Desde o incidente no bordel, Elena foi afastada de seus fazeres por dois longos dias, que vieram a calhar, já que sempre era muito exaustivo quando a casa estava cheia e ela já não passava tempo com Cléo há algumas semanas. Além disso, tinham sido agraciadas com a presença de Sebastian na tarde anterior, o que, para o bem da verdade, havia sido muito divertido.
Era impressionante quantas coisas ele sabia! Mesmo para um lorde bem educado, era muito. Conhecia os livros de cabeça. Falava sobre o tipo de escrita dos autores. Se empolgava contando anedotas acerca do processo de criação das obras.
E era tão gentil. E engraçado! Em determinado momento ele a fez rir tanto que ela sentiu a barriga doer.
Ela foi o caminho inteiro do chalé até a propriedade pensando nele e na tarde que tiveram. Ficava relembrando um momento específico, em que ele estava deitado sobre os cotovelos, deixando o sol banhar seu rosto, e então voltou o rosto na direção dela, e, devido a iluminação, os olhos brilhavam como safiras e o cabelo parecia estar em chamas, esvoaçando com o brisa suave.
Parecia um anjo caído.
Lembrava das histórias sobre o lindo anjo que desafiou Deus e teve suas asas cortadas. Era um querubim, relegado ao inferno por suas infâmias. Ainda assim, permanecia lindo.
Era como Sebastian. Um anjo caído.
Adentrou a casa pela cozinha e foi recebida com muito carinho por suas colegas de trabalho. Elas a atualizaram sobre dois ou três acontecimentos, o que a fez lembrar de suas duas ladys, de quem, supreendentemente, ela havia sentido saudades.
Pegou algumas roupas de cama novas, que precisavam ser trocadas, e subiu em direção a ala dos quartos. Antes que pudesse chegar até lá, entretanto, ouviu uma voz a chamar animadamente, em um tom alto demais.
— Elena! — anuiu Sebastian. — Você voltou!
Ela estava nos primeiros degraus da escada e, como
ainda era muito cedo, criados passavam de um lado para o outro.Elena pausou o passo e respirou fundo, se voltando para ele.
— Lorde Plimont. — ela reverenciou brevemente, o repreendendo com o olhar, então meneou a cabeça em direção a um saleta ao lado, onde nunca tinha ninguém.
Ela foi até lá e ele a acompanhou.
— Está ficando maluco? — grunhiu Elena, dando um tapa no ombro dele. — Não pode falar assim comigo na frente dos outros criados.
Ele fez uma cara de menino travesso que ela odiou.
— Isso doeu. — reclamou, mesmo sendo mentira.
— Foi para doer. — retrucou Elena.
— Você é uma coisinha bastante irritante, sabia? — indagou Sebastian, puxando levemente a liga da touca dela.
Não gostava de vê-la usando aquilo. Mas no momento só o fez por implicância.
Ela deu um tapa na mão dele e arrumou a touca novamente.
— Não fale comigo na casa. — disse ela.
Sebastian franziu o cenho, ultrajado.
— Nem na biblioteca? — indagou, como uma criança mimada cujo os pais haviam tirado o doce.
Elena respirou fundo.
— Tudo bem. Na biblioteca. Se não tiver ninguém.
Sebastian sorriu, parecendo Satisfeito.
— Terminou de ler o livro? — inquiriu ele.
Ela sorriu, se lembrando da parte da história em que tinha parado. Uma linda carta escrita pelo mocinho.
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O florescer dos lírios
RomanceNesse envolvente romance de época, três mulheres com personalidades diferentes se encontram e tem suas vidas mudadas enquanto embarcam em uma jornada de cura, autodescoberta e procura pelo amor.