O Retorno.

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Vocês devem estar se perguntando, onde está Bill Cypher? Bom, vamos pular um pouco para o passado, vamos ver o que se passou com o irmão mais velho de Will.

[...]

O tempo que Bill passou imerso na escuridão de seu quarto, que cheirava a madeira molhada, tentando aguentar aquele demônio que rondava sua mente, seu domínio aumentando a cada momento, sufocando a sanidade de Bill, pareceu enlouquecê-lo de verdade. Bill sabia que havia um jeito de controlar esse demônio, mas isso era difícil. A casa estava inteiramente bagunçada e destruída em alguns cômodos, isso sendo causado por Bill em seus momentos de crise.

Bill estava deitado no chão do quarto, suas mãos agarrando os cabelos loiros, quase os arrancando em desespero. A escuridão da sala era pontuada por símbolos misteriosos rabiscados nas paredes, um código insano que parecia gritar em sua mente. A dor de cabeça latejava, como se milhares de martelos estivessem batendo em sua têmpora, cada golpe, um passo mais perto da loucura, incessantemente, como se milhares de martelos estivessem batendo em sua mente

Seu corpo suava frio. De repente, em um acesso de raiva, ele bateu a cabeça no chão. A dor aguda o trouxe um breve momento de clareza. Respirou fundo, sentindo o ar gelado preencher seus pulmões enquanto se sentava, cambaleando ao levantar-se. A luz trêmula do abajur revelou o caos: móveis quebrados, quadros despedaçados.

Ele olhava o caos que criará com uma mistura de horror e resignação. A promessa de poder parecia tão atraente, mas agora parecia uma prisão. Ele não podia deixar Will sozinho naquela casa. Não podia deixá-lo sofrer. Bill esfregou os olhos dourados com pupila fina, suas olheiras eram visíveis, Bill não dormia a dias e isso estava o fazendo mal com suas alucinações.

- Essa merda não para! Eu tô enlouquecendo! - Exclamou Bill, resmungando enquanto alucinava com silhuetas de sombras de pessoas.

Ele saiu do quarto e respirou fundo, esfregando seu rosto cansado. Embora estivesse exausto, a adrenalina corria por suas veias, alimentando um impulso incontrolável de agir, talvez até socar algo para liberar a tensão

Caminhou até a cozinha, onde a luz do sol penetrava pelas janelas, um raro vislumbre de normalidade. O ar cheirava a café velho e mofo, lembrando-o de quantos dias havia passado trancado naquele lugar. Ao abrir a geladeira, uma garrafa de água gelada parecia prometer algum alívio. Mas ao apertá-la, a água jorrou para cima, encharcando seu rosto.

- Droga! - gritou Bill, reconhecendo que seus poderes estavam novamente fora de controle.

Ele sabia que seus poderes eram alimentados por suas emoções. A raiva e a adrenalina eram gatilhos potentes, mas também eram perigosos. Ele precisava aprender a domá-los se quisesse usar a magia sem ser consumido por ela.

Bill descobriu que pode voar, mudar de forma ou tamanho, criar chamas azuis e que tinha super força, por enquanto. Ele sabia conjurar as chamas quando quisesse, esse devia ser seu poder mais fácil, agora o resto, precisava de uma contagem significativa de raiva, sim, seus poderes eram usados à base de raiva ou adrenalina.

Após limpar seu rosto, Bill tropeçou em um livro espalhado, este com páginas rasgadas pelo chão, resultado de uma crise anterior, o mesmo livro que usou para invocar o demônio, porém Bill ignorou o livro, ele era orgulhoso e queria provar ao autor do diário de que ele estava errado sobre falar que era impossível controlar o demônio, estava determinado a dar uma lição naquela peste que chamam de demônio da mente.

Bill não saía de casa com frequência pois sentia que todos o observavam, e era de fato, o demônio fazia Bill alucinar com tudo à sua volta.

Bill está mais adaptado para sair atrás de seu irmão e finalmente o tirar de uma vez por todas dos malefícios dos Gleeful, Bill nunca vai perdoar seu pai por ter feito isso com Will, mas também nunca vai se perdoar por ter permitido esse acontecimento.

Bill sabia que não poderia ficar ali para sempre. A cada dia que passava, a influência do demônio parecia enfraquecer sua determinação. Ele precisava sair, precisava encontrar Will. Com um último olhar para o caos que era sua casa, Bill vestiu um casaco surrado amarelo e se dirigiu à porta.

A luz do sol lá fora parecia quase estrangeira após tantos dias de reclusão. Caminhou pelos corredores marcados por símbolos demoníacos que pareciam brilhar mais intensamente no escuro, lembrando-o constantemente do preço de seu poder. Ao sair, seus olhos queimaram com o sol, estavam mais sensíveis que o normal, isso o incomoda bastante.

Ele saiu andando do local, sua casa era um pouco longe da cidade, já que ficava em uma grande cada, bastante bonita por sinal, no meio de uma floresta, seus pais gostavam da privacidade, ou deveria dizer, apenas seu pai gostava de saber que não havia ninguém para ver os maltratos que fazia a própria família, Bill sentiu um amargor em seu coração só de pensar nisso.

[...]

Quando chegou nas ruas, ele podia sentir olhares sobrenaturais acima de si, Bill encarava de onde este sentimento vinha, isso: "Isso me incomoda demais, puta merda!", pensou consigo mesmo ao ver uma senhora e uma criança em um carrinho o encarando fixamente com os olhos inteiramente amarelos e pupilas finas.

Bill sentiu calafrios percorrerem seu corpo e suspirou, tentando ignorar o desconforto. Enquanto pegava seu celular com a tela trincada, refletia sobre o próximo passo. Procurou pelo endereço dos Gleeful, determinado a acabar com aquilo de uma vez por todas.

Bill estava controlando sua raiva para o momento certo. Ele tinha um plano simples em mente: pegar Will assim que o visse e exterminar a família Gleeful. Pensamentos obscenos e brutais sobre massacrar a família Gleeful invadiram sua mente, arrancando uma risada involuntária enquanto caminhava. As pessoas ao redor começaram a olhar, mas Bill estava tão mergulhado em seus devaneios sombrios que não notou. Sua sanidade pendia por um fio.

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