27. Sorrows

529 61 5
                                        

Pov Sora;

"Sabe Simon, eu sinceramente depois de ter visto minha casa pegar fogo, eu entendi que nada mais me prende as coisas que conquistei, que me sustentam aqui.

Em parte eu me sinto responsável pelas coisas que estão acontecendo, se eu não tivesse sido covarde, talvez sua equipe estivesse viva ainda, talvez você nunca estivesse arriscando sua vida aqui."

Eu jogo tudo sobre ele, e nem penso muito se estou vulnerável ou não, porque pelo seu olhar, parece que ele não se importa.

"Eu só quero que você entenda, que se algo acontecer a esse homem... Porque... eu menti... vai ficar difícil pra mim me perdoar"

Eu observo ele me analisando, ele não move o olhar, está concentrado na minha fala e na minha história o que me deixa um pouco ansiosa, mas eu tenho que falar, ele salvou a minha vida e eu salvei a dele, nisso, temos um pacto mútuo que é implícito, apesar da rasa conexão que temos.

"Eu te entendo." - ele diz, piscando lentamente os olhos concordando com a história inteira sem objeção , sem demonstrar choque, ele assente com a cabeça, não sei se a sua falta de expressões faciais querem me passar tranquilidade -"eu já perdi muita coisas, pessoas." - ele para e observa a montanha com o olhar distante - "e eu acho que enquanto estiver vivo será assim" - ele retorna a me encarar - "mas você não precisa levar a vida assim." 

"Então vamos esperar." - eu seguro no braço dele, é involuntário, eu não quero que ele vá e se arrisque de novo.

Ele morde o canto do lábio e eu sei que não era o que ele queria fazer, ele coloca as mãos dentro do bolso do casaco se desvencilhando de mim, e faço o mesmo. 

***

Pov; Simon

Eu me dou por vencido e concordo com Sora, meu braço volta a doer e sei que daqui há algumas horas tenho que tomar os medicamentos de novo. Já estive machucado antes, mas desde que cheguei aqui, o processo de me curar tem sido desgastante, e ontem, tudo voltou a estaca zero. Naturalmente, eu vivo pelas cobranças e o fardo de ser um soldado, então os machucados, eu tento lidar com eles, mas no fim, apesar de todo o esforço mental que fazemos para estarmos sempre blindados, essas feridas vem nos lembrar que apenas somos carne e osso, e pouco podemos fazer a respeito disso. Ela está certa, eu já perdi pessoas, mas ver uma equipe inteira sob meu comando perecer, tinha sido demais e momentaneamente, eu fiquei cego e aceitar que subir a montanha, poderia ser uma sentença de morte certa.

"Susan vai ter que lidar com mais algumas horas de ausência." - pondero, mas não é o que eu quero fazer. 

Ela assente e parece ter ficado satisfeita com a minha resposta, pelo sorriso apertado de preocupação. 

Voltamos a entrar na casa do Xerife, e a senhora parece ter ficado mais calma ao ver que não deixamos o local. Ela já não tem o telefone em mãos. 

Wolf and RavenOnde histórias criam vida. Descubra agora