Capítulo 20

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Primeiro Violet achou que estava tendo um mal súbito e por isso havia começado a delirar. Depois de alguns segundos, ainda em pé e fisicamente intacta, achou que estava apenas enlouquecendo e aquele era um delírio causado por sua recém adquirida loucura. Quando percebeu que era real e que ele tinha mesmo pronunciado àquelas palavras, imaginou que de alguma forma pudesse ter entendido errado.

Era isso.

Essa era a única explicação.

— Eu não sei se entendi o que o senhor quis dizer. — foi tudo que conseguiu falar.

O Sr. McColin, que parecia estar se divertindo com aquela situação exasperante, apenas indagou em devolutiva:

— Como eu poderia ser mais claro?

Como? Como ele poderia ser mais claro? Era isso que ele tinha perguntado? Depois de pedi-la repentinamente em casamento, alguém que ele não conhecia sequer há uma semana, ele estava perguntando como poderia ser mais claro?

— Pareceu uma proposta. — falou Violet, meio nauseada.

— E foi. — confirmou ele, o que a deixou ainda mais tonta. — Não exatamente uma proposta de casamento. — explicou. — Não ainda. Mas estou propondo que falemos sobre isso. Acredito que a senhorita possa se adequar aos meus requisitos e eu aos seus.

Do que diabos ele estava falando?

Requisitos?

— Eu não tenho requisitos. — devolveu Violet. — Não tenho porque não acredito que essa seja uma coisa importante quando penso em casamento.

Não sabia de onde tinha tirado coragem para respondê-lo tão prontamente, mas estava tão perplexa e confusa que mal conseguia achar espaço para sentir vergonha.

— Não vou fingir que não consigo deduzir o que a senhora considera importante nessas circunstâncias. — disse ele. — E não vou dizer que sou sínico e desdenhoso sobre a ideia. Também não vou fingir que realmente acredito que possa encontrar o que está procurando ou, ao menos, que esteja perto disso.

Aquelas palavras poderiam ter soado ofensivas, mas ele foi tão pragmático ao dizê-las, que Violet entendeu que ele não estava tentando insultá-la, apenas constatando o que era óbvio. E sendo honesto, o que era algo louvável, de certa forma.

— Não porque acredito que não tenho atributos próprios, — completou ele, reafirmando a percepção dela acerca do que estava sendo dito, o que foi um alívio. — mas porque em um país como esse, na sua idade, sem dote, é difícil que seja considerada como um partido adequado para a maioria dos cavalheiros que poderiam lhe interessar.

Era verdade. Cada palavra do que ele estava dizendo era verdade. Uma verdade dolorosa e cruel.

Em suas condições, era provável que Violet nunca encontrasse alguém. E se encontrasse... Bem, não seria o que ela gostaria.

— Eu não posso oferecer amor. — arguiu ele, antes que ela pudesse sequer sonhar que havia algo de romântico em tudo aquilo. — Não vou fingir que posso. Até poderia fingir, se fosse outra pessoa, mas simpatizo com a senhorita. Mas posso oferecer outras coisas e talvez possamos chegar em um meio termo. Algo que funcionasse para nós dois.

Violet piscou, aturdida.

Estava tão confusa que era difícil até mesmo tentar racionar.

— Basicamente está me oferecendo um casamento por conveniência. — falou ela.

Na verdade, as palavras estavam simplesmente saindo, como se Violet não fosse capaz de controlá-las.

Estava anestesiada diante de tantas informações sendo despejadas, tão honestamente, em seu colo.

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