Capítulo 22

190 26 62
                                    

Nicholas achava que de certa forma tinha conseguido um avanço em sua relação com Madeline naquela tarde, quando ficaram presos na gruta. Ao menos tivera a chance de falar com ela, ouvir seu coração bater. Sabia que ela estava decidida a rejeitá-lo, mas se conseguissem conversar, se ele pudesse explicar...

Não que houvesse uma grande explicação. Ele não havia planejado aquilo. Quando saiu em sua primeira viagem, era só uma experiência diferente. Depois virou uma paixão. E eles eram tão jovens, parecia haver tanto tempo pela frente.

Sabia que a amava, é claro, mas isso era suficiente? Ele teria sido capaz de fazê-la feliz? Lembrava de si mesmo a cinco anos atrás, imaturo, inconsequente, inseguro. Não tinha nenhuma noção sobre si mesmo. Não sabia quem era. E depois, quando voltava achando que estava pronto, percebia que não havia chegado nem perto. Então partia novamente. Não sabia o que estava procurando, mas sabia que não podia ficar. Não ainda.

Quando se esbarraram no café Madeline tinha 16 anos. Em seu debút, para o qual ele havia feito questão de vir, ela tinha 17. Ele tinha acabado de completar 20. Eram crianças.

Como ele poderia ter sido responsável por ela? Como poderia tê-la protegido? Naquele tempo, ele não sabia como fazer isso e por muito tempo continuou não sabendo. Se manteve esforçado nada tentativa de virar o homem que ela merecia, alguém digno de tê-la, e agora, aos 25 anos, sentia que estava o mais perto quanto era possível. E havia chegado o momento de ser honesto.

O problema, o grande problema, é que os sentimentos de Madeline por ele eram tão fortes quanto os que ele nutria por ela e, sendo Madeline quem era, não foi calma e resoluta em relação a ausência dele. Ela o observou, ela descobriu coisas, ela se magoou. Ele a magoou.

Tentou criar experiência, saber o que fazer quando finalmente estivesse com ela. Queria fazê-la se apaixonar por ele, sendo quem era agora, e não apenas se contentar com o amor juvenil que tinha nascido entre pessoas que ambos não eram mais. Eles haviam crescido, amadurecido, criado novos gostos, novas perspectivas. E Nicholas estava ansioso para partilhar tudo isso com Madeline e estava ansioso para que ela partilhasse com ele.

Mas nada era tão simples assim. Ele errou ao não compartilhar com ela suas motivações quando pode e agora ela iria puni-lo. Madeline era assim. E ele não se importava.

Teria que merecer o perdão dela e o faria. Aquela tarde tinha sido apenas o começo.

Sorriu levemente enquanto bebericava uma taça de vinho do Porto com os homens em uma saleta separada após o jantar, assim como de costume, antes que se juntassem as damas.

Lembranças dela, tão próxima, tão gloriosamente linda, pairavam em sua mente. E durante o jantar, as piadas, as respostas fugazes... Madeline era como uma musa. Intensa, verdadeira, magnética. Era impossível não ser cativado por ela.

— No que está pensando? — indagou Sebastian, que estava ao lado dele, montando sequências com um baralho.

Nicholas se empertigou levemente.

— Por que a pergunta?

— Está sorrindo. — disse Sebastian, sem tirar a atenção das cartas.

— Talvez eu esteja muito feliz por estar aqui degustando esse delicioso e caro vinho do Porto com meu amado primo.

Sebastian o encarou com uma expressão de pouco caso.

— Então fiz algo bom por você o deixando sozinho com a garota Turner? — indagou.

O florescer dos lírios Onde histórias criam vida. Descubra agora