Festa na piscina

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12 de abril de 2015

O domingo amanheceu tão silencioso quanto a entrada da noite de sábado. A casa parecia vazia, isso significava que meus pais não haviam voltado para casa e a julgar pela mensagem que me enviaram, iam passar a semana inteira fora. Uma semana inteira de silêncio dentro de casa. Devo confessar que embora o clima entre meus pais e eu não seja o melhor, estar sozinho numa grande não é algo que me deixe confortável. Um ou dois dias ok, mais do que isso é horrível. Sou uma pessoa de poucos amigos, mas não chego a ser antissocial. Terei que ser criativo para não sucumbir ao tédio.

Pensando bem, eu poderia organizar uma festa. Ser de última hora não é um problema, pois as pessoas adoram uma festa. Ainda mais se não precisam pagar nada. Após tomar café, fui ao Atacadão comprei tudo o que eu consegui utilizando o cartão de crédito adicional que meu pai me deu. Tenho certeza que no clima no qual os dois estão, não se importariam se eu organizasse uma festa. Ao chegar do mercado, disparei uma mensagem no grupo do trabalho, outro no grupo de amigos que tinha apenas cinco pessoas. Sarah, Hiroko, Beatriz, Felipe e eu.

Depois de enviar a mensagem eu a apaguei. Afinal, das quatro pessoas do grupo, certeza que só viria a Sarah. A Hiroko não seria tão cara de pau de, depois de me bloquear, dar as caras numa festa organizada por mim. Beatriz e Felipe se casaram e estavam nos Estados Unidos. Então, decidi permitir que cada convidado trouxesse um acompanhante. A previsão é de que viriam cerca de quarenta pessoas. Contratei um DJ e uma empresa de Truck Food que servia desde hamburgueres à temaki e uma empresa de segurança, quatro pelo menos. Fiz a lista de convidados e acompanhantes e passei o resto do dia organizando a casa para a festa. Tranquei as postas que davam acesso à casa e somente a área da piscina, garagem e quintal estariam disponíveis. Tranquei os quartos de hóspedes, não queria transformar minha casa num motel.

A coisa toda ia começar às vinte horas e terminaria às vinte e três horas. Eu não queria ter que pagar multa por incomodar os vizinhos. Moramos em um condomínio fechado e mesmo que tenhamos autorização para fazermos uma festa em casa sem precisar utilizar o salão de festas, o horário para encerramento é às vinte e três horas.

Algumas pessoas foram chegando e trocando de roupa, afinal, era a festa da piscina, todos deveriam trazer traje de banho se quisessem utilizar a área da piscina. Outras pessoas ficaram ali nas poltronas e puffs que estavam espalhados pelo quintal. Nenhuma daquelas pessoas que chegaram primeiro eram conhecidos meus. A maioria eu via no trabalho, mas não eram pessoas íntimas. Se bem que eu realmente não tinha ninguém muito íntimo a mim, talvez a festa me ajudasse com isso.

Às vinte e uma horas a festa estava cheia, muitos convidados trouxeram seus namorados, outros começaram a se arranjar por ali e a se divertir na piscina. Em uma outra mesa o povo começou jogar truco e a pista de dança começou a ferver. Orientei aos seguranças que se notassem qualquer confusão com gente bêbada ou qualquer sinal de drogas, que esses fossem retirados da festa. Parte da galera estava jogando verdade ou desafio, alguns tentaram me convencer a entrar no jogo, mas eu recusei.

De repente vejo alguém acenando para mim de longe, caminhava na minha direção e falava alto, era ninguém menos que minha chefe, a Márcia.

— E aí Alêêêê! Rapaz, tu é rico e trabalha em telemarketing? Seus pais te odeiam é? – falou isso rindo e me dando um longo abraço.

— Eu não sou rico, meus pais é quem são. Eles fazem questão de me lembrarem isso e estão certos.

— Cara, se eu fosse mais nova e desimpedida, me casaria contigo.

— Olha que eu aceitaria, hein!

— Fala assim não que ainda dá tempo de eu mudar de ideia – nós dois rimos e ela foi encontrar o noivo dela que estava sentado em uma das poltronas.

Meu último dia de vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora