Amiga?

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- WILLIAM! NÃO FAÇA ISSO! - exclamou Dipper, que segurava os pulsos encharcados de Will.

A gritaria era tanta, que chamou a atenção dos que não eram tão gentis, os Stans. Naquela hora, separaram Dipper e Will.

[...]

Um longo tempo se passou após aquela bagunça na cozinha, William foi preso no porão, amarrados a clássicas correntes azuis, dos pés ao pescoço. Um olhar tão vazio, tão devastado gritava em seu olhar. Seus poderes de regeneração, eram fracos, devidos aos experimentos que faziam com sua magia e corpo.

Ele tinha curativos no pescoço, rosto e pulsos, suas ele não estava vestindo sua camiseta, mas suas costas não sangravam ou ardiam, ele estava recuperando a consciência de si, o que havia acabado de fazer?

Ele tinha hematomas no rosto, por golpes dados por Ford. Essas memórias passam rápido na mente do pequeno, que abraçou seus joelhos e escondeu seu rosto por estar se arrependendo. Ele não conseguia mais chorar, de tanto que já havia feito tal ato, era como se nada mais saísse dali.

Seu coração ainda estava despedaçado, mas começou a pensar melhor no que o gêmeo havia dito: "Eu não amo ninguém...", antes de hesitar. Bill veio a sua mente, por que?

Ele ouviu passos acima, sabia que era alguém vindo até o porão. A porta se abriu e uma silhueta pequena e feminina desceu as escadas devagar e meio tímida. Will se afastou, se limitando pelas correntes que o prendiam no chão, não esperava que fosse ver Pacífica.

Ela o olhou horrorizada e apreensiva, caminhou até o menor e se sentou em sua frente em silêncio. Will olhava para ela perplexo e constrangido, não conseguia manter contato visual.

- Will... você está bem? - Perguntou com uma voz baixa e suave.

Will apreensivo, não respondeu, ele não concordou nem negou, apenas lhe lançava olhares aterrorizantes, que indicavam seu medo. Pacífica respirou fundo e encostou na parede.

- Eu queria te ajudar. E se eu tentar tirar essas correntes? - Ela aproximou a mão puxando a corrente do tornozelo.

Afastou a mão quando Will resmungou em mágoas assustado. Ela pareceu assustada, com medo de machuca-lo.

- M-me desculpe! Eu queria te ajudar... - Gaguejou com a voz trêmula, afastando suas mãos.

- Escuta... não é sua culpa tudo aquilo, o Dipper é um idiota! - Essas palavras de suposto conforto deixaram Will confuso, que o fez a olhar.

Ela tinha suas feições tristes e cansadas, mas nenhum indício de que havia chorado.

- Você não tem escolha a não ser aceitar. Mas você tem um coração puro. Eu quero te ajudar, o que eu posso fazer? - Insistiu a loira.

Ela sabia que Will era um escravo da família Gleeful, mas o que lhe contaram foi diferente, uma pequena história fajuta de que Will foi um demônio invocado por um ritual, no qual a loira acreditou, já que a cidade onde moravam era bastante conhecida por ter coisas estranhas acontecendo.

Will a olhou com aquele olhar perdido e machucado, levou seus olhos para o chão.

- Eu sou um f-fracasso. Eu não sou bonito, ou naturalmente agradável, ou amigável. Não sou forte, engraçado, confiante. Eu sou o que meu pai falava, fraco, um capacho - A voz fraca e frágil atingiu o coração de Pacífica.

- Não! você é forte, inteligente e é uma gracinha! É sério, você é um sonho! - Pacífica tocou seu próprio peito, indicando que as palavras vinham de seu coração.

- Nós fomos enganados, acredite se quiser, mas não é a primeira vez que os Gleeful enganam minha família. Você é importante Will, você é importante pra mim agora! - Tentou confortar o garoto.

- Eu queria ser você. você é tudo o que eu gostaria de ser. Sua família deve ser incrível, sua vida deve ser muito legal. Eu sou um demônio agora, como minha vida foi condenada ao inferno de repente? - Ele encarou suas palmas, segurando um mar de lágrimas.

- Não posso simplesmente fugir, você não pode me ajudar. - Juntou as mãos suadas e molhadas pelas lágrimas.

Pacífica tinha plena consciência do que Will fazia e como era tratado. Mas no começo, pensou que tudo aquilo era normal, já que ele aceitou o contrato. Mas ouvindo melhor, pensando melhor, não foi bem assim.

- C-como deixaram você entrar? - Will a olhou curioso.

- Ah, foi algumas pressões aqui e ali...

[Flashback On]

- O que você fez, Dipper?! - Exclamou Ford, irritado.

- Eu não fiz nada! Ele ficou maluco e começou a querer me atacar! - Dipper se defendeu.

- O Will não faria isso, você me disse que ele era super calmo! - Acusou Pacífica

Dipper a olhou com raiva, não era para ela se intrometer.

- E quem é você para dar algum palpite no Will?! - Mabel encarou Pacífica.

- Uma pessoa muito melhor que você, pelo visto! Stanford, não há como Will ter atacado assim do nada! Dipper me afirmou o quão calmo ele era! - Pacífica gesticulou com as mãos, tentando ter a atenção para si.

- Não escuta ela, tivô Ford, a gente convive com o Will! Deve ter surtado de amor pelo Dipper! - Mabel cruzou os braços.

Pacífica a olhou confusa, e Stanley olhava para todos.

- Acalme-se, Ford. Pacífica tem razão, o garoto sempre foi muito tranquilo, não há como ele ter apenas surtado sem um motivo. - Sussurrou Stanley.

Ford olhou para todos naquela sala, então parou o olhar em Dipper, que o olhou amedrontado, engolindo seco. Mabel observou aquela interação, e apertou sua barriga, parecendo nervosa e Pacífica não entendia a tensão dos gêmeos.

- Mason Gleeful. Será que eu vou ter que usar o sino? - Ameaçou Ford, uma voz grossa e bruta saiu de sua boca.

Dipper Gleeful sentiu um calafrio percorrer sua espinha e a ameaça socar seu peito.

- N‐não senhor. - Abaixou a cabeça levemente, em forma de respeito.

- Diga a verdade! - exclamou Ford

- M-mas é a verdade! - Dipper insistiu, parecendo nervoso.

Pacífica semicerrou o olhos desconfiada, nem mesmo Mabel interviu. Sabia que os Gleeful eram maldosos, mas sera que haviam um motivo?

- Senhor Gleeful, se é tão verdade assim que Will apenas enlouqueceu, eu quero provar que não! Me deixe vê-lo e conversar com ele! - Pacífica olhou para Stanford determinada a provar a inocência de Will.

- O que? Você não vai deixar, né Tio Ford?! - Mabel disse indignada

- Vá! - Ordenou Ford

- Mas...

- Eu disse, vá! - Cortou com grosseria, Mabel, que olhou para baixo envergonhada.

Pacífica foi sem pensar muito, olhou para trás, vendo a situação tensa da família.

[Flasback Off]

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