13. Run

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Simon já não aguentava ficar mais um dia se sentindo inútil, apesar de ainda estar bastante ferido, ele resolveu que de manhã iria dar uma mapeada no local, e esperava não topar com nenhuma presença inusitada. Enquanto Sora estava concentrada sem sono no subsolo, ele foi até o guarda-roupa onde achou as botas do falecido James e um casaco de couro, o movimento de esticar os braços para colocar nas mangas do casaco foi desconfortável, e ele rangeu os dentes sentindo a dor dos ferimentos que ainda cicatrizavam ao fazer isso, mas logo, se sentiu pronto para sair. Achou um chapéu de couro em cima do guarda-roupa e o colocou, pensou em falar que ia sair com Sora, porém, já imaginava que ela estaria cansada o suficiente e talvez até dormindo.

Ele esperava que o tempo de sono fosse suficiente e assim que ele chegasse, eles já começariam os preparativos para sair da cabana. Assim que ele pegou o chapéu, ele se viu no espelho pequeno do guarda-roupa e sua imagem, já destoava do que ele estava acostumado, apesar da máscara, Simon mantinha uma rotina de cuidados com barba e cabelo, e agora, os cabelos já começavam a descer e a barba apontar, ele suspirou fundo, não muito satisfeito com que estava vendo, mas ignorou a imagem, e assim que saiu do quarto, certificou-se de que sua faca e armas estavam a postos. Antes de sair, ele resolveu tentar falar com ela, e pela fresta da porta, ele viu a moça de barriga para baixo, com o rosto enfiado nas cobertas, mordeu o lábio e balançou a cabeça para si mesmo. Seus passos para fora da cabana foram leves e ele encostou a porta delicadamente para que sua saída não fosse notada pela moça.

O ar gélido e úmido foi um choque para seus pulmões acostumados com o calor e conforto dentro da cabana e assim que soltou o ar, uma fumaça branca voou para longe saindo de sua boca e narinas. O caminho era incerto, e a cada 200 metros ele marcava as árvores com um talho feito com faca, e assim, seguiu o caminho, não demoraria mais que uma hora para voltar.

"É aqui." - anunciou um dos homens que estavam dentro do Jeep, ao lado do banco do motorista.

O careca de gorro olhou para ele meio que incrédulo, mas parou o carro a alguns metros da cabana de Sora.

"Tem alguém morando aqui?" - perguntou um deles no banco de trás.

"Sim." - o loiro de olhos azuis quase transparentes apontou para a fumaça que saia lentamente da chaminé. - "Não saiam desarmados." - ordenou.

Os quatro desceram do carro e lentamente avançavam até a edificação, prestando atenção no entorno, a neblina havia descido tanto que estava sob seus pés, fazendo um leve tapete branco translúcido. O loiro observou, que algumas coisas tinham mudado, o carro parecia melhor e dessa vez a luminária da varanda parecia estar funcionando. Ele fez um movimento para que os outros três fossem vascular pelos outros cantos externos da casa a procura da moça, enquanto ele avançava para dentro da casa, sem bater, apenas girou a maçaneta e empurrou cautelosamente. O ar avançou juntamente com o Russo, e a cada passo, um leve rangido ecoava, e ele praguejava silenciosamente. Os quadros estavam no mesmo local e na lareira ainda queimava uma tímida brasa.

No seu quarto, Sora despertava, ela olhou no relógio e quase uma hora tinha se passado desde que decidiu desistir das tentativas de achar a senha, tinha apenas chá no seu estômago e ela decidiu que iria providenciar algo para comer e talvez juntar alguns mantimentos para a viagem para fora dos terrenos do seu pai. Assim que se levantou e olhou pela janela, avistou um Jeep estacionando, e seus temores se concretizaram, o horror de ver aquele homem saindo doc arroz a petrificou por alguns segundos, até sentir sua respiração voltar ao normal e a descarga de adrenalina começar a correr pelo seu sangue, ela tinha que sair dali, mas não antes de se pegar alguma arma. Ela tinha segundos pra descer até o porão, pegar o que conseguisse e subir, em baixo, como as paredes eram concretadas, não havia possível saída a partir dali. Ela não assimilou nem o que fez, só colocou uma arma dentro da calça, calçou um tênis velho que estava jogado num canto e foi até o quarto de Simon, por ali, conseguiria sair pela janela sem ser notada e quando viu o quarto vazio, entendeu que estava sozinha. Assim que o fez, o loiro havia dado a ordem em russo e os homens se separaram.

"Se eu sair correndo daqui, eles vão me ver." - pensou enquanto se escorava na parede de madeira da parte posterior da casa.

Enquanto ela pensava, ela ouvia o barulho dos passos dos homens se aproximando e não tinha mais opção, ou ela tentava correr e ganhar distância logo, ou deixaria ser pega, ela tinha que escolher rápido e assim que o fez, partiu em disparada morro abaixo. O barulho de folhas sendo esmagadas pelos seus pés foi ouvido pelos russos, que gritaram e se reagruparam.
Dentro da casa, o loiro ouviu o bradar dos seus companheiros e abafou um riso, ela estava lá. Ele deu meia volta e andou rapidamente até os homens.

"Vão atrás dela, ela não vai conseguir ir muito longe."

Como era uma ribanceira, o carro não conseguiria acessar, o que era uma vantagem para Sora, mas dali pra frente, ela só pensava em desaparecer por entre a mata, e como estava de dia, a chance de ser vista era grande. Não havia plano, nem tempo mais de planejar nada, o que ela precisava fazer era se manter viva e escondida.

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