Ian bateu três vezes na porta e não obteve nenhuma resposta. Pelos gemidos sôfregos, ele logo conseguiu deduzir o que estava acontecendo lá dentro. Não que fosse algo surpreendente. Era noite e fazia muito tempo que aquele quarto não era ocupado apenas por seu dono, sempre sendo o palco de um desfile incessante de mulheres.
Era triste.
Ian não deixava de se questionar quanto tempo Karev demoraria para superar e seguir em frente, mas já faziam seis anos. Talvez o dano tivesse sido mesmo irreversível.
Ele bateu outra vez, sendo novamente ignorado. Não era a primeira vez que algo assim acontecia, então ele não esperou muito para invadir o quarto.
— Karev. — chamou, meneando a cabeça em desconforto.
A mulher que estava em cima de Karev quebrou o encaixe, cobrindo do tronco para baixo com um lençol e deixando os seios a mostra.
— Oi Brenda. — Ian a cumprimentou.
Ela abriu um sorriso preguiçoso, a respiração ofegante.
— Olá Ian. Como estão seus filhos?
— Cada dia mais espertos. E o seu marido?
— Com dores de cabeça constantes.
Contrariado, Karev levantou da cama e se enrolou em um roupão, sem se dar o trabalho de fechá-lo.
Ian era sempre tão invasivo.
Um homem não podia buscar o próprio alívio sem ser interrompido?
Pelo amor de Deus, já era noite.
Qualquer que fosse a emergência, podia esperar até o amanhecer. O primo não tinha uma família para cuidar? Quantos filhos mais ele precisava ter para ficar ocupado o suficiente e não se lembrar de Karev?
— Seu pai quer falar com você. — Ian anunciou, o tom sério.
É claro que tinha um dedo do Laird nisso. Seu pai era prepotente o suficiente para achar que seus chamados deviam ser sempre atendidos imediatamente, não importava o quão inconvenientes fossem.
Karev ficaria feliz em ignorá-lo, mas tinha certeza que Ian não se importaria em passar a noite inteira ali até que ele cedesse e fosse até o velho.
— Estou no meio de algo, caso não tenha percebido. — Karev retrucou, procurando as próprias calças.
A porta se abriu e outra mulher entrou. Ela tinha ido buscar uma garrafa de vinho e voltou gloriosamente abastecida.
Aquela teria sido uma noite bastante divertida e talvez ele até conseguisse esquecer da própria infelicidade por alguns minutos.
— Oi Ian, — a moça cumprimentou o intruso. — não sabia que você participaria disso.
Karev finalmente conseguiu achar a roupa, que de algum modo tinha ido parar em cima da janela.
Interessante.
— Ele não vai. — Karev resmungou.
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O florescer dos lírios
RomanceNesse envolvente romance de época, três mulheres com personalidades diferentes se encontram e tem suas vidas mudadas enquanto embarcam em uma jornada de cura, autodescoberta e procura pelo amor.