Na mansão Gleeful, havia uma grande biblioteca nos fundos da casa que era escondida. Will acabou achando a porta escondida por acaso enquanto limpava os fundos dos cômodos. Quando abriu, viu que era uma espécie de biblioteca bastante antiga, então curioso, entrou lá dentro.
A biblioteca estava mergulhada em sombras profundas, o cheiro de mofo e papel envelhecido impregnando o ar, então, Will teve que conjurar uma chama azul nas mãos, lançando um brilho espectral nas estantes empoeiradas.
Os olhos de Will brilharam ao ver as fileiras intermináveis de livros. Ele mal podia conter a excitação ao pensar em passar os dedos sobre as lombadas empoeiradas, então ele estava bastante ansioso por ter uma biblioteca na mansão. Andou pelos corredores escuros e extremamente silenciosos, que dava calafrios no garoto.
O silêncio começou a ficar desconfortável, então ele começou a andar mais rápido, sentindo uma presença em suas costas, isso o deixou come medo, mas ignorou pensando que pudesse ser coisa de sua cabeça. Ele correu até um corredor com enormes estantes de madeira escura, preenchida inteiramente de diversos livros diferentes. Aumentou a força da iluminação de sua chama, este começou a ver com mais clareza os livros, um em específico chamou sua atenção.
Um livro de capa azul, meio suja e bastante empoeirada, era o único livro colorido em meio de tantos livros de cores escuras ou neutras. Flutuou seu corpo, tirando levemente os pés do chão, já que seus poderes eram bastante limitados, ele não podia abusar muito. Conseguiu por pouco alcançar o livro, que era pesado e de capa dura, ao pousar no chão, olhou a capa do mesmo vendo que havia o número dois estampado.
Isso deixou William bastante intrigado, ele foi andando pelos outros corredores escuros que eram iluminados pela chama azul, até chegar em uma mesa que tinha uma vela usada no meio, e mais alguns livros jogados. Ele acendeu a vela inteira com a chama, usando magia para que não derretesse tudo de uma vez e se sentou na cadeira abrindo o livro.
Ao analisar melhor o livro pôde ver que o livro tem lombada grossa e robusta, sugerindo que contém uma quantidade significativa de conteúdo, a capa é azul clara com um grande símbolo de mão dourada no centro. A mão tem seis dedos, e isso pareceu muito familiar para Will. Os cantos da capa possuem detalhes dourados, que conferem ao livro uma aparência envelhecida e mística, há um marcador de fita pendurado na parte inferior do livro com um pequeno enfeite circular preso no final, como se fosse uma espécie de óculos de um olho só e existem sinais visíveis de desgaste, como uma seção rasgada na parte inferior da capa, indicando que o livro foi usado extensivamente.
Com a sobrancelha arqueada em curiosidade, Will se perguntou se haveria mais volumes semelhantes. Cuidadosamente, ele abriu o livro, revelando páginas amareladas e desgastadas pelo tempo, como se contivessem segredos há muito tempo, esquecidos. Havia um papel colado com fita adesiva escrito: "Propriedade de..." a outra parte foi rasgada. Então ele começou a folhear o livro, vendo as páginas repletas de desenhos de monstros, pessoas e entre outras coisas mágicas e informações sobre cada uma daquelas coisas.
Will deu uma olhada nos livros da mesa, então viu um deles abertos, com anotações sobre um tipo de ritual, Will leu em sua mente, bastante confuso, mas decidiu ignorar e voltar a sua leitura, que era o que mais importava para ele. O autor nunca se revelou em meio às escritas de letras cursiva e bastante bonitas.
Isso deixou Will bastante curioso, ele passou um tempo lendo as páginas, ficando mais intrigado sobre os segredos da família Gleeful. No meio de sua intensa concentração, no que parecia ser um diário, Will ouve a porta abrir e se assusta, dando um pulo pelo susto. Ele se levantou conjurando uma chama azul em sua mão, para olhar ao redor, vendo o feixe de luz que o lado de fora trazia para dentro da biblioteca escura.
Ele não viu ninguém, mas sentia que havia alguém ou algum ser dentro da biblioteca. Se afastou brevemente da mesa de livros e tentou enxergar os fundos mais escuros da biblioteca, não viu nada, apenas viu uma profunda escuridão silenciosa, que o causava medo. Ele respirou fundo, meio aliviado, pensou que poderia ser o vento ou algo parecido. Mais relaxado ele se virou para se sentar e mal conseguiu conter sua ansiedade ao ver um homem bastante alto em pé em frente à mesa de livros que Will estava, lendo o diário aberto na mesa.
A presença daquele homem era extremamente forte, fazendo Will tremer e se afastar por instinto, seus olhos repletos de horror e medo se levaram a olhar o rosto do homem, que reconheceu, era Stanford. O homem alisava seu queixo enquanto via o diário aberto, parecendo ler. Ele arrumou seus óculos e se virou para Will, com aquele rosto sério, repleto de maldade.
- Algumas portas devem permanecer fechadas, garoto, e você deveria saber disso. - disse Stanford, sua voz reverberando pelas paredes da biblioteca.
Will tentou se mover, mas sentia suas pernas travadas pelo medo. - Eu... eu só estava curioso - gaguejou, tentando encontrar sua voz
- A curiosidade pode te levar a morte, sabe disso, não sabe? Nunca ouviu o ditado popular? A curiosidade matou o gato. - Stanford deu um passo à frente, a luz fraca da chama azul de Will refletindo em seus óculos, tornando seus olhos praticamente invisíveis.
Will desviava o olhar repetidamente, suas pernas tremendo com a proximidade de Stanford. Abaixou a cabeça, deixando o cabelo cobrir parcialmente seu rosto pálido de medo. - Me... me desculpe, eu fiquei intrigado nas escritas. Foi você que escreveu, Mestre? - a gagueira não parou, manter uma conversa com Stanford era realmente difícil para Will.
Stanford sorriu, mas não era um sorriso amigável. - Este é apenas um dos muitos volumes que documentam o conhecimento acumulado por mim ao longo de alguns anos. Conhecimentos que não devem ser desenterrados por qualquer um. - Pegou o diário e o fechou, o som da colisão das páginas ecoou pela biblioteca.
- Mas eu acabei perdendo um deles com o tempo. Como eu disse antes, você não sabe de nada desse mundo, nem do nosso universo, William. Essas coisas parecem sobrenaturais para você por enquanto, mas logo vão fazer parte da sua vida. Não era para você estar aqui se distraindo era? - perguntou de maneira fria e maldosa para Will, enquanto segurava o diário fechado em suas mãos.
- Não... p-por favor, mestre, não vai acontecer de novo. Eu... eu já estou saindo. - Will sentia o coração martelar no peito e um suor frio escorrer pela testa enquanto tentava desviar o olhar de Stanford, então ele viu a mão de seis dedos se aproximar do rosto de Will e pegar sua mandíbula.
O coração do ser disparou, seus olhos lacrimejaram pela força do homem, que apertava sua mandíbula em pura maldade. - Não quero mais te ver nesta biblioteca William. É um espaço particular, não venha aqui sem eu lhe mandar entendeu? - O rosto do velho se aproximou do de Will, ambos olhos azuis se encararam, um em submissão e outro em dominação.
- S-sim senhor... - a voz frágil e amedrontada de Will, deixou um sorriso satisfeito em Stanford, que empurrou seu rosto fortemente para trás, que fez o menor ter de se segurar na mesa para não cair no chão.
Will sem pensar duas vezes correu dali. Ao sair da biblioteca de maneira apressada e horrorizada, ele foi para sala da mansão, recuperando seu ar. Ele mordeu o mesmo dedão que sempre mordia, acalmando sua ansiedade. William após ficar mais relaxado, pegou o tablet que havia guardado na gaveta da estante de madeira escura e que estava cheia de objetos de valor.
Ao analisar, viu que os gêmeos teriam uma sessão de fotos para uma revista e que Will teria que ajudar a preparar tudo. Tentando deixar a tensão para trás, ele se concentrou na tarefa à frente, mas as palavras de Stanford ecoavam em sua mente. Os segredos da biblioteca e o poder contido nos livros não seriam facilmente esquecidos.
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Correntes D'água.
Fantasy⚠️ Aviso: o conteúdo da história pode ser sensível a alguns, contendo assédio e assuntos relacionados abordados, leia por sua própria conta e risco. ⚠️ Em um universo que foi manchado por forças maldosas, Bill e Will, os gêmeos não idênticos estão p...