Correntes D'água.

Desacertos

O capítulo a seguir pode conter gatilho, leia por sua própria conta e risco.

"Ter um rosto bonito, não significa ter um coração bonito."

[...]

Os gêmeos já se arrumaram com roupas mais confortáveis e que possibilitavam seus movimentos. Fomos até a enorme quadra da mansão, um local aberto e bastante bonito, mas nada tão chamativo, provavelmente nem usavam aquele lugar.

Eu esperei ambos se alongarem enquanto eu colocava a música escolhida na caixa de som que era média, conectei o celular do jovem mestre na caixa de som e vi pela barra de notificações o nome "Pacífica", franzindo o cenho, li rapidamente o que ela dizia: "Estou indo até a quadra...".

No momento em que li, ouvi a garota passar pela porta da quadra e acenar alegremente para Dipper, que acenou de volta. Eles se abraçaram e senti um pontada de ciúmes da jovem dama, eu me sentia assim também...

Ela não trouxe Gideon, estava sozinha. Fiz o que tinha que fazer, coloquei a música e evitei contato visual com o jovem mestre, mas algo ainda martelada minha cabeça, será que o jovem mestre me beijou para se aproveitar de mim? Acho que o que a jovem dama disse é verdade, ele não me ama de verdade, estou confuso, eu sou muito emocionado.

Coloquei as músicas certas na playlist, me virei para alertar os gêmeos, vendo que a loira entregava um pote cor-de-rosa para Dipper, que aceitou sem hesitar, parecia uma marmita. Tentei não ligar, mas ouvi uma risada feminina e envenenada atrás de mim, era a jovem dama, ela estava rindo de mim.

- Oh, pobre Will, estou sentindo que você está com muito ciúmes. Você não pode ter ciúmes do que não te pertence. - Ela sorriu sadicamente, eu já não reconhecia mais a Mabel que fui ao shopping.

Eu queria gritar com ela, mas não me atrevi nem a olhar para ela. Olhei para baixo, com uma tristeza estridente no peito, mas isso mudou quando vi Pacífica na minha frente, a quanto tempo ela estava ali? Me assustei e me afastei dela, já que seu rosto estava a poucos centímetros do meu.

- Você é o Will? Eu te vi no shopping esses dias, foi mal, começamos pelo pé esquerdo, não foi? Nem tive tempo para reparar no quão fofo você é! Quem diria um demônio fosse capaz de ser tão fofo, pensei que era difícil demônios serem assim, sabe? - Ela apertou minhas bochechas com força, que as deixaram vermelhas.

Eu fiquei em silêncio, com meu rosto exalando confusão, aqueles toques apertados machucaram minhas bochechas, me senti desconfortável, mas eu corei pelo elogio repentino, sou fofo?

- Deixe ele em paz, não tá vendo que tá atrapalhando ele com a nossa dança, querida? - Mabel colocou as mãos na cintura encarando a loira.

- Eu só estou cumprimentando ele! Algum problema? - Pacífica olhou para Mabel com um rosto emburrado.

- Tem sim! Você está tirando a concentração dele, vai fazer ele esquecer de tudo, do jeito que ele é burro! - Meu coração apertou pela humilhação, olhei para baixo constrangido.

- Ele não é burro, pelo visto é mais inteligente que você! - Retrucou Pacífica, deixando Mabel boquiaberta para Dipper, que riu baixo.

- Ela está certa, maninha, já esqueceu que ele é um prodígio? Quem você acha que organiza todos os shows para nós? - Ele continuou para Mabel.

A situação estava ficando desconfortável pra mim, eu me senti o centro das atenções e eu odeio isso. Pacífica é tão bondosa, Killing estava falando besteiras para me manipular. Mas eu ainda sentia ciúmes das interações dela com Dipper.

- M-melhor se apressar, jovens, v-vamos lá. - Eu liguei a música.

Fiquei na frente dos gêmeos que estavam prontos para começar. Respirei fundo e comecei a ditar os passos que havia criado.