Capítulo 17

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Karev estava a quatro dias na Inglaterra e já estava morrendo de tédio.

Que lugar mais enfadonho.

Os jantares eram silenciosos, a caçada era monótona e até o resgate que fizera três noites antes tinha sido chato.

Albernathy ainda não havia oficializado nada em relação ao reconhecimento do título e Karev estava tentando ser compreensivo, já que as circunstâncias justificavam o atraso. De qualquer maneira, teria que ficar ali até o final da semana. Iria procurar uma noiva entre as inglesas e só voltaria para a Escócia levando a futura esposa consigo. Não tinha motivos para apressar o diplomata, embora sua aversão à Inglaterra o fizesse esquecer disso a cada dez minutos.

Acordou com a cabeça latejando, preso em um sonho muito vívido que tivera durante a noite anterior. O mesmo sonho que o atormentava desde a primeira noite.

Não sabia quem eram suas noivas em potencial, mas sabia quem não era.

Abriu as cortinas para fitar o céu em todo seu esplendor matinal, mas se arrependeu no momento em que foi arrebatado pela cor. A neblina o deixara escuro, em um tom de cobalto maravilhosamente familiar. O mesmo que estivera em seus sonhos, pintando aquarelas enquanto sorria para ele.

Era um pesadelo. Um verdadeiro e horrível pesadelo.

A quanto tempo não tinha o sono ocupado pela imagem de uma mulher?

Quatro anos, pensou. Quatro longos anos.

E era por isso que, dentre as inúmeras pretendes que poderia ter, a Srta. Wesley não estaria inclusa.

Qualquer mulher que o fizesse sonhar tão vividamente deveria ser evitada por completo.

Além disso, ela estivera com lorde Plimont após o jantar na noite anterior, o que significava algum tipo de corte ou flerte. Não que o irmão de lady Albernathy parecesse o tipo que corteja alguém, mas considerando os sorrisos que disparara na direção da Srta. Wesley, era possível que ela tivesse conseguido mudar isso.

Não que isso fosse da conta dele. Karev não se importava com quem era ou não cortejado. Ele tinha coisas mais importantes para se preocupar. Coisas essas que o levaram até lady Albernathy naquela manhã.

— Lady Albernathy. — bateu na porta da sala de leitura, onde avisaram que a lady estava tomando seu desjejum.

— Lorde McColin. — ela fez um gesto para que ele ocupasse a cadeira a sua frente, começando a servir outra xícara de chá.

— Ainda não. — disse Karev.

— Perdão? — indagou ela, entregando-lhe a xícara fumegante.

— Meu pai ainda não morreu. — esclareceu ele.

Lady Albernathy o encarou, fitando-o com uma expressão indisfarçadamente avaliativa.

— Nesse caso, — começou ela, abrindo um sorriso cauteloso. — espero que ele se recupere.

Karev arqueou uma sobrancelha.

— Pelo menos um de nós. — ironizou ele.

— Não sei onde meu marido está, senhor. — disse a lady, frisando propositalmente o honorífico.

Naquele momento Karev decidiu que gostava dela.

Lady Albernathy possuía uma ferocidade que não era nada inglesa.

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