31. Waves

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Dias depois, Sora ainda se recuperava e já se encontrava na casa de Susan, elas e a cidade, passavam por um luto da morte do Xerife e dos oficiais e além disso, o clima da cidade nebuloso pela neve que caia sem parar contribuía para o baixo astral geral. Enquanto isso, Simon fugia das atenções que a pequena mídia queria dar a ele, pois todos acabaram sabendo da pessoa que conseguiu parar o restante dos terroristas, sozinho. Um advogado tinha sido designado para assistir Sora e dentro de alguns dias, seria a primeira audiência e ele tinha um trabalho extenso pela frente para provar que ela não estava colaborando com os terroristas. O passar dos dias, ambos iam retomando as forças e aos poucos, um pouco de esperança ia brotando no coração de ambos, apesar de todos os problemas burocráticos. Para Sora, sentir-se finalmente livre daquele fardo importava mais do que aqueles processos, afinal, ela estava viva, ainda carregando a dor da perda, ela tentava se manter positiva no propósito de reconstruir a casa, demoraria meses e talvez alguns anos, mas ela já planejava procurar um emprego simples na cidade para alcançar esse objetivo.

"Por que você não tenta estudar novamente?" - perguntou Simon enquanto retornava da mecânica, onde arrumou um bico temporário.

Aquela pergunta tinha tocado na ferida da moça, estar em ambiente academico e cheio de pessoas, ela não sabia se estava pronta. Estar isolada no meio da Floresta a fez se tornar uma pessoa muito fechada.

"Não sei bem o que posso fazer, a última faculdade não deu muito certo..."

Ela tinha interrompido os estudos logo após descobrir a morte de James, algo que a afetou muito.

"É algo a se pensar." - ponderou - "Você gosta de natureza e plantas, talvez algo nessa área e que possa ser útil aqui." - sugeriu. - "Tem cursos a distância então você não precisaria se mudar."

"Talvez." - responde insegura - "Mas obrigada pela sugestão, eu vou pensar sobre isso."

Ambos escutam a porta bater, e Susan prontamente vai até a porta. Ela encontra uma mulher, aparentando quase a mesma idade que a sua, ela era loira, usava um casaco de couro marrom, calça preta e botas, ao lado dela, dois homens altos com casacos e boinas.

"Boa noite, os Agentes me falaram que aqui é a casa onde está o Militar." - ela diz prontamente - "Perdão, meu nome é Kate."

"Ah sim, ele está aqui sim."

Simon já havia ouvido a voz de Kate da sala e já havia se levantado, a Diretora arregala os olhos quando o vê, dessa vez, ele havia tirado um pouco da barba, mas ainda mantinha o comprimento do cabelo, que já batia na altura dos ombros. Ele usava uma camisa xadrez por cima de uma camiseta branca e jeans. 

"Que demora, Laswell."

"Ghost." - ela murmura, surpresa em ver o rosto dele pela primeira vez e ainda sim, o cabelo e a barba também, não era assim que o imaginava. - "

Simon já havia ouvido a voz de Kate da sala e já havia se levantado, a Diretora arregala os olhos quando o vê, dessa vez, ele havia tirado um pouco da barba, mas ainda mantinha o comprimento do cabelo, que já batia na altura dos ombros. Ele usava uma camisa xadrez

"Que bom te encontrar vivo, preciso falar com você."

Simon pergunta se está tudo bem Laswell entrar e Susan balança a cabeça permitindo a entrada da agente. Ela os leva até o escritório e fecha a porta assim que os quatro entram na sala. Ela volta a se sentar junto com Sora, que por dentro sente uma pequena onda de ansiedade tomar conta dela.

"É a chefe dele, provavelmente" - pensa.

Isso podia significar que ele estaria indo embora. Durante aqueles poucos dias de convivência, ambos foram o suporte de Susan para passar pelo luto e do jeito dele, Simon tentava ser o mais prestativo possível nas tarefas da casa, ou ajudando Susan nas compras, ou pequenos serviços que normalmente Oliver se encarregava. Por dentro, era estranho pra ele, aqueles últimos dias serem os últimos normais de uma vida inteira. No caso de Sora, ele a auxiliava sempre que precisava levantar, pegar algo, até que não fosse mais necessário, era estranho, cuidar de alguém e para Sora, que sem James, aprendeu a cuidar de si mesma, deixar ser cuidada.

