem, perto do horário do almoço, eu comecei a me sentir muito mal. Meus pés doíam e inchavam cada vez mais. Eu não poderia andar sem as muletas mas não tinha como levá-las junto na viagem. Isso causou um grande problema na parte de baixo do meu corpo.

Eu suava frio e a vontade de vomitar era cada vez maior.
Para piorar, acabei desmaiando quando chegamos do passeio.
Gustavo ficou desesperado. Chamou toda a equipe do hotel que ficamos mesmo não sabendo falar um pingo de italiano.
Foi terrível.

O fim de nossa viagem estava previsto para sexta-feira, mas Gu achou melhor adianta‐lá e voltarmos mais cedo.
Chegamos na madrugada, mas hoje de manhã já tínhamos que começar a transportar nossas coisas para nossa nova casa.

Os meninos vieram ajudar Gustavo, já que eu não poderia fazer tanto esforço.
Eu me sentia impotente e ficava chateada por não poder ajudar mas sabia que era pelo meu bem estar.

Nossa casa era extremamente linda e delicada.
Tinha um ar de calmaria inexplicável.
Ela ainda não estava totalmente pronta.
Eu e Gu ainda iriamos decora-la com nosso jeito, mas já estava perfeita.

Por um lado, meu coração se aquecia por pensar no que eu e Gustavo nos tornamos e a nossa incrível trajetória. Pensar em como éramos antes de tudo acontecer e como somos agora é maravilhoso.

Por outro lado, eu sinto meu coração doer. Ele dói de saber que talvez tudo isso se vá pelo ralo junto a mim. Saber que eu posso morrer e que tudo que construímos juntos se vá por uma doença.

Uma doença capaz de me separar do homem que eu tanto amei e amo. 
Uma doença inesperada que me corroeu tão rápido.
A Insuficiência Cardíaca me matava aos poucos e eu estava ciente disso mas não poderia fazer nada para impedir.

Eu pedia a Deus para me dar a oportunidade de viver.
A oportunidade de ser feliz com a família que eu queria construir.

Observo a vista da janela de meu quarto com Gustavo.
Era tudo lindo.
A grama verdinha, o cheiro de terra molhada após a chuva da madrugada, as flores mais vivas do que nunca.

𝙣𝙖 𝙨𝙖𝙪𝙙𝙚 𝙚 𝙣𝙖 𝙙𝙤𝙚𝙣ç𝙖 | 𝙢𝙞𝙤𝙩𝙚𝙡𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora