Karev já estava pensando em deixar os jardins, quando avistou uma capa de veludo branco vindo em sua direção. Poderia dizer com total convicção que nunca tinha ficado esperando mais de uma hora por uma mulher. Mas a Srta. Wesley não era qualquer mulher. Ela, muito provavelmente, seria sua esposa. E esperar uma hora por uma esposa não era nada.
Quando ela se aproximou, Karev notou que parecia abatida. Ele quis perguntar, mas não sabia exatamente como. Ela havia o acusado de ser grosseiro e ele prometeu que iria melhorar. Não sabia se os ingleses costumavam pergunta sobre sentimentos. Por via das dúvidas, se absteve.
— Achei que não viria. — disse.
— Desculpe. — falou Violet, terminando de tirar o capuz da capa. — Eu tive um contratempo.
— É claro.
Ele devia perguntar? Ele queria saber. Estava desesperado para saber o que havia a deixado tão abatida. Será que havia sido maltratada? Ou tinha sido flagrada por alguém? Ou algum homem poderia tê-la "abordado" no caminho e então ele teria que matá-lo, o que estragaria a noite ou pior, ela o acharia rude?
Ele se prendeu na terceira possibilidade. Tinha dito a Srta. Wesley que se comportaria, mas só de pensar que alguém poderia ter tocado nela... Ele não tinha opção, teria que matá-lo. Não simplesmente matá-lo, é claro. Precisaria vê-lo sofrendo primeiro, porque agora sua doce futura noiva estava com os olhos triste.
Que alternativa ele tinha?
— Parece aflito, sr. McColin. — comentou Violet, sentando em um dos bancos. — É por que achou que eu não viria?
Havia um toque de humor na última indagação, o que o fez relaxar. Ela não estaria assim se algo do que ele imaginou tivesse acontecido.
— Não muito confortável ficar esperando aqui fora. — desconversou ele.
— É claro. Me desculpe.
Ele meneou a cabeça, afirmando que estava tudo bem.
— O senhor disse que poderíamos negociar os termos do casamento, — começou Violet, sem rodeios. — mas sei que devem haver coisas que são inegociáveis. Há algumas pra mim também. Gostaria de começar por isso.
Ela parecia bastante pragmática. Não a imaginava em uma reunião de negócios, mas se fosse imaginar, com certeza era aquela postura que ela adotaria.
— Amor. — disse Karev, porque aquela era a parte mais importante do acordo. Ela precisava saber que não era um casamento por amor. — Como eu disse a senhorita, eu não posso oferecer amor. Não é nada pessoal. Não poderia oferecer a ninguém.
Ela não esboçou nenhuma reação de surpresa, apenas concordou.
— Entendo.
— Preciso de dois herdeiros, — continou ele. — então precisaremos cumprir nossas obrigações conjugais, mas não consigo estar em um arranjo exclusivo.
Violet franziu a testa, confusa. Não sabia se havia entendido corretamente.
— Não consegue estar em um arranjo exclusivo? O que quer dizer?
Karev se sentiu desconfortável. Quando partiu para a Inglaterra tinha muito certo em sua cabeça todos esses pontos, mas agora, diante da Srta. Wesley, ele não se sentia tão seguro deles. Como poderia dizer a ela que planejava continuar dormindo com outras mulheres? Se fosse outra pessoa, isso nem o incomodaria. A maioria dos casamentos tradicionais entre nobres eram assim, mas com Violet... Parecia errado.
Talvez fosse porque a desejava. Por isso ela tinha sido descartada de início. Não devia desejar a mulher com quem fosse se casar. Mas ele se conhecia. O desejo ia passar, ele ia ficar entediado e voltaria para os velhos hábitos.
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O florescer dos lírios
RomanceNesse envolvente romance de época, três mulheres com personalidades diferentes se encontram e tem suas vidas mudadas enquanto embarcam em uma jornada de cura, autodescoberta e procura pelo amor.