Capítulo 21

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Madeline fez o seu melhor para disfarçar e ser um bom apoio para a amiga, mas saber que Violet iria, muito provavelmente, se casar, a abalou profundamente.

Desejava a felicidade de Violet com todo coração, mas a possibilidade ficar sozinha, sem a amiga, acabou com ela. Por pouco ela quase irrompeu em um surto, dividida entre convencer Violet a não aceitar ou simplesmente chorar copiosamente para que ela não fosse embora, que não a abandonasse. Contudo, as palavras que ouvira da Srta. Dinevor na noite do bordel ressoaram em sua mente e ela não queria ser a pessoa egoísta que colocava a própria felicidade ou suas vontades acima da de outras pessoas.

Tinha refletido bastante nos últimos dias, mais do que gostaria de admitir, na verdade, e acabou percebendo que depois de passar a vida inteira ouvindo que era uma boa pessoa, talvez tivesse se esquecido de garantir que de fato era.

Mesmo com Violet, a quem amava tanto, ela tinha sido reiteradamente egoísta, passando por cima das vontades e pedidos da amiga e a expondo apenas para mostrar que era corajosa e fiel, quando na verdade, se fosse realmente ser honesta, estava apenas inflando seu próprio ego, na tentativa de provar que era capaz e destemida. E ela podia ser destemida. Podia negar pretendentes, fazer escândalos, ser impertinente. Era a filha mais velha de um conde rico com uma herdeira americana. Sua madrinha era uma duquesa. Além do dote, tinha sua própria fortuna, cuidadosamente separada pela mãe, que quis garantir que todos os filhos, incluindo as mulheres, estivessem bem encaminhados.

Violet, por outro lado, sequer tinha dote. E Madeline a arrastara, reiteradamente, para suas maquinações ostensivas.

Lembrou das vezes em que alguém insultava Violet e então Madeline tramava uma vingança grande e chamativa, fazendo as duas virarem os centros das atenções. E Violet sempre a pedia que não fizesse e ela sempre ignorava, como se os desejos da amiga não tivessem importância.

Deus do céu. Ela era uma tirana. Uma tirana bem intencionada, mas ainda assim uma tirana.

E agora, quando sua doce amiga estava tão perto de conseguir o que desejava e com chances ainda melhores do que poderia imaginar, ela só conseguia pensar em como ficaria solitária sem Violet.

Egoísta.

Estava com vergonha de si mesma, mas não tinha como corrigir o próprio caráter da noite para o dia. Por hora, tinha uma missão a cumprir e essa missão começava com uma conversa com Isabel antes do jantar.

Perguntou a uma das criadas onde lady Albernathy estava e ela lhe informara que sua senhoria descansava na sala de leitura. Madeline foi até lá e, após bater delicadamente na porta, a abriu.

Não sabia explicar exatamente o porquê, mas estava nervosa.


— Isabel? — indagou, ao ver a amiga sentada em um divã, trajando um vestido de gala, com as pernas para cima e um cacho de uvas sobre a barriga. — Você está bem?

Já era quase hora do jantar, então aquilo seria bastante incomum se Isabel não estivesse grávida. Mas em sua condição, mesmo que ainda não fosse totalmente perceptível, era engraçado.

Isabel sorriu ao ver Madeline e fez um gesto com a cabeça para que ela entrasse.

— Um pouco nauseada, mas nada demais. — respondeu. — Está precisando de algo?

Madeline ocupou uma poltrona na frente dela.

Estava contida, meio envergonhada, o que Isabel percebeu com certo estranhamento, mas não comentou.

— Não exatamente. — disse. — É meio estranho, mas no outro dia, quando estava na estufa, conheci um cavalheiro que estava aqui para a caçada, mas não o vi mais desde então.

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