O Espetáculo dos Gêmeos

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Na mansão Gleeful, Will ficou no quarto que haviam dado a ele, para que não ficasse naquele porão imundo e frio. Porém, como punição de Mabel por ter interrompido a briga, ele foi obrigado a ficar sentado perto do pé da cama, acorrentado pelo pescoço.

Ele estava nitidamente mais magro que o normal, não estava comendo com frequência e também estava exausto daquela vida miserável que levava, já iria fazer um mês. As semanas passaram-se na mansão gleeful, com os gêmeos fazendo vários shows, viajando e ganhando mais popularidade e dinheiro do que poderiam imaginar.

Will já se acostumou com o modo de agir dos gêmeos e do resto da família, levou um tempo até se acostumar com as torturas, descobriu que quando um Gleeful está bravo, é melhor rezar para quem quer que seja.

Nessas semanas, William foi ficando cada vez mais traumatizado, recebendo insultos, sendo torturado de maneira cruel e sádica, tanto pelos tios avôs, quanto pela gêmea... o único que não tocava um dedo no garoto, era Dipper.

Dipper não se dava o trabalho de defender ou ajudar Will, ele apenas o tratava como um escravo comum, claro, havia insultos e humilhações, mas ele sempre se manteve neutro em relação a Will.

Isso pode ter feito Will gostar de passar mais tempo ao lado do jovem mestre, mesmo que a jovem dama exigia mais atenção.

Will observou que Stanford não era um homem bom nem mesmo com sua família. Ele descobriu isso após uma intensa briga com Mabel, que levou a uma possível agressão.

[...]

Os aplausos de euforia da plateia encheram os gêmeos acima do palco de determinação, eles mostravam um sorriso largo no rosto, com as mãos dadas e as outras levantadas, significando o fim do show, que foi um sucesso.

- Muito obrigada por todos que compareceram nesta linda noite! - Mabel curvou-se diante a plateia com um sorriso meigo no rosto, que atraiu olhares masculinos.

- Não se esqueçam de nós, voltaremos com mais truques semana que vem! - Uma voz firme e segura do gêmeo, fez as vozes femininas estremecerem, exaltadas gritando pelo nome do gêmeo: "DIPPER, DIPPER...!" .

Os gêmeos, contentes com a plateia, trocaram olhares para si mesmos com um sorriso de ambos transbordando maldade. Antes de saírem, fizeram uma reverência e se jogaram atrás das cortinas pretas do palco.

O público foi para fora da tenda, pagando pela entrada a uma adolescente de cabelos ruivos, que tapava parte de seu olho, que agradecia em desânimo e deboche.

- Obrigada por vir, volte sempre... - disse Wendy, uma garota de vestes pretas que guardava o dinheiro no caixa, parecia estar sendo paga para isso.

[...]

A tenda estava imersa em uma penumbra, com o palco levemente iluminado pelos refletores apagados. O cheiro de serragem e suor ainda pairava no ar.

Atrás das cortinas escuras do palco, os gêmeos arrumavam seus trajes em completo silêncio, até Mabel quebrar esse momento de paz.

Mabel, com sua tiara adornada de pedras cintilantes, sempre fora a estrela dos shows, mas sentia-se cada vez mais ofuscada pelo irmão:

- Esse show foi um desastre! Estou exausta de forçar um sorriso para encobrir todos os seus erros, Dipper! - Afirmou Mabel, trincando os dentes e cruzando os braços, virando-se para o irmão de costas.

- Do que você está falando? O show foi um sucesso, foi um dos que mais atingiu o número de participantes. - Virou para a menina de postura ereta e rosto emburrado.

- Como você tem a cara de pau de dizer isso, depois de ter roubado meu número?! Seu incompetente, ensaiamos esse número milhões de vezes - o tom de Mabel aumentou, fazendo um escândalo ali.

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