Duas situações inesperadas

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10 de abril de 2015

Acordei cedo e ao olhar no espelho, me lembrei do duro golpe sofrido no dia anterior. Passei a pomada e fiz o curativo, conforme o solicitado pela enfermeira. Meu olho estava um pouco roxo e o curativo logo acima da sobrancelha não me deixava com uma aparência melhor. Problema maior foi ter que ficar dando explicações para minha mãe que fingia preocupação exagerada e o meu pai sendo irônico ao dizer: "Agora sim, vejo que meu filho resolveu agir como homem, até em briga está se metendo!"

O comentário do meu pai me remeteu ao meu aniversário de dezoito anos, no ano passado, quando ele me chamou para sair no dia do meu aniversário, dizendo que tinha uma surpresa para mim. Eu imaginei que ele me levaria numa concessionária para escolher um carro de presente, afinal, foi isso que ele fez com a Fê, que ganhou um carro ao completar dezoito anos. Contudo, grande foi a minha decepção ao perceber que ele me levou para um bordel e me apresentou às meninas da casa dizendo: "Este é o meu filho, ele é um pouco tímido, mas tenho certeza que ao começarem brincar com ele, essa timidez passa. Não é mesmo filhão?"

Uma das garotas da casa se aproximou de mim enfiando a mão por dentro da minha camiseta enquanto outra apalpou a minha bunda. Eu fiquei nervoso, pois nunca ninguém tinha tocado em mim daquele jeito.

— Qual o seu nome bonitão? – perguntou a garota loira com cabelos curtos que se aproximou passando a mão no meu rosto.

Eu recuei instintivamente.

— Hum, ele parece assustado! — falou uma garota negra já roçando em mim — Serei a primeira a montar e domar esse garanhão – todas riram.

— Deem um belo trato nele. Aqui tem o suficiente para vocês três – meu pai disse entregando um pacote a elas e indo embora – Volto quando terminarem. Divirta-se filhão – saiu dando um tapa nas minhas costas.

Depois que ele saiu elas me levaram para um quarto e começaram a rir e falar do quanto eu era bonito, que não era muito forte, mas um pouco de academia resolveria isso.

— Deixe-me ver seu instrumento – a loira falou se agachando em minha frente e tentando desabotoar as minhas calças. Coisa que eu não permiti.

— Ei guri! Relaxa, deixa a gente brincar um pouco contigo. Você vai gostar – disse isso afastando minha mão e enfiando as mãos dela dentro da minha calça. Meu coração parecia que ia sair pela boca, meu corpo reagia de um jeito, mas meu desejo era o de sair correndo dali e minha cara devia mostrar bem isso.

— Olha, temos alguma coisa aqui se tornando bem firme! – falou olhando pra mim com um olhar malicioso.

— Não! – consegui dizer em meio tom ao me afastar novamente.

— Meninas, parem! – disse a garota negra. O que fez as outras duas recuarem e se sentarem ali por perto – O que foi garoto, nunca esteve com uma garota antes, nem uns amassos?

Senti-me envergonhado, mas admiti ao menear que sim com a cabeça.

— Entendo – respondeu a garota negra que deveria ter uns vinte e três anos – Meninas, estamos diante de um caso clássico – falou olhando para as outras duas garotas. Depois, voltou seu olhar para mim — Escute garoto, recebemos muitos pais aqui que, preocupados com a sexualidade de seus filhos, por acharem que são homossexuais, ou por serem muito tímidos, pedem que os iniciemos através de nossos serviços.

— E que serviços! – a loira riu sacudindo seus seios ao meu lado. Eu olhei de maneira envergonhada.

— Acontece que nós nunca vamos adiante se o jovem trazido a nós não deseja isso – falou de maneira ponderada — Nós sabemos o que é ser tocada quando não desejamos isso. Então vou lhe perguntar: você quer isso?

Meu último dia de vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora