"Não, tem que estar em algum lugar." - pensou aterrorizada com o vislumbre da cova vazia.
Ela retirou um papel do bolso, onde tinha anotado as características da árvore e pedras que estavam próximas da cova da primeira vez que enterrou o corpo, caso por ventura o esquecesse e se fosse necessário retornar ao mesmo. Conferiu tudo, a árvore atrás do buraco em forma retangular que tinha cavado, tinha em sua casca uma estrela na parte lateral, que tinha entalhado da primeira vez e que ela conferiu estar certo, então não haveria de ser outro local a não ser aquele.
Ela olhou ao redor, na pequena clareira, a luz da lua iluminava sua imagem e a cova completamente vazia.
"Esse homem não pode ter sobrevivido, eu dei três tiros nele." - pensou aterrorizada até que lembrou do militar em sua casa, que tinha entrado em confronto com terroristas ali.
O sentimento de supor que Dmitri estivesse vivo a aterrorizava e como na época não reportou nada ao Xerife, ela ter deixado um terrorista andar pelas terras canadenses e talvez, causar problemas maiores na região poderia ser algo que a incrimissase no futuro. Ela tinha que sair dali e esperava não ter que encontrar Ghost acordado, não sabia nem ao menos como explicar a situação. Ela precisava sair dali junto com ele o mais rápido possível.
Enquanto jogava terra de volta no buraco, ela pensava em como contar isso a ele, provavelmente seria uma noite que ela faria uma vigília, estaria Dmitri naquela área ainda? Seria ele o atual inimigo de Ghost e sua antiga equipe? Ela não sabia, e por hora, a única coisa que ela tinha que fazer era sair dali, primeiro, porque teve um sentimento de que a qualquer momento alguém fosse aparecer e pelo relato de Ghost, se fosse ele, o tal Dmitri, estaria há uma dezena de quilômetros apenas daquela região, o que não lhe conferia muito tempo para pensar em uma estratégia.
Raciocinou, seriam dois a três dias que Ghost estivera ali, então, se eles resolvessem ir atrás do militar, já estariam próximos se tivessem seguido o rio e aquilo não era bom.
A sua descida não foi tão delicada quando a subida, a possibilidade de ter animais ao seu redor não a apavoravam mais quanto a lembrança dos dias que passou sob terror da vigilância de Ivankov, um dos homens que usava aquela rota escondida no meio da floresta para transportar armas e drogas para dentro e fora dos Estados Unidos.
A construção da cabana pelo pai de Sora e a adição de armamento por ele e James não tinham sido mera coincidência, eles tinham tido conhecimento daquela região e seria uma forma de prover informações e talvez interceptar qualquer ação incomum. James, que de tempos em termos servia em uma das organizações militares para a captura e interceptação de pessoas e armas, ja tinha juntado sua parcela de informação referente aos Russos, mas os anos tinham sido tranquilos por lá, então a Cabana, acabou provendo momentos de relaxamento e até o momento, Sora não tinha conhecimentos dos planos de seu pai e James, na cabeça dos dois, era melhor que ficasse assim, mas ela não tinha sido preparada para a morte de ambos, em um curto período de tempo e nenhum deles, revelou o real motivo de tantas armas ali e nem das rotas que ali se faziam por motivos obscuros.
Após a morte do homem, ou que que achava ter sido o seu fim, Sora tentou uma vida normal em Vancouver, mas a morte de James e de seu pai causou feridas que seriam difíceis de serem curadas, mesmo com a nova vida na agitada capital. Com a certeza de que ele havia morrido, ela retornou a Cabana, e começou o processo de subsistência por meio das trufas, o que já lhes rendiam um bom dinheiro antes mesmo de ela ir embora. Estar ali não a ajudava no processo de cura, ela sabia disso, e aos poucos, ia se deixando definhar juntamente com a degradação das estruturas da casa, até a chegada do Inglês.
Assim que vislumbrou a Cabana, com uma pequena luz acesa na varanda, ela diminuiu os passos, foi até a garagem e guardou os equipamentos, subiu as escadas lentamente e tirou as botas e as deixou para fora. Apagou a luz da varanda e entrou na casa com as mãos trêmulas, tentando firmar a chave para destrancar a porta, assim que o fez, um leve rangido ecoou, o que a fez fazer uma careca de dor, e esperava que aquele barulho não acordasse o inglês.

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Wolf and Raven
Science FictionSimon Riley, em uma missão juntamente com Soap e uma equipe de seis soldados, são emboscados em uma operação no estado de British Columbia, no Canadá. Sozinho e ferido no meio de uma densa e sombria floresta, ele está quase a ponto de desistir de su...