Quando Violet desceu para tomar seu desjejum, Karev já estava a aguardando. Eles comeram na sala principal, junto com alguns outros poucos convidados. Conversaram diretamente um com o outro, o que foi suficiente para despertar olhares curiosos.
Quando estava prestes a se levantar, Violet se despediu de Karev, anunciando que iria caminhar pelo lago. Ele perguntou se poderia acompanhá-la, o que ela aceitou prontamente e, assim que uma criada veio trazendo os equipamentos de pintura de Violet, eles partiram.
Karev não deixou que Violet carregasse nada, o que ela achou muito gentil. Era uma dificuldade para ela levar todas aquelas coisas, as vezes fazia duas viagens ou levava criada consigo para não ter o risco de derrubar, mas nas mãos dele pareciam miniaturas, carregadas sem qualquer dificuldade.
Assim que ela escolheu a posição em que colocaria a tela, Karev a auxiliou na arrumação e depois tirou de dentro da casaca um pacote, em que continha alguns charutos.
A manhã foi passando de maneira agradável. Eles conversaram bastante e também ficaram em silêncio, ambas as coisas surpreendentemente agradáveis. Karev lhe contou um pouco mais sobre como era a vida na Escócia e sobre a resposta do pai de Violet, que havia sido entregue pela manhã, pelo mesmo emissário que Karev havia enviado na madrugada anterior. O Sr. Wesley não apenas havia aceitado o enlace, como parecia mais ansioso do que o próprio casal para que ele ocorresse o mais rápido possível. Violet achava que a ideia de um casamento rápido tinha lhe sido bastante satisfatória, assim o noivo não teria a chance de declinar. Era um insulto que não houvesse havido nenhum tipo de resistência, mas ela já estava acostumada com o comportamento dos pais. Além disso, logo não teria mais que lidar com eles. Sua antiga vida já começava a soar como uma lembrança distante e ela estava muito grata por isso.
Karev também parecia bastante satisfeito. Não nutria qualquer respeito pelos futuros sogros, mas a notável falta de caráter de ambos havia facilitado bastante as coisas para ele. Agora voltaria para a Escócia com um título reconhecido, uma esposa que cumpria todos os requisitos impostos por seu pai e, surpreendentemente, o agradava muitíssimo. Seria bom ter Violet ao seu lado na administração de seus afazeres. Ela era inteligente, astuta e parecia cada vez mais confiante. Seria uma grande pedra no sapato do irmão e da esposa, que reinavam no castelo como se tivessem algum direito de fato, sempre bajulando o velho laird, que era vaidoso o suficiente para se deixar influenciar.
Já estava na hora de Balmoral ser comandado por uma senhora legítima.
Camron e Aileen McColin teriam uma deliciosa surpresa.
— Já acabei. — anunciou Violet, levantando do banquinho.
Karev tragou um pouco do charuto e se aproximou para analisar a pintura.
Não se interessava por paisagens em geral, mas precisava admitir que havia certo encanto em presenciar uma tela em branco se transformar em algo tão bonito.
— Deixe-me ver. E essa parte em branco aqui no meio?
— Onde vou colocar você. — disse Violet, arrumando a caixinha com as tintas. — Ainda não o vi com seus trajes de guerreiro e preciso ver mais detalhes do brasão da nossa família.
Karev abriu um meio sorriso quase imperceptível. Era bom que ela pensasse e se referisse ao brasão da família daquela maneira, como integrante. Demonstrava sua boa vontade e extinguia qualquer receio de desistência que ele pudesse vir a ter.
— Não deveria pedir minha permissão para me pintar? — indagou ele, ainda analisando o quadro.
Violet se virou para ele, limpando os dedos com um pano umedecido.
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O florescer dos lírios
RomanceNesse envolvente romance de época, três mulheres com personalidades diferentes se encontram e tem suas vidas mudadas enquanto embarcam em uma jornada de cura, autodescoberta e procura pelo amor.