No dia seguinte,as autoridades chegaram no local com um cenário de caos a sua frente, Simon estava envolvido e por sorte, conseguiu provar sua ligação com o exército britânico, algo que renderia um inquérito a parte depois, mas por hora, o Estado tinha que restaurar a força policial da cidade, visto que o confronto do dia anterior tinha causado um massacre de ambas as partes. A cidade que nunca tinha visto tal acontecimento, estava em choque e logo, um pequeno jornal local tinha a tarefa de cobrir o furo. Simon evadiu-se do local imediatamente em direção ao centro de saúde onde tinha deixado Sora. Lá, a encontrou melhor, tinham retirado a bala e uma cirurgia de emergência tinha sido feita, os sinais vitais estáveis da moça era tudo o que importava pra ele no momento.
"Bom dia." - ele entra no quarto, acompanhado de uma das enfermeiras.
Ela lentamente abre os olhos e sorri pra ele.
"Trocaram seu curativo?" - ela pergunta ainda com a voz e o semblante exauridos.
"Sim, logo depois que deixei você ontem."
"Oliver...?"
A pergunta sobre o Xerife o deixa silencioso por alguns minutos, é claro que o seu silêncio já era uma resposta mais pesada e dura do que se ele falasse o que tinha acontecido e aquilo foi suficiente para Sora. Ela respirou fundo, mas sentiu uma pontada assim que o fez.
"Eu sinto muito. A mulher dele já sabe."
"Ah Susan..."
A enfermeira deixa a sala por alguns minutos, depois de conferir se está tudo certo com o curativo e o soro de Sora.
"Os agentes vão vir aqui? Oliver disse que teria que reportar a situação... tudo o que eu disse."
"Provavelmente."
Ela sente seu peito afundar, talvez ela teria que responder por algo sobre o caso e o medo de ser presa foi algo real no momento, ela se aninhou na cama e colocou as mãos na testa preocupada.
"Você agiu por legítima defesa, e eu não sei se posso garantir, mas posso tentar conversar com eles. Eu sou testemunha também." - ele tenta passar um pouco de tranquilidade para Sora mesmo diante das burocracias que os aguardam.
"Se ao menos Laswell pudesse intervir..." - pensou
A falta de mensagens e retorno da sua base o preocupava, sempre quando precisou, a resposta tinha sido imediata, algo tinha acontecido com os dois também provavelmente.
A porta se abre lentamente, a enfermeira pela fresta avisa baixinho que um dos agentes precisa falar com Sora. Impaciente, Simon se põe diante dela e avisa que ela ainda está mal, mas sabe que provavelmente isso não seria empecilho para que eles entrassem, ele já tinha lidado com esse tipo de gente e gostaria de não ter que lidar novamente. Eram duas linhas de trabalho que apesar de trabalharem para o mesmo fim, tinham meios diferentes e algumas burocracias da superfície não interessavam Simon, já que ele sempre agia nas sombras e normalmente lidava com o problema de forma rápida e eficaz. Caso não tivesse sido tão visado o ataque, ele simplesmente iria embora, deixando o problema, que não era mais dele para trás.
Ivan de fato era um psicopata, como explicar a criação de uma outra ramificação em um lugar tão longíquo, uma tentativa de começar algo de um lugar inimaginável, talvez, se não tivesse sido pego pelo próprio ego e tivesse feito as coisas na surdina, seria a chance de um renascimento dessa ramificação terrorista e as implicações no Pacífico Canadá não teriam precedentes.
"Não tem problema, Simon, eu preciso falar com eles."
Ele fica receoso sobre a decisão de Sora, mas a respeita. Ele deixa a sala e então, dois agentes entram e fecham a porta, deixando o mistério do que seria a conversa sobre o ocorrido para que Simon elaborasse para si mesmo.
Depois de quase duas horas, os agentes saem da sala e Simon retorna ao contato com Sora, que ainda se encontra mais abatida.
"Como foi?"
"O processo vai ser longo, mas eu vou ter que passar por ele." - ela suspira - "idas a Vancouver, vou ter que depor muita coisa... Tem que ser feito." - ela muda de assunto assim que o percebe silencioso. - "Você está esperando sua carona não é ?" - ela comenta, tentando trazer um pouco de humor.
"Acho que sim, se ela ainda for vir."
Ele estava cansado, e ser envolvido nisso lhe causava um mal estar, mas ver Sora sozinha lidando com toda a pressão também o fez repensar se talvez ele não poderia tentar ajudar de alguma forma enquanto não existia a comunicação com Laswell e Price.
"Se eu ainda tivesse casa você poderia ficar lá se quisesse." - ela lembra de tê-lo encontrado lendo um dos seus livros, que com certeza tinham se perdido entre as chamas.
"Você pode ter. Eu te disse."
"Um Britânico já foi experiência suficiente." - ela brinca, e segura um riso, fazer qualquer esforço a fazia sentir uma pontada no ferimento.
Ele esboça um sorriso e abafa um riso, mas sabe que dali tá frente, os caminhos provavelmente seriam opostos, de alguma forma que ele não sabia explicar o porquê, ele não queria perder aquilo. Talvez fosse a momentânea experiência de rotina e paz de alguns dias, do crepitar da madeira na lareira e do aroma de chá e café que Sora fazia juntamente com o sabor da comida e dos temperos que ela fazia com os conhecimentos que tinha agregado de gerações, o silêncio da a montanhas e o isolamento. A paz que há muito tempo tivera experienciado.

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Wolf and Raven
Fiksi IlmiahSimon Riley, em uma missão juntamente com Soap e uma equipe de seis soldados, são emboscados em uma operação no estado de British Columbia, no Canadá. Sozinho e ferido no meio de uma densa e sombria floresta, ele está quase a ponto de desistir de su...