Dentro do escritório, Kate pensava rapidamente em como abordar o assunto, mas Simon foi mais rápido.

"Poderiam ter chegado mais cedo. Muita coisa aconteceu aqui." - ele cruzou os braços e encostou na estande de livros, seu tom de voz demonstrava uma passivo-agressividade que parecia ter contido até aquele momento.

"Tivemos problemas do lado de Price, na Rússia." - ela suspira - "Estivemos tentando tirá-lo do Gulag a todo custo."

"Conseguiram?"

"Felizmente sim, com algumas consequências." - ela diz, dando a entender que do lado de lá, perdas aconteceram também.

"Entendi." - pontou secamente.

"Falamos com os agentes e você está livre para voltar." - ela anuncia.

Ele, parecia ter esperado aquela resposta, mas assim como Sora sentia uma certa ansiedade, ele também, mas naturalmente, não demonstrou de imediato para Laswell, sem a máscara, suas expressões faciais ficavam expostas, ainda que ele as controlasse bastante o tempo inteiro, algo que já era inconsciente.

"Iremos investigar mais a fundo se não existem mais deles por aqui. Por hora, você deve voltar à Inglaterra assim como ordenaram ou seus superiores da SAS e esperam que você reporte a missão." - ela suspira - "Você já indicou onde estão os corpos dos outros?"

"Sim, disse aos agentes, eles encaminharam a equipe da perícia, sobre as burocracias de envio dos corpos... Acredito que eles já estejam conversando com as autoridades Inglesas, não estive a par desse processo pois estive... Ocupado." - comenta, dando a entender que seu envolvimento com a situação de Sora e Susan foi priorizada no momento.

"Entendo." - ela descruza os braços e coloca as mãos dentro dos bolsos. - "Bom, temos que ir." - ela ia andando em direção a porta.

Receoso, ele abre a porta e todos saem, na sala, Laswell percebe a moça de características peculiares.

"Essa é Sora." - Simon a apresenta, com a aquele jeito meio que sem cerimônias - "Ela me ajudou por um tempo."

Sora apenas esboça timidamente um sorriso para a agente, que fica curiosa com a moça.

"Só vou pegar a minha bolsa e já venho.'' - ele avisa Laswell e rapidamente sobe as escadas.

Sora se dá conta de que ele está indo embora, ela respira profundamente, sem saber o que sentir, ela mantem a almofada sobre o corpo e a pressiona levemente. Laswell percebe que a moça está levemente incomodada com a presença dela e dos agentes e a ausência momentânea de Simon. Rapidamente ele desce as escadas.

"Pronto, eu só preciso de um minuto." - ele avisa Laswell, que entende que ele quer se despedir das duas.

"Vou esperar lá fora." - ela sai junto com os agentes o deixando dentro da residência com as duas.

Sora se levanta e o momento a deixa um pouco constrangida.

"É isso." - ela solta, um pouco sem graça por não saber bem como se despedir dele.

"Obrigado." - ele assente e pisca levemente os olhos, dando ênfase ao agradecimento.

Ambos não sabem bem se se abraçam, se apertam as mãos e ela sente a tensão sobre seus ombros assim como ele.

"Eu que devia te agradecer." - ela sorri.

"Estamos quites então. Cuidado se for andar de novo por ai." - ele murmura, como se estivesse com vergonha daquelas palavras.

"Pode deixar." - ela sorri novamente, e espera que ele faça algo.

"A oferta está de pé se tiver interesse."

"Obrigada, mas aqui é o meu lugar." - ela confirma mais uma vez sua decisão.

Ele aperta os lábios e estende a mão, ele a aperta com firmeza e assente novamente com a cabeça. Nesse momento, ele sente sua garganta secar, e ela um nó na garganta.

Logo após ele aperta a mão de Susan e a agradece pela estadia, pede apenas que avisem na oficina que ele não irá mais e ela confirma. Ele abre a porta e ambas vão até a mesma, lá fora, há um carro dos agentes que os esperam. A neve cai novamente em flocos mais delicados e pousam no cabelo de Simon. Ele vira-se de lado e diz baixinho para si mesmo.

"Adeus, Sora."


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